FHC manda intervir nos preços do gás de cozinha









FHC manda intervir nos preços do gás de cozinha
Governo pode fixar preço máximo do GLP e incluir o dos combustíveis

O presidente Fernando Henrique Cardoso determinou uma intervenção no preço dos combustíveis, a fim de diminuir especialmente o custo do gás de cozinha.

O governo deverá fixar preços máximos para gás de cozinha, podendo incluir também o dos combustíveis. O ministro da Casa Civil, Pedro Parente, anunciou que até o final da próxima semana pode ser editada uma resolução que deve fixar os "preços máximos, um teto, por exemplo, em caráter provisório". Apesar de o governo negar, na prática funcionaria como um tabelamento.

Ao justificar a medida, Parente afirmou que os estudos do governo podem identificar monopólio no mercado de combustíveis.

Recentemente, o candidato do governo à Presidência, José Serra, declarou que os aumentos que ocorrem no gás e na gasolina "são abusivos". Pressionado por Serra e seus aliados a frear tais aumentos, FHC surpreendeu ao dizer ontem: "Determinei ao CNPE (Conselho Nacional de Petróleo) que baixasse uma diretriz para que a ANP (Agência Nacional de Petróleo) tenha papel ativo na regulação dos preços dos combustíveis, principalmente do gás".

Segundo FHC, "chegou a hora de a ANP, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) já o faz no que diz respeito às tarifas de energia, atuar de maneira mais ativa na regulação dos preços e, se for necessário, que intervenha nos preços".

O ministro Francisco Gomide (Minas e Energia) também bateu duro, ameaçando intervir no mercado de gás de cozinha. Para ele, há abuso no mercado e, se não houver acordo do governo com as empresas, haverá intervenção. A questão deve ser decidida pelo CNPE (Conselho Nacional de Política Energética) em agosto.
"O nosso desejo é que as margens de distribuição e revenda caiam espontaneamente e fiquem dentro de patamares que achamos adequados", declarou. "Naturalmente o governo prefere não ter estabelecimento de preço máximo, porque isso arranha a filosofia que tentamos implantar", afirmou. Se a conversa com as empresas não der certo, haverá a fixação dos preços máximos durante um período fixo.

A decisão de intervir nos preços dos combustíveis faz parte do esforço do governo, que começou na semana passada, para acabar com as más notícias na economia, num momento em que a candidatura de Serra passa por uma crise.

Na última pesquisa Datafolha, o tucano estava empatado tecnicamente com Ciro Gomes (PPS). Pesquisas divulgadas depois pelo Vox Populi e Ibope mostraram Ciro isolado em segundo lugar e Serra em terceiro.
Outro componente político seria o o interesse de FHC de terminar bem o mandato. "O presidente tem uma biografia a fechar", diz um interlocutor de FHC. A Folha apurou que FHC pediu à equipe econômica que priorizasse liberação de verbas para projetos que possam gerar emprego, outra cobrança da equipe de Serra.
Desde a semana passada, quando o governo baixou a taxa de juros de 18,5% para 18% ao ano, atos de governo e campanha têm se misturado, apesar de FHC ter dito que não faria isso.

Houve também R$ 1,2 bilhão de liberação de verbas, beneficiando emendas parlamentares e investimentos em obras, o que rende dividendos políticos em ano eleitoral. Anteontem, FHC anunciou a destinação de R$ 8 bilhões do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) para estimular a geração de empregos.

Agora, pode vir a queda do gás de cozinha. Desde julho de 1994, segundo o IBGE, o produto teve alta de 472,2%, enquanto os preços das tarifas públicas e dos preços administrados subiram 117%.


Para Patrícia, tucano não tem carisma
Presença cada vez mais constante na campanha de Ciro Gomes, Patrícia Pillar, namorada do candidato, criticou anteontem pela primeira vez José Serra. ""Acho sem carisma."

Pergunta - Como vê seu crescimento na campanha?
Patrícia Pillar - Sou mulher do Ciro. Conheço suas idéias antes de conhecê-lo pessoalmente.

Pergunta - Sua participação ajudou nas pesquisas?
Patrícia - Acho que, quando proibiram o Ciro de falar na TV, causou um certo constrangimento. Nenhuma sociedade democrática gosta de uma atitude dessa. Apenas informei o que estava acontecendo.

