Financiamento do BNDES a empresários argentinos é "aberração e megalomania", diz Efraim



O senador Efraim Morais (PFL-PB) considerou -uma aberração- e -uma megalomania- a decisão do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) de destinar US$ 1 bilhão para um fundo que financiará empresas argentinas exportadoras. Outros US$ 600 milhões serão emprestados à Bolívia.

- É uma situação tão absurda que os jornais argentinos trataram inicialmente o assunto com total descrédito. O Brasil vive uma das piores crises de sua história, com juros altos, recessão, empresas descapitalizadas e o BNDES não consegue atender sequer nossas empresas - disse o senador.

Efraim disse que o presidente do BNDES, Carlos Lessa, tentou amenizar o impacto da notícia dizendo que o dinheiro iria apenas -incrementar as relações bilaterais Brasil-Argentina-. No entanto, o chanceler argentino Martin Medrado informou o contrário: -Os recursos poderão financiar exportações para qualquer outro mercado-, teria dito.

- Nenhum país pode deixar de atender a seus próprios cidadãos para cuidar dos vizinhos. Mas a megalomania leva o governo a posar de paternalista junto a seus vizinhos oferecendo-lhes o que não tem. É fácil fazer caridade com o chapéu alheio - no caso, o chapéu do povo brasileiro - acrescentou.

Depois de destacar que os termos da linha de financiamento já estão sendo discutidos em Buenos Aires, Efraim sustentou que esta é uma mudança de conceituação que envolve o papel institucional do BNDES -sem que o Congresso tenha sido chamado a opinar-. Informou que este será um dos pontos sobre os quais o presidente do banco será questionado nesta terça-feira (10), na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado.

Efraim ponderou que o assunto não foi discutido sequer dentro do próprio governo Luiz Inácio Lula da Silva.

- De quem partiu essa decisão? Do Itamaraty? Do BNDES? Do presidente Lula? - perguntou, acrescentando que, se partiu do presidente, trata-se -de outra contradição grave-.

O senador lembrou que o PT, -e Lula em particular-, criticou o financiamento que o banco brasileiro deu a empresas estrangeiras no leilão de companhias telefônicas em privatização.

A Venezuela também será contemplada com financiamentos, em valor ainda não revelado, destinados inclusive a obras de infra-estrutura.

- Eis aí outro ponto espantoso. Há duas semanas, o presidente pediu a empresários que invistam em infra-estrutura, pois o Estado brasileiro não tem recursos para fazê-lo. Não tem recursos para investir aqui, mas tem para a Venezuela, a Bolívia, o Paraguai, a Argentina etc - protestou o senador.



09/06/2003

Agência Senado


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