FOGAÇA ANALISA PROTECIONISMO QUE CONCENTROU INDÚSTRIAS EM SP



Qualquer iniciativa ou medida tomada por parte de um governador no sentido de atrair investimentos e indústrias para o seu estado, é apenas uma gota perto do oceano de um século de favorecimento da concentração industrial em São Paulo. A afirmação é do senador José Fogaça ao analisar nesta segunda-feira (dia 28) a origem da atual guerra fiscal entre estados brasileiros e as acusações de que essa situação estaria prejudicando o país. O senador apresentou o livro La Economia Política de la Pobreza, la Equidad y el Crecimiento: Brasil y México, do economista Angus Maddison, e que lhe foi recomendado pelo embaixador Rubens Ricupero.
De acordo com Fogaça, a pesquisa realizada por Angus Maddison demonstra uma política econômica centrada na manipulação casuística de impostos e na restrição à importação de produtos que passassem a ser fabricados em São Paulo. "Na primeira República, bastava a um industrial fabricar um produto novo que o governo central estabelecia proteção e garantia de monopólio do mercado com a proibição da importação desse produto", explicou o senador.
Fogaça assinalou que mesmo após a Revolução de 30, provocada justamente pelo sentimento de exclusão do desenvolvimento econômico que era alimentado pelo Rio Grande do Sul e pelo Nordeste, o processo de concentração de riqueza em São Paulo continuou com os antigos grupos oligárquicos, o aumento da proteção tarifária, a reserva de mercado e a manipulação do câmbio em favor dos industriais paulistas. "Vargas reforçou o modelo", afirmou o senador.
Parte dessa proteção, disse o senador, foi transferida, após a Constituinte de 1946, às empresas estrangeiras que se instalavam no Brasil, notadamente a indústria automobilística, que obteve subsídios e câmbio favorável para a importação de maquinário usado. "O Tesouro arcava com os custos desse subsídio para garantir a industrialização de São Paulo, a concentração de renda e de desenvolvimento", explicou Fogaça.

28/02/2000

Agência Senado


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