FHC e Alckmin selam pacto e definem ajuda para Serra









FHC e Alckmin selam pacto e definem ajuda para Serra
Em jantar, governador sugere que inserções na TV em SP exibam ministro

Depois de semanas trocando farpas devido à crise da segurança pública no Estado de São Paulo, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) encontrou-se na última segunda-feira com o presidente Fernando Henrique Cardoso.

O objetivo do encontro era acabar com as divergências públicas entre os dois tucanos, centrando esforços no principal projeto do partido neste ano: a eleição de José Serra, que passa necessariamente por São Paulo, maior colégio eleitoral do país.

Sob sigilo, Alckmin desembarcou em Brasília no começo da noite e voltou para São Paulo na madrugada do dia seguinte.

Enquanto FHC e o governador reuniam-se no Alvorada, as bancadas federal e estadual do PSDB faziam a sua "lição de casa", tentando afinar discurso em torno da crise de segurança pública.

Após a reunião com Alckmin, FHC pediu que Serra se juntasse a eles em um jantar, no qual foram definidas algumas estratégias de divulgação de sua pré-campanha.

Por sugestão de Alckmin, ficou decidido que a Executiva estadual tucana destinará todas as inserções partidárias a que o PSDB tem direito em fevereiro para divulgar a imagem do ministro.

Alckmin e FHC estavam com a relação desgastada desde o assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT). Na ocasião, o governador tentou compartilhar a responsabilidade pelo fato com o governo federal, o que irritou o presidente.

O primeiro sinal público de paz foi o discurso do presidente sobre o balanço de seu governo, na última quarta. Diante de seus ministros, FHC disse: "Quero declarar em alto e bom tom: "Todos somos responsáveis em relação à segurança pública. Todos, eu quero dizer os governos federal, estadual e municipal'".

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Ao destinar as inserções estaduais a Serra, os tucanos demonstraram que o momento agora é de centrar esforços na tentativa de fazer com que a candidatura do ministro decole. Serra tem apenas 7% das intenções de voto, segundo a última pesquisa Datafolha, divulgada em janeiro.

Dentro do próprio partido há tucanos que ameaçam desembarcar da pré-candidatura de Serra, caso o ministro não deslanche nas pesquisas de intenção de voto.

A cúpula do PSDB corre atrás do prejuízo que causou o efeito Roseana Sarney, presidenciável do PFL, que teve destaque em todas as inserções de seu partido. A governadora do Maranhão é a pré-candidata governista mais bem situada nas pesquisas: tem 21% das intenções de voto.

Hoje Serra já deve aparecer em sua primeira inserção em São Paulo. O comercial de 30 segundos, produzido pelo marqueteiro Nelson Biondi, explora a biografia do presidenciável, como o fato de o ministro ser economista.

Será o mesmo comercial que deveria ter sido veiculado ontem nas inserções estaduais do partido no Estado do Paraná.

Antes de ceder o tempo estadual para Serra, a prioridade de Alckmin era usar parte dos filmetes para exibir suas ações na área da segurança pública, grande fragilidade de seu governo.

O governador paulista é pré-candidato à reeleição e tem interesse em divulgar suas iniciativas.

Em campanha
Ontem, durante a inauguração do Centro de Oncologia Osvaldo Leite Cruz, em Aracaju (SE), Serra lançou críticas aos que, em sua visão, não "sabem reconhecer o que há de bom" nas realizações do governo federal, em especial em seu ministério.

Cumprindo agenda de candidato e ministro, Serra disse que "essas mesmas pessoas não propõem mudanças realistas para o futuro". Sem dizer nomes, o ministro afirmou que há "outros que falam, prometem tudo, mas nós sabemos que, se tiverem oportunidade, tudo vai ficar na mesma". Questionado sobre o alvo das críticas, o presidenciável afirmou: "Cabe a vocês identificar".