Pergunta - Até que ponto ser uma atriz conhecida ajuda?
Patrícia - Tenho 20 anos de carreira, construi uma certa credibilidade pela minha postura na vida. Acho que as pessoas, de certa forma, confiam em mim. Fico contente.

Pergunta - É a primeira vez que participa de uma campanha?
Patrícia - Gravei uma fala para o Mário Covas em 89.

Pergunta - Votou em quem?
Patrícia - Em 98 no Ciro. Em 94 em FHC. Em 89 no Covas e, no segundo turno, no Lula.

Pergunta - Haverá outros encontros como este?
Patrícia - A gente está marcando um com esportistas.

Pergunta - Como está vendo a subida nas pesquisas?
Patrícia- Em pesquisa, a gente não deve acreditar muito.

Pergunta - Repetindo Ciro?
Patrícia - É o que acho.

Pergunta - Isso a animou?
Patrícia - Acho merecido. As pessoas estão tendo a oportunidade de conhecer o Ciro, as idéias dele. A TV ajuda bastante nisso. Ele estava fora da TV.

Pergunta - Imagina-se como primeira-dama?
Patrícia - Não gosto dessas besteiras. Gosto de trabalhar e de defender o projeto em que acredito.

Pergunta - Acha que José Serra pode ainda subir?
Patrícia - Não sou da política, não sou entendida. Tenho interesse, gosto, sempre gostei, agora achar se o Serra vai subir ou não vai subir... Acho ele sem carisma, uma pessoa que... enfim, não votaria nele.


"Decisão cabe ao governo", diz Petrobras
A Petrobras não fez comentários sobre as declarações de Fernando Henrique Cardoso. Por intermédio de sua assessoria de imprensa, a estatal emitiu um comunicado sucinto. "Essa é uma decisão de política pública que cabe ao governo e que não cabe à Petrobras comentar. A Petrobras cumprirá a legislação como sempre fez", diz a nota da Petrobras.

Em nota, a ANP divulgou que seu diretor-geral, Sebastião do Rego Barros, foi informado na terça sobre a decisão do presidente: "A ANP, enquanto aguarda a definição de novas diretrizes do CNPE, já está aprofundando estudos para subsidiar a implementação de medidas que venham a complementar a sua atuação no mercado de combustíveis".


Serra reúne governadores para reagir a Ciro
Cobrados a participar mais da campanha, administradores reclamaram de falta de verbas para Estados

O presidenciável tucano José Serra deu ontem uma demonstração de força ao conseguir reunir 15 dos 19 governadores aliados do Palácio do Planalto, mas constatou que sua campanha ainda precisa de muitos ajustes para deslanchar nos Estados.

Dos 15 governadores presentes, seis eram do PSDB (Pará, Goiás, São Paulo, Sergipe, Ceará e Mato Grosso), cinco do PFL (Rondônia, Paraná, Roraima, Tocantins e Piauí), dois do PMDB (Pernambuco e Distrito Federal) e dois pertencem ao PPB (Rio Grande do Norte e Santa Catarina).

Convocados a se empenhar mais na campanha, os governadores também fizeram cobranças. Jarbas Vasconcelos (PE), por exemplo, se queixou da extinção da Sudene; Albano Franco (SE) criticou a transposição das águas do Rio São Francisco.

Serra já prometeu refazer a Sudene. Mas tem um projeto próprio para a transposição do São Francisco. Houve ainda reclamações de falta de liberação de verbas do Orçamento destinadas a obras nos Estados.

Esperava-se um clima de caça às bruxas, a busca de "um bode expiatório" para a queda de Serra nas pesquisas, como afirmou Jarbas. Houve apenas uma: o goiano Marconi Perillo (PSDB) acusou colegas de omissão:

"Quando candidatos enfrentam dificuldades, é natural que políticos se acov ardem", disse. Num tom mais ameno, José Aníbal fez um apelo para que todos se empenhassem mais.

O governador do Rio Grande do Norte demonstrou insatisfação com os rumos da campanha. Julga que Serra nada fez até agora para eliminar as divergências regionais entre os aliados. Ameaça até abandonar o barco do tucano.

