Filiado do PSOL não poderá apoiar candidato a presidente, diz Heloísa



Nenhum filiado do PSOL, quer detenha cargo eletivo ou não, poderá dar declaração pública de apoio a qualquer dos dois candidatos à Presidência da República no segundo turno das eleições. A senadora Heloísa Helena (PSOL-AL) informou que a decisão foi tomada por consenso em reunião da executiva do partido, realizada nesta terça-feira (3). O partido não recomendará nenhum tipo de voto para os seus eleitores.

- Essa posição do PSOL já existia. Vim reforçá-la em função de algumas notinhas que saíram na imprensa. Nossos filiados têm o direito de fazer o que quiserem diante da urna. Agora, publicamente, não pode. Quem quiser publicamente dizer que vai votar em Geraldo Alckmin, tem que ir para o PSDB. Quem quiser declarar apoio à reeleição do presidente Lula tem que ir para o PT - afirmou a senadora.

Heloísa Helena disse que, depois de ter feito oposição durante oito anos ao presidente Fernando Henrique Cardoso e ao seu modelo de governo, de ter denunciado as contradições e supostos envolvimentos do governo Luiz Inácio Lula da Silva em escândalos, e de ter combatido as candidaturas de Lula e de Geraldo Alckmin, não seria coerente de sua parte apoiar um ou outro candidato no segundo turno.

A senadora por Alagoas, que recebeu mais de 6,5 milhões de votos no primeiro turno da disputa pela Presidência da República, disse ter saído da campanha satisfeita por não ter feito parte de "nenhuma negociata ou balcão de negócios sujos" nem ter traído sua origem e convicções ideológicas. Por outro lado, ela confessou que a única frustração foi não ter podido debater com o presidente e candidato Lula.

- Ele ficou sentado no trono podre da corrupção e arrogância política e não teve coragem de ficar perto de mim para me enfrentar, como era sua obrigação - disse.

Apartes

O pronunciamento de Heloísa Helena recebeu apartes de 13 senadores. Eduardo Suplicy (PT-SP) ressaltou o esforço da senadora para organizar um partido e levá-lo a um bom resultado eleitoral em poucos meses. O senador Wellington Salgado (PMDB-MG) revelou que seu filho, de 16 anos, votou em Heloísa para presidente. Flexa Ribeiro (PSDB-PA) aplaudiu a luta da senadora na defesa de seus ideais e princípios.

Por sua vez, José Jorge (PFL-PE) constatou que hoje o país inteiro conhece Heloísa e sente admiração pelo trabalho realizado por ela. Cristovam Buarque (PDT-DF) disse ter ficado orgulhoso de ter compartilhado a história dessa eleição com a senadora alagoana. Romeu Tuma (PFL-SP) informou que sua sogra também foi eleitora da candidata do PSOL à Presidência. Leonel Pavan (PSDB-SC) lamentou que a vaga de Heloísa Helena, cujo mandato encerra nessa Legislatura, seja preenchida pelo ex-presidente Fernando Collor.

Já o senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) registrou que a criação do PSOL significa que a esquerda brasileira não morreu. Heráclito Fortes (PFL-PI) disse que Heloísa soube ser dura quando devia e afetuosa quando necessário durante a campanha. Efraim Morais (PFL-PB) ponderou que os votos atribuídos à candidata Heloísa levaram a eleição presidencial ao segundo turno.

O senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) valorizou o sacrifício de Heloísa Helena em lançar sua candidatura para consolidar o partido em vez de se candidatar a um cargo com melhores perspectivas de vitória. Demóstenes Torres (PFL-GO) disse que a campanha de Heloísa não se resumiu ao debate sobre ética e honradez. Por fim, Marco Maciel (PFL-PE) previu que as sementes plantadas pela senadora durante a campanha no futuro frutificarão.



03/10/2006

Agência Senado


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