O governador de Sergipe, Albano Franco (PSDB), que estava com o ministro, pediu votos. "Serra é um homem sério, sóbrio, sem demagogia, sem assistencialismo, e é disso que o povo brasileiro precisa", afirmou.
À noite, em horário nobre, Serra teve outra oportunidade de aparecer na TV. Desta vez, como ministro da Saúde, o pré-candidato falou sobre a impressão de fotos nos maços de cigarro que mostram o mal causado pelo fumo. Ele ficou 1,5 minuto no ar.


Arruda aparece em palanque com FHC
Governador chama pefelista de "eterno senador"

Ex-líder do governo no Senado, José Roberto Arruda (PFL-DF, ex-PSDB), que renunciou ao mandato de senador após envolvimento no caso da fraude do painel eletrônico, subiu ontem, pela primeira vez após deixar a Casa, no mesmo palanque que o presidente Fernando Henrique Cardoso.

Arruda foi chamado de "eterno senador" pelo governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e elogiado pela prefeita do Novo Gama (GO), Sônia Chaves de Freitas (PSDB). FHC, que já recebeu Arruda no Palácio da Alvorada após a renúncia, nem citou o nome do ex-líder durante seu discurso.

O ex-senador esteve na inauguração de um Ciops (Centro Integrado de Operações de Segurança) no Novo Gama, cidade do entorno do Distrito Federal, seu reduto eleitoral.

Preparando-se para concorrer a uma vaga à Câmara, Arruda negou que estivesse em campanha. Conversou e cumprimentou moradores, que disseram palavras de apoio. Faixas com seu nome foram espalhadas pela cidade de Novo Gama, um dos municípios mais pobres da região.


Pela terceira vez, governo anuncia o vale-gás
O governo anunciou ontem, pela terceira vez em dois meses, o Auxílio-Gás -benefício de R$ 7,50 por mês que será pago a 9,3 milhões de famílias até o final do ano. Os anúncios anteriores haviam sido feitos pela área técnica do Ministério de Minas e Energia. Ontem, participaram do evento três ministros: José Jorge (Minas e Energia), Paulo Renato (Educação) e Pedro Parente (Casa Civil).

O tom político do anúncio ficou por conta do discurso do ministro Paulo Renato (PSDB). "Vamos conseguir reduzir paulatinamente a pobreza com esses programas de transferência de renda", disse. Acrescentou que, com programas como o Auxílio-Gás e o Bolsa-Escola, as "transferências diretas de renda" vão chegar a aproximadamente R$ 3,5 bilhões por ano.

O Auxílio-Gás faz parte da "rede de proteção social", um conjunto de projetos usados como principal bandeira do último ano de mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso.

O dinheiro para o pagamento -R$ 950 milhões por ano- virá da cobrança do imposto sobre importação de combustíveis.

A única novidade do anúncio de ontem foi a data do início do pagamento do benefício: na terceira semana de fevereiro para 4,8 milhões de famílias que já estão cadastradas no Bolsa-Escola.

O Auxílio-Gás foi criado para evitar que o fim do subsídio ao gás de cozinha significasse aumentos de preço muito grandes para a população de baixa renda.

No anúncio, o presidente da Caixa Econômica Federal, Emílio Carazzai, presente na cerimônia, aproveitou para dizer que o governo pretende dar conta bancária para cerca de 11 milhões de clientes do banco federal que hoje apenas recebem benefícios.

A conta será simplificada -Conta Eletrônica Simplificada- e terá de quatro a seis operações: depósito em conta corrente e conta poupança, saques e movimento de conta. Ela será movimentada apenas com cartão magnético e até um limite de transações não será cobrada tarifa.


Quércia admite apoiar Lula ao Planalto e Genoino em SP
Ex-governador diz buscar "alternativas" se PMDB não tiver candidato

O ex-governador de São Paulo Orestes Quércia admitiu ontem que poderá apoiar a candidatura presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva e a de José Genoino (PT) ao governo estadual caso o PMDB não lance um nome próprio ao Planalto.

Opositor do governo federal, Quércia não pretende seguir a orientação da direção do PMDB caso prevaleça a tese, hoje mais provável, de apoio à candidatura de José Serra (PSDB).