Sorrindo, Beni Veras, o sucessor de Tasso Jereissati no governo cearense, nada disse durante a reunião. À saída, tinha apenas duas palavras e um sorriso ao ser questionado se apoiaria Serra no Estado: "Eu apóio, eu apóio!"

Serra destacou a presença de "mais da metade dos governadores" à reunião: "Isso vai se traduzir não só no peso do horário eleitoral, mas numa campanha muito forte em todo o Brasil", comemorou o candidato.

Serra voltou a dizer que a política social terá prioridade em seu governo e a falar de reforma tributária, mas, pela primeira vez, declarou que a reforma política terá prioridade em seu eventual governo. "Inclusive com a mudança do sistema eleitoral, na direção do voto distrital misto e da fidelidade partidária." Mais tarde, acrescentou o financiamento público de campanha.

Campanha e governadores concordaram que, na eleição de 2002, a estrutura partidária e a máquina governamental terão mais peso do que na eleição de 1989, que elegeu Fernando Collor de Mello. Isso porque o eleitor será chamado a votar desde o deputado estadual até o presidente.

Conclusão: a campanha de Serra deve ser vinculada à de todos os candidatos da aliança. Ficou decidido também a realização de um "Dia D", sugerido por Geraldo Alckmin para dar o "start" (partida) na campanha em todos os municípios brasileiros. O mais provável é que a campanha reúna prefeitos e representantes das cem maiores cidades.

O nome Ciro Gomes pairava no ar o tempo todo, mas foi citado uma única vez, quando o publicitário Nizan Guanaes fez uma exposição sobre a vantagem que Serra terá no horário eleitoral.

Dos 19 governadores da base de apoio inicial de FHC, faltaram os da Bahia, Maranhão, Paraíba e o do Amazonas.

A nota de bom humor ficou por conta de Amin, que teve de sair antes e deixou em seu lugar o deputado Hugo Biehl: "Pelo menos teremos cabelo à mesa", disse.

Serra, que é calvo (Amin é inteiramente careca), não perdeu a deixa: "Em compensação, você tem uma vantagem: não tem cabelo branco".


Tucanos deixam Executiva para apoiar Collor
Quatro prefeitos tucanos do interior de Alagoas, entre eles Célia Rocha (Arapiraca), mulher do ministro da Integração Nacional, Luciano Barbosa, oficializaram anteontem a entrega dos cargos que ocupavam na Executiva estadual da legenda. A atitude tem por objetivo manter o apoio do grupo ao ex-presidente Fernando Collor de Mello (PRTB), candidato ao governo do Estado.

A adesão tucana a Collor -que foi liderada pela prefeita de Arapiraca, a segunda maior cidade de Alagoas- havia levado a direção nacional do PSDB a ameaçar expulsar Célia, afirmando ser "inadmissível" o apoio de tucanos à candidatura de Collor.

Vale lembrar que o ex-presidente é associado pelo comando de campanha de José Serra (PSDB) a Ciro Gomes (PPS), como forma de tentar tirar votos do candidato da Frente Trabalhista.

O PSDB voltou atrás na decisão de expulsar a prefeita sob o argumento de que ela retirou o apoio a Collor. O fato é que ela trabalha pela candidatura "collorida" e deve anunciar publicamente sua posição nos próximos dias.


Garotinho lamenta saída do governo do Rio
Presidenciável nega estar arrependido de disputar Planalto, mas discurso se assemelha ao de candidato a governador

O candidato Anthony Garotinho (PSB) lamentou ontem, pela primeira vez, o fato de ter renunciado ao governo do Rio de Janeiro para concorrer à Presidência.

Em crítica à administração da governadora Benedita da Silva (PT), afirmou: "Vou dizer uma coisa que vai ser até chato para mim, mas tenho que dizer, pois é do fundo do coração. Se eu soubesse que ela [Benedita" iria ser tão fraca assim, eu não teria renunciado ao governo do Estado, porque vejo que quem está sofrendo é o povo".

A petista disse que não comentaria a afirmação, feita em discurso para cerca de 200 pessoas no centro de Três Rios (a 123 km do Rio). Logo depois, em entrevistas, Garotinho negou que estivesse arrependido de ter se lançado à Presidência. Em Barra do Piraí, segunda cidade que visitou, disse que não desistirá da candidatura.
Ultimamente, Garotinho tem limitado suas viagens a Rio, São Paulo e Minas. Ele adotou um discurso muito semelhante ao de um candidato a governo de Estado. Em Três Rios, afirmou: "Um dia vocês vão ver Garotinho aqui como presidente da República e vão ouvir: "Nenhum presidente fez tanto por Três Rios como Garotinho'". A mesma frase foi usada por ele em discurso em 98, substituindo o cargo de presidente pelo de governador.

