Figger nega envolvimento ilegal na venda de passes de jogadores



O empresário Juan Figger, que detém o passe de diversos jogadores, negou nesta quinta-feira (dia 26), perante a CPI do Futebol, que tenha participado de qualquer falsificação de documentos com a finalidade de alterar a idade dos jogadores. Ele também garantiu que nunca vendeu atletas brasileiros menores de idade para clubes estrangeiros. "Essas denúncias são infundadas e estou surpreso e revoltado com o envolvimento do meu nome nesses episódios", protestou.

Juan Figger também negou que venha utilizando os clubes uruguaios Rentistas e Central Espanhol como uma espécie de "passagem" para ganhar dinheiro fácil na venda de jogadores e para a evasão de divisas. Segundo Figger, a própria CPI da Nike, em andamento na Câmara Federal, não detectou irregularidade fiscal ou tributária nas transações.

Para o presidente da CPI do Futebol, senador Álvaro Dias (PSDB-PR), o Rentistas é um clube de fachada destinado apenas a negociar jogadores. Um dos maiores beneficiários nas transações, segundo ele, seria Juan Figger. Como exemplo, citou a venda do jogador brasileiro Zé Roberto para o futebol uruguaio por US$ 4,6 milhões. No mesmo dia, acrescentou, o atleta foi comercializado com o Real Madrid, da Espanha, por cerca de US$ 9 milhões. Na transação, Figger teria ganhado cerca de US$ 2 milhões. O empresário negou e disse que a transação ficou em torno de US$ 5,6 milhões.

Juan Figger, que se negou a abrir para a CPI do Futebol seu sigilo bancário e fiscal, apesar da insistência do relator, senador Geraldo Althoff (PFL-SC), disse também que jamais fez qualquer transferência em dinheiro para dirigentes ou técnicos do futebol brasileiro. O senador Geraldo Cândido (PT-RJ) disse que somente com a quebra do sigilo bancário é que a verdade vai aparecer. Figger entrou com uma liminar junto ao STF para impedir a quebra do sigilo. A liminar deve ser julgada nas próximas semanas.

"Grande negócio"

No entender do senador Geraldo Althoff, o depoimento de Juan Figger deixou uma certeza: o futebol brasileiro está sendo usado para transações milionárias escusas envolvendo dirigentes de clubes e empresários. "É um grande jogo que conta ainda com a participação de clubes uruguaios, como o Rentistas e o Central Espanhol, que beneficia um grupo seleto de pessoas e que está levando a maior paixão do povo brasileiro ao fundo do poço", afirmou.

O presidente da comissão, Álvaro Dias, comunga com o pensamento do relator. A seu ver, o futebol brasileiro precisa ser totalmente reestruturado, a começar por uma completa investigação na classe dirigente e nos empresários, conforme vem fazendo a CPI. Na avaliação do senador, evasão de divisas, sonegação fiscal e tributária e apropriações indébitas tomam conta do "grande negócio" em que se transformou atualmente o futebol brasileiro.

Para comprovar a sua afirmação, Álvaro Dias informou que, em menos de um ano, ingressaram no país 342 jogadores de futebol e que, no mesmo período, foram negociados para o exterior nada menos do que 699 atletas. Das 51 maiores transações, observou o senador, três passaram pelo clube uruguaio Rentistas, sob a orientação de Juan Figger.

Juan Figger, uruguaio, 66 anos de idade e que está no Brasil há 31 anos, disse à CPI que é um mero "agente de futebol" e que promove a venda de jogadores dentro da legalidade. A respeito da atual situação do futebol brasileiro, ele foi enfático: o calendário é um dos mais confusos e desordenados de todo o mundo e a culpa recai sobre os ombros da CBF, do Clube dos Trezes e das federações regionais.

Na próxima quinta-feira (dia 3), a CPI do Futebol retoma os trabalhos e vai ouvir os presidentes dos conselhos fiscais do Palmeiras, do São Paulo e do Corinthians. A reunião está marcada para as 10h. É intenção da presidência também convocar para uma das próximas reuniões o jornalista esportivo Armando Nogueira.

26/04/2001

Agência Senado


Artigos Relacionados


Jader Barbalho nega envolvimento com venda de TDAs emitidos de forma fraudulenta

Advogado nega envolvimento com pedofilia

TUMA NEGA ENVOLVIMENTO COM EMPRESÁRIO

VENDA DE JOGADORES SERÁ PRINCIPAL PONTO DA CPI DO FUTEBOL

Jucá nega envolvimento do governo em ação da PF

Em resposta a Suplicy, ACM nega envolvimento do governo