No último dia 23 de janeiro, Quércia almoçou com Lula, em encontro do qual também participou o deputado federal Luiz Antônio Medeiros (PL).

Ontem, após se reunir com o ministro Raul Jungmann (Desenvolvimento Agrário), pré-candidato a presidente do PMDB, o ex-governador declarou que almoçou com o petista porque precisa "buscar alternativas".
"O fato de haver conversas é natural. Temos a responsabilidade de ter outras alternativas caso ocorra o drama de não termos candidato", disse.

Questionado se a "alternativa" seria Lula, ele disse: "Poderia ser".

A ala oposicionista do PMDB teme que a cúpula governista do partido impeça a realização de prévia para escolher o candidato a presidente, em tese a ser disputada por Jungmann, Itamar Franco (governador de Minas) e Pedro Simon (senador gaúcho).

Tanto que procura viabilizar uma convenção extraordinária para o início de março, com o objetivo de garantir que a prévia tenha mesmo validade, evitando o apoio aos tucanos. Ontem, Jungmann defendeu a convenção extraordinária.

Os petistas, por outro lado, buscam alianças pontuais com peemedebistas descontentes, como Quércia e Itamar.

O ex-governador paulista, que preside o diretório estadual do PMDB, afirmou que, enquanto não houver uma definição sobre qual o caminho a ser seguido pelo partido, as conversas com Lula ficarão congeladas.
Ele deixou aberta ainda a possibilidade de apoiar o PT também na esfera estadual.

Quércia afirmou ter a "disposição" de ser candidato a governador, mas demonstrou que poderá mudar de idéia se o PMDB não tiver um presidenciável para puxar o voto na legenda.

"Se o PMDB não tiver candidato a presidente, poderei ser a governador. Mas aí vamos avaliar. Por isso é que existem conversas", disse, em nova referência ao almoço com Lula.

Ex-adversários, o PT e Quércia aproximaram-se recentemente pelo fato de fazerem oposição ao PSDB. O ex-governador admite que a negociação enfrenta dificuldades tanto no PT como no PMDB. "Há problemas, há uma história de dissensões. Por isso é que precisa conversar", afirmou.

Altos e baixos
A relação de Orestes Quércia e Lula tem um histórico de altos e baixos. Ambos já trocaram acusações e amabilidades.

Em 1986, quando o peemedebista era governador, o petista declarou que "Quércia representa essa porcaria que aí está."

O tom subiu em 1994, quando ambos disputaram a Presidência. Criticando a suposta falta de experiência do petista, Quércia disse: "O Lula nunca dirigiu nem um carrinho de pipoca".

Em resposta, Lula, declarou, em referência a acusações de corrupção contra o ex-governador: "É verdade que nunca dirigi um carrinho de pipoca mas também nunca roubei pipoca".

Quatro anos mais tarde, a relação já era outra. "Apoio a gente não recusa de ninguém", disse Lula, sobre ajuda de Quércia à sua campanha presidencial. O ex-governador retribuiu: "O Lula eu respeito e admiro. É um lutador".


PSDB vê pouca chance de Jarbas ser vice de Serra
O PSDB duvida da possibilidade de o governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos (PMDB), aceitar compor a chapa do tucano José Serra na condição de candidato a vice-presidente, mas o PFL pernambucano continua trabalhando com a hipótese de afastamento do governador.

Jarbas prometeu empenhar-se pela candidatura de Serra, mas ainda não respondeu se aceita participar da chapa. Ele hesita porque teria uma reeleição praticamente assegurada ao governo pernambucano. Além disso, seria o único nome capaz de unir PMDB e PFL no Estado.

Ao disputar a reeleição, Jarbas asseguraria também a eleição do vice-presidente Marco Maciel (PFL) para uma das duas vagas ao Senado. Na hipótese de Jarbas aceitar ser vice de Serra e deixar o governo para disputar a eleição, o candidato pefelista será o vice-governador Mendonça Filho.