Ele disse ainda que sua campanha falará ""ao coração, igual à que fizemos para o governo do Rio".
Em Três Rios, Garotinho participou de carreata e comício. Em Barra do Piraí, fez corpo-a-corpo e um improvisado discurso para apenas 60 pessoas. Ele cancelou a visita que faria a Volta Redonda e Barra Mansa. Esteve ainda em Resende e Angra dos Reis, onde participou de um show gospel.

Penúria
Garotinho falou novamente que está sem dinheiro para tocar a campanha, mas negou que a crise financeira seja motivada pela queda nas pesquisas. Segundo o último Datafolha, de 4 e 5 de julho, ele está em quarto lugar, com 13%.

O candidato credita a falta de recursos ao fato de não aceitar contribuições de bancos. ""Dizem que o Garotinho vai desistir porque não tem dinheiro para a campanha. Eu não tenho mesmo, porque todos os candidatos foram tomar bênção aos banqueiros. Seu Lula foi, seu Ciro foi, seu Serra foi. Todo mundo foi lá na Febraban [Federação Brasileira dos Bancos". Não quero o dinheiro deles."

Anteontem, em Belo Horizonte, Garotinho disse a evangélicos estar passando por uma "provação". "Tenho dificuldade até para fazer material. E estou gostando porque estou sentindo que é uma provação, é uma forma que Deus está usando para me provar."

Quatro assessores -o jornalista Paulo Fona e os publicitários Elysio Pires, Marcelo Brandão e Nei Azambuja- deixaram a equipe do candidato por questões financeiras e desavenças quanto à campanha. Com a saída deles, volta a ter força aliados que trabalharam com Garotinho na campanha ao governo. Entre eles, a coordenadora de agenda, Ana Paula Costa (ex-chefe do gabinete do governo), Augusto Ariston (ex-chefe do Gabinete Civil) e o assessor de imprensa Carlos Henrique Vasconcelos.

Estes aliados defendem uma vinculação maior da campanha ao perfil evangélico e popular de Garotinho. O grupo que saiu queria passar uma visão de estadista.

Ontem Garotinho não quis comentar as ameaças de desistência dos candidatos a governador pelo PSB Lídice da Matta (BA) e Jacó Bittar (SP) nem as críticas da deputada Luiza Erundina (PSB-SP).


Cúpula do PSB vai pressionar por desistência
A cúpula do PSB, em reunião hoje, deverá pressionar o ex-governador do Rio Anthony Garotinho a desistir da disputa à Presidência. O principal argumento da direção é que a candidatura vem perdendo espaço, segundo pesquisas de opinião, o que está afastando aliados e novas adesões.

Setores do partido dizem que até segunda-feira Garotinho poderá abandonar a candidatura. "Isso não está fora de cogitação", disse um integrante da Executiva.

O presidente do PSB, Miguel Arraes, vai na contramão. Ontem ele disse que os problemas são "administráveis" e afastou a possibilidade de Garotinho desistir.

Com reduzidas perspectivas de chegar ao segundo turno, a candidatura de Garotinho não está arrecadando dinheiro suficiente para cumprir o apoio prometido aos candidatos aos governos est aduais, nem para manter sua própria estrutura de campanha. Insatisfeitos, alguns candidatos ameaçam desistir de disputar a eleição.
A candidata do PSB ao governo baiano, Lídice da Mata, vai oficializar sua renúncia no próximo sábado.

Lídice declarou que Garotinho não apóia as candidaturas nos Estados e descumpre o programa partidário. "A campanha dele é cada vez mais excludente, mais exclusiva do segmento evangélico", afirmou. "Na política há sempre o risco de a vaidade ultrapassar a inteligência, e temo que isso possa estar acontecendo com ele", disse Lídice sobre Garotinho.

