Figger nega envolvimento ilegal na venda de passes de jogadores
Juan Figger também negou que venha utilizando os clubes uruguaios Rentistas e Central Espanhol como uma espécie de "passagem" para ganhar dinheiro fácil na venda de jogadores e para a evasão de divisas. Segundo Figger, a própria CPI da Nike, em andamento na Câmara Federal, não detectou irregularidade fiscal ou tributária nas transações.
Para o presidente da CPI do Futebol, senador Álvaro Dias (PSDB-PR), o Rentistas é um clube de fachada destinado apenas a negociar jogadores. Um dos maiores beneficiários nas transações, segundo ele, seria Juan Figger. Como exemplo, citou a venda do jogador brasileiro Zé Roberto para o futebol uruguaio por US$ 4,6 milhões. No mesmo dia, acrescentou, o atleta foi comercializado com o Real Madrid, da Espanha, por cerca de US$ 9 milhões. Na transação, Figger teria ganhado cerca de US$ 2 milhões. O empresário negou e disse que a transação ficou em torno de US$ 5,6 milhões.
Juan Figger, que se negou a abrir para a CPI do Futebol seu sigilo bancário e fiscal, apesar da insistência do relator, senador Geraldo Althoff (PFL-SC), disse também que jamais fez qualquer transferência em dinheiro para dirigentes ou técnicos do futebol brasileiro. O senador Geraldo Cândido (PT-RJ) disse que somente com a quebra do sigilo bancário é que a verdade vai aparecer. Figger entrou com uma liminar junto ao STF para impedir a quebra do sigilo. A liminar deve ser julgada nas próximas semanas.
"Grande negócio"
No entender do senador Geraldo Althoff, o depoimento de Juan Figger deixou uma certeza: o futebol brasileiro está sendo usado para transações milionárias escusas envolvendo dirigentes de clubes e empresários. "É um grande jogo que conta ainda com a participação de clubes uruguaios, como o Rentistas e o Central Espanhol, que beneficia um grupo seleto de pessoas e que está levando a maior paixão do povo brasileiro ao fundo do poço", afirmou.
O presidente da comissão, Álvaro Dias, comunga com o pensamento do relator. A seu ver, o futebol brasileiro precisa ser totalmente reestruturado, a começar por uma completa investigação na classe dirigente e nos empresários, conforme vem fazendo a CPI. Na avaliação do senador, evasão de divisas, sonegação fiscal e tributária e apropriações indébitas tomam conta do "grande negócio" em que se transformou atualmente o futebol brasileiro.
Para comprovar a sua afirmação, Álvaro Dias informou que, em menos de um ano, ingressaram no país 342 jogadores de futebol e que, no mesmo período, foram negociados para o exterior nada menos do que 699 atletas. Das 51 maiores transações, observou o senador, três passaram pelo clube uruguaio Rentistas, sob a orientação de Juan Figger.
Juan Figger, uruguaio, 66 anos de idade e que está no Brasil há 31 anos, disse à CPI que é um mero "agente de futebol" e que promove a venda de jogadores dentro da legalidade. A respeito da atual situação do futebol brasileiro, ele foi enfático: o calendário é um dos mais confusos e desordenados de todo o mundo e a culpa recai sobre os ombros da CBF, do Clube dos Trezes e das federações regionais.
Na próxima quinta-feira (dia 3), a CPI do Futebol retoma os trabalhos e vai ouvir os presidentes dos conselhos fiscais do Palmeiras, do São Paulo e do Corinthians. A reunião está marcada para as 10h. É intenção da presidência também convocar para uma das próximas reuniões o jornalista esportivo Armando Nogueira.
26/04/2001
Agência Senado
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