Sem Jarbas, o PSDB trabalha com duas outras alternativas: o senador Pedro Simon (RS), que é pré-candidato no PMDB à Presidência, e o ministro Roberto Brant (Previdência), que é do PFL de Minas Gerais.

Minas é o segundo maior colégio eleitoral do país e, por isso mesmo, objeto da cobiça de qualquer candidato a presidente. Entretanto, a opção pelo PFL só terá viabilidade se Roseana Sarney não sair candidata pela sigla. Mas tanto a solução mineira quanto a gaúcha restringem a candidatura de José Serra no Nordeste, onde enfrenta problemas.

No maior colégio eleitoral da região, a Bahia, Serra sofre a oposição do ex-senador Antonio Carlos Magalhães, que ainda é forte no Estado. E no Ceará o governador Tasso Jereissati dá sinais de pouco empenho pela candidatura do tucano paulista. Daí o empenho por um nome de peso como Jarbas Vasconcelos para companheiro de chapa.

Saída
O pré-candidato do PSDB à Presidência, José Serra, resolveu adiar sua saída do Ministério da Saúde, que estava marcada para o próximo dia 20. Serra deve ficar até o dia 22, uma sexta-feira, e só reassumirá o Senado na segunda-feira seguinte, 25.

A equipe de Serra julgou conveniente deixar a volta de Serra ao Senado para depois da convenção do PSDB, no dia 24, na qual ele será ungido como pré-candidato da sigla à Presidência nas eleições de outubro.
Ao adiar sua saída e também o retorno ao Senado, Serra deverá ficar o fim de semana inteiro e o início da semana seguinte no noticiário.

Balanço
Na saída do ministério, o pré-candidato tucano deve fazer um balanço de suas atividades na Saúde. Provavelmente anunciará uma queda expressiva no índice de mortalidade infantil, que ele pediu para o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) recalcular. Quer ter segurança do número a ser apresentado.


Marqueteiros criam "eleição falsa", diz Itamar
Em má fase nas pesquisas de intenção de voto à Presidência, o governador de Minas Gerais, Itamar Franco (PMDB), acusou ontem os marqueteiros de estarem criando uma "eleição falsa", em que não candidatos, mas "bonecos" seriam os protagonistas.

Apesar de não ter citado nomes, o governador deu a entender que se referia à disputa que PSDB e PFL travam para ter durante a campanha presidencial o publicitário Nizan Guanaes.

"Os marqueteiros estão levando o país a um caminho não-democrático. É preciso voltar ao processo mais puro, que era quando o candidato expunha realmente o que ele era", afirmou, completando: "Não pode é vestir o sujeito de terninho bonitinho, maquiá-lo, pintar os olhos, talvez até pôr uma lente azul ou verde. Tudo isso dá uma imagem irreal ao eleitor".

O governador trava uma disputa com a cúpula do PMDB -que prefere compor, nacionalmente, com outro partido- para tentar ser o candidato da legenda à Presidência, mas não vem demonstrando fôlego nas pesquisas. De acordo com o Datafolha, Itamar tinha 11% das intenções de voto em setembro e 6% em janeiro.
Questionado se estaria criticando indiretamente a governadora Roseana Sarney (PFL-MA), disse que não se referia a "A ou B", mas cometeu um ato falho ao dizer que que esta é uma "eleição falsa". "Esta vem se tornando uma eleição falsa, já que não representa a realidade, representa um homem e uma mulher que estão sendo preparados e que jogam, às vezes, suas idéias, mas amanhã não têm como colocá-las na prática quando exercerem o cargo", disse.

Campanha
Apesar de defender um retorno a um "processo mais puro" e de dizer que nunca se adaptou a um marqueteiro, Itamar recebeu ontem a notícia de que o PMDB mineiro já tem pronta a campanha dele para a prévia do partido, marcada para 17 de março. A propaganda inclui cartazes, bonés, santinhos e i nserções na TV e no rádio. Segundo peemedebistas, o financiamento estaria partindo de pessoas do grupo do vice, Newton Cardoso, que tem por objetivo limpar o caminho para sua candidatura ao governo do Estado.