A ex-prefeita de São Paulo Luiza Erundina (PSB), que se reuniu ontem em Recife com Lídice, disse que "já passou do tempo" de Garotinho desistir. Para ela, a campanha "não tem densidade política" e o partido deveria liberar os diretórios estaduais para que definissem os apoios mais convenientes. Erundina acha que o PSB errou ao "impor candidaturas "laranjas'" nos Estados: "São Paulo não tem candidatura majoritária. Garotinho não tem presença nenhuma na disputa".


Ciro admite uso de jatinho de líder do PTB
Um dia após dizer que José Carlos Martinez não deu "um centavo" à sua campanha, candidato confirma uso de avião

Embora tenha declarado que não recebeu nenhum centavo do coordenador da sua campanha, José Carlos Martinez (PTB-PR), Ciro Gomes, presidenciável do PPS, disse ontem em Belo Horizonte que já fez uma viagem com o avião do deputado paranaense.

Martinez deve à família de Paulo César Farias, ex-tesoureiro de Fernando Collor de Mello assassinado em 1996, parcelas de um antigo empréstimo no valor de US$ 1,6 milhão.

"Usei o avião dele uma vez", disse Ciro, quando indagado pela Agência Folha. E repetiu que as relações privadas do coordenador da sua campanha não interessam a ele. "Com todo o respeito, essa "forçação de barra" que vocês estão tentando fazer, e não tenho nenhum problema com ela, é papel de vocês. Agora, não conte com minha colaboração para isso, que é uma enviesada tentativa de lançar sobre minha candidatura suspeição que não me cabe."

Ciro disse que Martinez deu sustentação ao presidente Fernando Henrique Cardoso nos dois mandatos presidenciais e que nem por isso foi levantada nenhuma suspeição contra ele.

"Agora, tenta-se levantar uma suspeição sem nenhum inquérito, sem nenhuma representação do Ministério Público", afirmou ele.

O presidenciável disse que nem o fato de Martinez ter declarado ser amigo da família Farias pode comprometê-lo, listando, mais uma vez, uma série de políticos e técnicos que trabalharam com Collor e apóiam o governo FHC.

"Critério"
Ciro disse que a imprensa tem o direito de investigar, mas que isso deve ser feito com "critério". "Acho que vocês têm um serviço a prestar à sociedade do Brasil. Interessa que vocês vasculhem com profundidade, com serenidade, mas é preciso ter critério."

Ele voltou a dizer que, se durante a campanha alguma coisa de errado aparecer contra um colaborador seu, ele será afastado.

"Qualquer pessoa, e não é o caso do Martinez, que na mínima circunstância estiver envolvida em algum tipo de irregularidade, estará instantaneamente afastada da campanha". Ele Martinez" não está respondendo por nenhuma irregularidade, tudo mais é uma "forçação de barra" a serviço notório do desespero eleitoral do candidato oficial José Serra"."

O candidato do PPS participou de um encontro com prefeitos da região metropolitana de Belo Horizonte, dos quais recebeu apoio político. Dos 34 prefeitos da região, 30 declararam apoio.

Ao desembarcar na capital mineira, ele teve encontro com o governador Itamar Franco (sem partido), no hangar do governo, anexo ao aeroporto da Pampulha. Itamar, que voltava de Juiz de Fora, ficou sabendo que Ciro estava chegando e quis vê-lo.

A conversa entre os dois demorou cerca de 15 minutos. Ciro disse que não falaram de eleição e que ele não pediu apoio a Itamar, que apóia Luiz Inácio Lula da Silva (PT). "Um homem da altura do Itamar não pode ser aliciado."No fim da tarde, antes de seguir para Betim e Nova Lima, caminhou pelo centro da cidade.

Ataques à Folha
Ciro voltou a criticar a Folha ontem, desta vez para dizer que, quando tenta usar o seu tempo para falar do seu programa de governo, é interrompido por um repórter do jornal.

"Tenho um punhado de idéias para serem melhoradas no debate, mas aí vem um jornalista da Folha perguntar para deixar embutidas suspeições referindo-se ao caso Martinez"."

Em comício em Nova Lima (região metropolitana de Belo Horizonte), o candidato afirmou que não é um ""salvador da pátria com chicote na mão".

Falando a cerca de 5.000 pessoas segundo estimativa da Polícia Militar- junto à igreja de Nossa Senhora do Pilar, Ciro disse: ""Estou feliz por estar aqui, aos pés de Nossa Senhora do Pilar, porque Deus tem sido generoso comigo".


