Frente atribui queda ao próprio Ciro
Frente atribui queda ao próprio Ciro
Presidenciável do PPS é aconselhado de novo por assessores para moderar tom de declarações
Integrantes da coordenação da campanha de Ciro Gomes (PPS) à Presidência da República avaliaram ontem que parte da culpa pela queda do ex-governador nas pesquisas de opinião deve ser atribuída ao próprio candidato, autor das frases levadas ao ar no programa eleitoral de José Serra (PSDB).
As declarações de Ciro referindo-se a um ouvinte na Bahia como "burro" e afirmando ter estudado a vida toda em escolas públicas têm sido os principais instrumentos do tucano na tentativa de carimbá-lo como "desequilibrado" e "mentiroso".
Embora todos concordem que as afirmações foram retiradas do contexto e que há explicações para os deslizes de Ciro cansaço, pressão e até mesmo, como costumam dizer, o temperamento "indignado" do ex-governador-, avaliam também que a estratégia de Serra não teria surtido efeito se as frases não existissem.
Outro exemplo de erro do gênero cometido pelo candidato, dizem, foi o de ter negado o microfone a um estudante negro da Universidade de Brasília, no início do mês, alegando que ele não poderia ter essa prerrogativa apenas por ser negro, já que ninguém mais tivera a mesma chance.
Interlocutores do candidato do PPS já chegaram a receber denúncias de pessoas interessadas na compra de imagens ou de declarações gravadas de Ciro que sigam o mesmo tom e que possam comprometer a candidatura.
Emitiram um alerta sobre a possibilidade de provocações em eventos públicos feitas justamente com o objetivo de reprodução no horário eleitoral.
Diante disso, o presidenciável, como já aconteceu em diversas outras ocasiões na campanha, foi novamente aconselhado a moderar o tom de suas declarações.
O argumento utilizado foi o de que mesmo sendo naturais, alguns erros de campanha podem acabar sendo potencializados, em especial quando partem do candidato ou de aliados próximos. Dado de maneira sutil, o recado, avaliam, foi absorvido por Ciro.
Há setores da campanha, entretanto, que vêem a queda nas pesquisas não como um erro do candidato, mas como uma tentativa de fraude nas eleições.
Por isso o PDT de Leonel Brizola prepara uma petição para ser encaminhada à Internacional Socialista, entidade à qual a sigla é filiada, solicitando uma auditoria internacional para o acompanhamento do processo eleitoral.
Tasso
Após análise de pesquisas qualitativas feitas para avaliar o programa de TV do pepessista, foi decidido que, além da mulher de Ciro, a atriz Patrícia Pillar, também seus aliados da Frente Trabalhista e de outros partidos deverão participar do programa eleitoral. A primeira contribuição de Patrícia poderá ir ao ar ainda hoje.
Já a presença dos políticos está programada para a próxima semana. Cogitou-se até mesmo a participação de Tasso Jereissati. Desistiram após advogados da Frente afirmarem que a iniciativa poderia levar à cassação da candidatura do tucano ao Senado.
Tasso e o presidente do PFL, Jorge Bornhausen, participaram de reunião ontem em São Paulo com Walfrido Mares Guia (PTB), um dos coordenadores da candidatura, para discutir a campanha. Contrários aos ataques pessoais a Serra e ao presidente Fernando Henrique, defenderam que as chamadas incongruências tucanas sejam levadas ao ar de maneira "educada e consistente".
Ciro promete 'sangue'; Serra mantém ataques
Após queda nas pesquisas, campanha do candidato do PPS quer colar no presidenciável tucano rótulo de governista
O novo cenário eleitoral desenhado pelas pesquisas mais recentes, que aproximaram José Serra (PSDB) de Ciro Gomes (PPS), vai trazer um pouco mais de "sangue" à campanha do ex-governador do Ceará.
"Sangue" é a expressão usada por João Herrmann Neto, vice-presidente nacional do partido de Ciro, para designar não ataques pessoais, mas a tentativa de colar em Serra o rótulo de governista.