Além da campanha, os itamaristas ainda tentam reunir as assinaturas necessárias para a convocação de uma convenção extraordinária para o próximo dia 3. O objetivo seria deixar claras as regras da prévia e evitar eventuais "rasteiras" da cúpula nacional.


Artigos

Ele merece
Clóvis Rossi

SÃO PAULO - Devo confessar, em especial aos admiradores incondicionais do presidente da República, que, vira e mexe, faço um exame de consciência para verificar se não estou sendo exagerado ou impiedoso nas críticas que eventualmente faço a Fernando Henrique Cardoso.

O fato de dispor de um espaço diário (exceto às segundas-feiras) e de poder preenchê-lo com absoluta liberdade é, a um só tempo, muito agradável e muito perigoso. Pode levar a uma certa sensação de onipotência, à repetição de certezas que, de repente, podem ter ficado obsoletas.

Aos amigos tucanos, costumo dizer, brincando, que vale aquela história (perdão pelo politicamente incorreto) da mulher de malandro: eu até posso não saber por que estou batendo (no presidente), mas ele certamente sabe por que está apanhando.

Pois bem, sete anos, um mês e seis dias depois da posse, o próprio presidente acaba de eliminar qualquer dor de consciência que eu eventualmente possa ter tido.

Reconheceu (como se necessário fosse) que "há muitos pobres no Brasil". Ora, qual é o parâmetro mais adequado para medir uma administração? Não é o que o seu chefe prometeu na posse?

Volto, então, ao discurso de posse de FHC, no dia 1º de janeiro de 1995. Anunciava justiça social como "objetivo número um" de seu governo e pedia "um grande mutirão nacional, unindo o governo e a sociedade, para varrer do mapa do Brasil a fome e a miséria".

Com 31,7% de pobres, dos quais 12,7% são indigentes, nem a mais deslumbrada Polyana diria que a promessa foi cumprida, certo?

Que ninguém pense que me alegro por ter passado no mais rigoroso exame de consciência. Doeria menos dar o braço a torcer do que ver todos os dias, nas ruas da cidade, cenas explícitas do descumprimento das promessas de posse.


Colunistas

PAINEL

Poder de persuasão
FHC convenceu quatro ministros a continuar no governo e a não disputar a eleição. A maior surpresa é Pratini de Moraes (Agricultura), que se dizia candidato à Presidência pelo PPB.

Opção pragmática
Ney Suassuna (Integração), que disputaria o governo da PB, deverá ficar no ministério. Pesquisas mostraram que teria pouca chance na eleição. José Jorge (Minas e Energia) e Martus Tavares (Planejamento) também permanecerão no DF.

Cinco dedos
O governo desistiu de incluir na publicidade oficial os cinco "erres" de FHC: real, reforma agrária, responsabilidade fiscal, reforma do Estado e rede de proteção social. FHC achou que poderia ser associado a outro "erre" -o de Roseana Sarney.

Só na boa
Roseana não irá ao Sambódromo ver o desfile da Grande Rio, que homenageará o MA. Prometeu a Joãosinho Trinta ir ao Rio caso a escola se classifique para o desfile das campeãs.

Linha direta
Uma delegação do Ministério Público, que investiga as contas de Paulo Maluf em Jersey, irá à Suíça em março para pressionar o governo local a enviar documentos que, segundo os promotores, seriam provas definitivas contra o pepebista.

Barreira externa
Em conversa com o prefeito de Genebra (Suíça), Manoel Tornare, os promotores disseram que "o governo suíço, pressionado por forças obscuras, está colocando obstáculos à remessa dos documentos ao Brasil".

Ex-companheiros
Antônio Lavareda enviou uma carta ontem a Cid Gomes, ironizando o tom da resposta do irmão de Ciro a uma análise que fez da conjuntura política: "Prefiro acreditar que o sr. não leu a avaliação e que manifestou uma irada, fraternal e injustificada solidariedade ao seu candidato".

