FOGAÇA ATRIBUI QUEDA DE FUJIMORI A INTERESSES ESTRANGEIROS CONTRARIADOS



Interesses contrariados das empresas multinacionais Shell e Mobil Oil, teriam levado à queda do presidente da República do Peru, Alberto Fujimori. A hipótese foi analisada nesta segunda-feira (dia 27) pelo senador José Fogaça (PMDB-RS). Segundo o senador, as empresas obtiveram, em março de 1996, um contrato de concessão, por 40 anos, para exploração de gás natural do campo de Camisea, a segunda maior jazida da América Latina, localizada em plena selva, a 450 quilômetros de Lima. O contrato foi assinado pelo próprio Fujimori, que o classificou como o "contrato do século".

Fogaça explicou que as duas empresas formaram um consórcio e o contrato estabelecia o investimento de US$ 3,5 bilhões em 15 anos, sendo que US$ 1,5 bilhão seria aplicado nos primeiros 24 meses após a assinatura do contrato. "As quantidades envolvidas são espantosas, são gigantescas. O campo de Camisea abriga 13 trilhões de pés cúbicos de gás natural e 600 milhões de barris de petróleo" assinalou.

De acordo com o senador, o problema teria começado quando as empresas já haviam investido US$ 250 milhões e preparavam-se para iniciar a segunda fase do projeto com a construção de um gasoduto até Lima. Neste momento, explicou o senador, as empresas exigiram a aplicação de uma administração vertical, pela qual elas teriam o controle completo, não apenas sobre a exploração do gás, mas também sobre o transporte (gasoduto), a distribuição e os direitos de exportação da produção excedente, além do estabelecimento de determinadas tarifas.

Fogaça disse que Fujimori teve um "lampejo e resolveu sair da direita e posicionar-se na esquerda", rejeitando as exigências das empresas, por entender que a proposta caracterizava um monopólio privado contrário ao interesse do povo peruano. De acordo com o senador, as empresas ameaçaram deixar o país e os embaixadores do Reino Unido e dos Estados Unidos, países sede da Shell e da Mobil Oil, reuniram-se com Fujimori para intervir a favor das empresas, mas não obtiveram sucesso.

Fujimori abriu nova licitação, continuou Fogaça, para novo contrato de concessão, que foi ganho por um consórcio formado por três pequenas empresas, a argentina Pluspetrol, a coreana SK e a americana Hunt. O senador acredita que as empresas e os governos contrariados, tramaram para desestabilizar o governo de Fujimori. "O ditador não caiu pelo autoritarismo ou pelas denúncias de fraude e corrupção. Ele caiu por um gesto de nacionalismo em defesa do povo peruano. Ele feriu o interesse dos investidores estrangeiros no seu país e, nesse momento, ele caiu", concluiu Fogaça.

27/11/2000

Agência Senado


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