"A campanha deve mostrar que o candidato que está acusando Ciro é o que representa todas as mazelas legadas pelo governo, da dívida externa ao desemprego e à violência jamais vista", afirmou Herrmann.
A Folha conversou com quatro representantes da campanha Ciro (Luís Costa Pinto, chefe da assessoria de imprensa, Egydio Serpa, porta-voz, e Walfrido Mares Guia, deputado petebista da coordenação nacional, além de Herrmann, que é líder do PPS na Câmara dos Deputados).
Todos negaram a intenção de utilizar o "bateu, levou".
Mas Costa Pinto deixa aberta uma fresta: "Ataques pessoais, só se a coisa degringolar".
Contra-ataque
O senador Jorge Bornhausen (SC), presidente nacional do PFL e o principal apoio de Ciro no partido, defende, no entanto, outra linha: sugere que os comerciais curtos (as inserções de 30 segundos) sejam usados para contra-atacar. "Os ataques contra Ciro tiveram efeito porque não houve resposta rápida nem adequada", avalia Bornhausen.
"Se respondidos de forma inteligente e adequada, interrompe esse processo [de queda de Ciro e subida de Serra]", completa.
Qual seria a forma inteligente? Deixar que o candidato continue a fazer propostas, enquanto "terceiros" usariam os comerciais para atacar Serra.
O senador pefelista acredita que Serra só ganhou pontos porque os ataques foram anônimos, em vez de serem assinados, "como seria juridicamente correto".
Bornhausen acha que, se os ataques levassem assinatura, ganharia Lula, uma tese que leva em conta a sabedoria política convencional segundo a qual "quem bate não sobe", como diz o deputado Aloizio Mercadante (PT-SP), candidato ao Senado.
Apoio ao tucano
A avaliação de outros integrantes da campanha Ciro difere algo da que Bornhausen faz. O deputado Walfrido Mares Guia, por exemplo, diz que o "volume de campanha do Serra, mais todos os apoios que ele tem, certamente levariam a uma mexida nas pesquisas". Reforça Serpa, o porta-voz: "Você acha que seria fácil enfrentar grande parte do sistema financeiro, o próprio mercado e grande parte da mídia?".
Seja qual for a causa da "mexida", o programa de Ciro terá mudanças, antecipa Mares Guia: "Ciro apareceu muito solitário. Agora, o programa vai mostrar mais gente, vai mostrar que ele tem o apoio de 184 deputados federais, de 30 senadores e da maioria dos que têm chances de ganhar para governador nos Estados".
Time que está ganhando
Do lado Serra, ninguém espera mudanças, até porque a sabedoria política convencional é igual à do futebol: em time que está ganhando não se mexe.
Pelo que a Folha apurou, nenhuma mudança substancial será introduzida, embora alterações diárias estejam sendo feitas, até porque a campanha, como as demais, é movida a pesquisas diárias sobre o humor do eleitor.
Pelas contas de Nizan Guanaes, o marqueteiro de Serra, 96% do programa gratuito é ocupado por propostas. O restante (mais os comerciais de 30 segundos) fica para os ataques, que Nizan chama de "legítima defesa"...
"Tudo o que a gente veiculou até agora foi gerado pelo Ciro Gomes, que deveria até assinar a ficha técnica do programa", diz o publicitário, em alusão ao fato de que o que vai ao ar sai de entrevistas do próprio candidato do PPS.
A "mexida" nas pesquisas que incomoda o comando de campanha de Ciro foi tão forte que Nizan diz estar empenhado agora em lutar contra o "já ganhou" depois de uma batalha, bem mais prolongada, contra o "já perdeu".
"Queda definitiva é só de avião", diz o marqueteiro de Serra, para deixar claro que não considera o recuo de Ciro como um fato que se reproduzirá necessariamente nas próximas pesquisas de intenção de voto.
"Coisas inacreditáveis"
A campanha Serra se considera municiada para manter os ataques (ou "legítima defesa"): fez uma varredura na biografia de C iro e diz ter encontrado "coisas inacreditáveis", na expressão ouvida pela Folha no QG tucano.
Do lado Ciro, também há material, mas parece haver o receio de que o adversário tenha maior poder de fogo, não em argumentos mas em tempo.