Retrato falado
A Farb, suposto grupo que ameaça políticos do PT, enviou fotografias dos seus ditos "comandantes" -"Ortega" e "Barros"- para os prefeitos Antônio Palocci (Ribeirão Preto) e Elói Pietá (Guarulhos). Os dois aparecem com metade do rosto coberta por um gorro.

Novas ameaças
As fotografias estão sendo periciadas pela Polícia Civil, assim como a nova leva (a terceira) de cartas da Farb enviadas a dez prefeituras e políticos do PT. O deputado Aloizio Mercadante (SP) entregou à Polícia Federal a correspondência que recebeu.

Forçando a barra
Nas cartas, a Farb diz para Heloísa Helena, da esquerda do PT, a quem chama de "cara amiga", "ficar tranquila", pois os e-mails ameaçadores que ela recebeu no Senado não teriam partido do suposto grupo. Pela primeira vez, também ameaçam matar políticos de "centro-direita".

Aproximação cuidadosa
Lorenzo Perez e Geoffrey Bannister, representantes do FMI, procuraram dias atrás o ex-governador Cristovam Buarque (PT-DF) em Brasília com a intenção de obter um relato sobre a atual visão do partido de Lula sobre a instituição.

Consulta necessária
Resposta de Cristovam Buarque (PT-DF) ao FMI: "A posição é ambígua, Alguns acham que o FMI deveria ser extinto. Outros, como eu, acham que o fundo é como médico de próstata. Depois dos 50 anos, é preciso visitá-lo uma vez por ano".

Punição interna
O pleno do Tribunal de Justiça do Ceará confirmou ontem o afastamento dos desembargadores Ernani Barreira e Edmilson Cruz, suspeitos de tráfico de influência. A decisão esvazia defesa que o procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, faz dos desembargadores.

TIROTEIO

Do deputado federal José Genoino (PT), candidato ao governo de São Paulo, sobre o discurso de FHC na reunião ministerial de anteontem:
- Eu tive a sensação de que Fernando Henrique Cardoso estava fazendo o discurso de posse, em 1995. Mas não era isso. Era só o presidente acordando tarde para a violência e a exclusão social no país.

CONTRAPONTO

Fé eleitoral
O presidenciável Anthony Garotinho (PSB-RJ) esteve ontem em campanha em Ribeirão Preto, no interior de SP.
Garotinho tornou-se evangélico anos atrás e até já escreveu um livro para contar sua conversão do catolicismo à Igreja Presbiteriana do Brasil. Ele diz ter tido a "revelação" após um grave acidente de carro.
Na campanha, o governador do Rio de Janeiro tem recebido manifestações de apoio de igrejas evangélicas.
Ontem, em Ribeirão Preto, durante uma palestra, alguém quis saber do governador se ele não temia sofrer rejeição do eleitorado pelo fato de o Brasil ser um país de ascendência católica.
Anthony Garotinho aproveitou a pergunta para dar uma alfinetada em FHC:
- O Brasil já elegeu duas vezes um presidente que se diz ateu. Por que não vai eleger um que se diz cristão?


Editorial

AJUSTE INDUSTRIAL

Os dados relativos ao desempenho da indústria brasileira no ano passado, divulgados pelo IBGE, confirmam o forte ajuste nesse motor do crescimento econômico. A crise argentina, a desvalorização cambial e a desaceleração mundial explicam boa parte do desempenho sofrível no ano passado, quando 13 entre 20 subsetores industriais passaram por uma retração. Mas, além dos fatores externos, pesou a política de juros muito altos.

Houve uma expansão no ano passado (1,5%). Mas o real significado desse indicador só aparece quando comparado à taxa de crescimento no ano anterior: 6,6%. Foi um tombo.

Os setores que mais sofreram foram os que dependem da demanda de consumidores e assalariados: têxtil (-5,7%) e de vestu


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