Artigos

Sem saída?
Clóvis Rossi

SÃO PAULO - Os problemas brasileiros são radicais, com perdão pela obviedade. Se houvesse alguma dúvida, os números do mais recente Relatório sobre o Desenvolvimento Humano, do Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento) voltam a atestá-lo.

Problemas radicais pedem soluções radicais, se o leitor me perdoa a segunda obviedade.

Por isso, o suposto (ou real) radicalismo do PT, hoje submetido a um coro ensurdecedor de críticas, jamais me pareceu um problema. O problema real era outro: tratava-se de saber se as propostas petistas continham apenas radicalismos ou poderiam ser também eficazes (ou, na hipótese inversa, desastrosas).

Essa discussão parece agora vencida. O programa de governo que o partido lançou anteontem não foi objeto de críticas em lugar algum relevante pelo lado do radicalismo.

O eixo da crítica passou, em geral, pelo fato de que "o programa diz pouco sobre como pagar pelos cortes de impostos e empréstimos subsidiados propostos", como escreve Raymond Colitt, o correspondente do jornal britânico "Financial Times" no Brasil.

É uma crítica correta, aliás, mas não é a única que precisa ser feita. Suspeito que o PT meteu-se (ou sempre esteve) em uma espécie de "catch 22", uma situação sem saída.

Se se dizia, antes, que o suposto (ou real) radicalismo do PT deixava empresários e mercados financeiros à beira de um ataque de nervos, agora a falta de respostas radicais, uma vez no governo, pode causar um ataque de nervos (ou de frustração) no público em geral.

Ou, posto de outra forma: para ganhar, o PT precisa ser moderado demais, correndo o risco de nem assim aplacar o mercado. Mas, se ganhar e fizer um governo moderado demais, não aplaca a sede do público e perde do mesmo jeito.


Colunistas

PAINEL

Segurar no laço
FHC utilizará a tinta que resta em sua caneta presidencial para evitar defecções de governadores e prefeitos que apóiam José Serra em favor da campanha de Ciro Gomes. O Planalto já avisou que quem abandonar o barco tucano terá menos recursos federais neste final de mandato.

Critério político
Após o corte de R$ 4 bilhões anunciado anteontem no Orçamento, poucas emendas serão liberadas e várias obras, paralisadas. Por isso, apenas os governadores, prefeitos e parlamentares que apoiarem Serra efetivamente terão recursos.

Pior que o soneto
O PSDB não tomará nenhuma medida contra Tasso Jereissati, que manifestou indiretamente apoio a Ciro em comícios no CE. Uma punição seria a desculpa que o tucano cearense precisa para pedir voto ostensivamente para o candidato do PPS e liderar uma dissidência na sigla.

Guerra de bastidor
A ex-deputada federal Moema Santiago (PSDB-CE), inimiga de Ciro Gomes, está municiando o comitê de Serra c om denúncias contra o candidato do PPS.

Casca de banana
Candidatos a presidente começaram a colocar "jornalistas-espiões" para acompanhar os adversários. Nas entrevistas coletivas, a ordem é para que façam perguntas "provocativas".

Conta de português
O corte de R$ 41 mi no Judiciário vai novamente atrasar a retomada da obra de conclusão do fórum do TRT de SP, marcado pelo escândalo do juiz Nicolau. Como a obra está parada desde 98, o TRT paulista já gastou R$ 30 mi em aluguéis de prédios para abrigar as varas trabalhistas. São R$ 500 mil todo mês.

Ato falho
De Esperidião Amin (PPB-SC), ao chegar para a reunião dos governadores de apoio à candidatura Serra: "Estou trazendo minha solidariedade".

Correção de rumo
Para escapar da expressão "Serra e Rita" ("serra irrita'), cabos eleitorais de Joaquim Roriz (PMDB) testaram outra saída, em gritos de guerra intermináveis na frente do comitê do tucano, onde ocorreu a reunião de governadores: "Serra e Camata".

Caminhão de dinheiro
Duas toneladas e meia em moedas de R$ 0,10. Essa seria a carga que os empresários de ônibus de Santo André, cidade governada pelo PT de Lula, teriam de transportar em um dia de cada mês, se for verdadeira a explicação de que o dinheiro recolhido, em vez de propina, seria para gerar troco nos ônibus.

Chumbo trocado
A conta sobre o transporte das moedas foi feita pela família Gabrilli, de onde partiram as principais acusações de propina na gestão petista de Santo André. A alegação de que a arrecadação na verdade seria apenas troco foi apresentada por uma das empresas acusadas durante as sessões da CPI da Câmara.

Tempos modernos
Luiz Antonio de Medeiros é outro deputado do PL de São Paulo, candidato à reeleição, que começou a espalhar faixas pela cidade pedindo voto para a dupla Lula-Maluf. Até agora, ninguém do PT reclamou.

Sucesso emprestado
O jingle da campanha de Quércia ao Senado e Fernando Moraes (PMDB) ao governo em SP será uma versão da música "A Banda", de Chico Buarque.

Ajuda do além
O impacto da queda da arrecadação em SP só não foi maior nas contas do Estado porque o caixa recebeu R$ 50 mi (suficiente para construir quase meio quilômetro de metrô) de imposto sobre heranças. Um empresário morreu deixando R$ 1 bi de herança.

TIROTEIO

De Dante de Oliveira (PSDB), ex-governador do MT e candidato ao Senado, ironizando o fato de o plano de governo de Lula prometer gerar 10 milhões de empregos e dobrar o poder de compra do salário mínimo:
- Prometer é fácil. Lula só não diz de onde o PT vai conseguir tirar o dinheiro para viabilizar tudo isso.

CONTRAPONTO

Clone petista
A cúpula do PT se reuniu anteontem na Câmara dos Deputados, em Brasília, para o lançamento do programa de governo da campanha de Lula.
Centenas de militantes do partido se acotovelavam entre os dirigentes petistas, buscando autógrafos em seus exemplares do plano de governo.
No meio da confusão, o senador Saturnino Braga (RJ), filiado recentemente ao PT, chegou atrasado e se espremeu entre a multidão para alcançar o palanque e ficar ao lado de Lula.
No meio do caminho, uma militante olhou para o senador e berrou:
- Eduardo Suplicy! Eduardo Suplicy!
O senador corrigiu o erro, arrancando gargalhadas da militante petista:
- Sou o Saturnino Braga! Mas o Suplicy é muito meu amigo. Não tem problema, pode me abraçar como se eu fosse ele!


Editorial

EXPANSÃO DA PETROBRAS

A Petrobras firmou acordo de compra do grupo argentino Perez Companc, maior produtor independente de energia da América Latina, com capacidade de produzir 181 mil barris/dia e com exportações de 30 mil barris a cada dia.

A aquisição da empresa argentina permite ainda que a Petrobras avance na produção de nafta, principal matéria-prima da indústria petroquímica e amplie a articulação de suas operações na América do Sul, pois agrega ativos na Venezuela, no Peru e no Equador. Desse ponto de vista, o negócio parece estrategicamente relevante para a empresa brasileira.

Além disso, a Petrobras deu um passo importante na integração das economias do Cone Sul, a exemplo da transação realizada pela AmBev, que adquiriu 38% da Quilmes Industrial, a principal produtora de cerveja argentina. Processo semelhante aconteceu com as montadoras de veículos, que planejaram investimentos complementares no Brasil e na Argentina, com o objetivo de constituir uma plataforma de produção sul-americana. Essa iniciativa se fragilizou durante a crise financeira e cambial argentina. A decisão da Petrobras -bem como outras possíveis aquisições nos setores de autopeças, alimentos e laticínios- pode ajudar a melhorar as condições para as empresas atuarem no Mercosul.

Enfim, a expansão dos investimentos brasileiros no exterior pode cumprir diversas funções: consolidar o Mercosul, garantir acesso a mercados, conquistar tecnologia, aumentar as exportações brasileiras etc. A internacionalização ativa deve ser uma estratégia das empresas brasileiras. No entanto, a política de expansão da Petrobras não pode continuar prejudicando o controle da inflação doméstica, ao atrelar os preços dos derivados de petróleo praticados internamente à variação no mercado internacional. Felizmente, o governo já sinaliza uma mudança no regime de preços da estatal, com a ANP assumindo, também nesse terreno, um papel regulador.


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07/25/2002


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