"Nós temos dois comerciais por dia, a metade do que o Serra dispõe", lembra Mares Guia.
De todo modo, a estratégia da Frente Trabalhista de Ciro (PPS-PDT-PTB) para os próximos dias estava sendo tratada na noite de ontem, no Rio, em reunião com representantes dos três partidos que a formam, além do senador pefelista Bornhausen.
Não sou nenhum "monstro", afirma Ciro
"Por mais que se queira construir um monstro agressivo, isso é uma versão que não corresponde à minha vida", diz candidato
O candidato do PPS à Presidência, Ciro Gomes, declarou ontem que a estratégia de seus adversários é transformá-lo em um monstro agressivo e desequilibrado: "Não vou deixar que meus adversários figurem uma pessoa que efetivamente não sou", disse.
Ciro passou toda a manhã e parte da tarde em São Paulo, onde gravou programas de TV e reuniu-se com assessores. Nos encontros, ficou definido que ele adotará uma postura equilibrada e será mais atento aos discursos para se desvencilhar dos ataques de José Serra (PSDB) e "colar" no tucano a imagem de imaturo.
Na entrevista, Ciro mediu cada palavra: "Esta é 13ª eleição da qual eu participo. Não fui candidato em todas elas, é bom deixar claro, porque agora tudo que eu falo como força de expressão vira literal. Se eu falo "passei a noite inteira te procurando", pronto, dizem que eu menti, porque na verdade passei só oito horas te procurando".
Aparentando tranquilidade, Ciro disse que a campanha não sofrerá mudanças radicais mesmo após sua queda nas pesquisas ("eu não costumo dar muito valor às pesquisas") e que evitará ataques diretos a Serra: "É uma questão ética. Minha natureza não é essa. Por mais que se queira construir um monstro agressivo, desequilibrado, isso é uma versão que não corresponde à minha vida".
Mas insinuou ter munição contra o tucano. "Eu tenho Ricardo Sérgio [ex-arrecadador de fundos de campanhas tucanas]. Conheço o Serra de mil anos, eu conheço todas as graves questões que ficaram por aí sem serem respondidas. Agora, o que isso acrescenta à educação política do país?"
Hoje à noite, Ciro vai jantar com empresários cariocas. O anfitrião é Álvaro Luiz Otero, do banco Pebb. Ontem a lista de presentes chegava a 80 pessoas. Além dos convites, os convidados receberam instruções sobre como contactar o comitê financeiro de Ciro para doar dinheiro. A contribuição sugerida é algo entre R$ 10 mil e R$ 20 mil para cada um.
O combinado é que não sejam feitas doações hoje para não caracterizar o jantar como um encontro de adesão e assim ampliar o número de presentes. Mas estarão lá os arrecadadores de Ciro: o irmão, Lúcio Gomes, o empresário Márcio Lacerda, e o deputado Walfrido Mares Guia (PTB-MG).
O fluxo de recursos continua difícil na campanha de Ciro. A preferência dos empresários por Serra é acentuada pela atuação de Lúcio Gomes, criticado por potenciais aderentes por ser pessoa de diálogo difícil, que prefere "ser procurado" a "procurar".
Entre eleitores com telefone, Lula tem 32%, e Ciro, 25%
Rastreamento passa a usar "média móvel" de duas pesquisas, e margem de erro cai
O candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assumiu a liderança isolada da corrida presidencial após pesquisa concluída ontem à noite- em rastreamento feito pelo Datafolha apenas entre eleitores que têm telefone fixo.
Com a "média móvel" das duas últimas pesquisas, Lula obteve 32% das intenções de voto, Ciro Gomes (PPS), 25%, José Serra (PSDB), 19%, e Anthony Garotinho (PSB), 11%. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos.
Na "média móvel" anterior, Lula tinha 30%, Ciro, 26%, Serra, 18%, e Garotinho, 10%.
O que é a "média móvel"
A partir de hoje, com quatro pesquisas já realizadas, o Datafolha deixa de divulgar, isoladamente, o resultado de cada pesquisa com 600 entrevistados que tinha margem de erro de quatro pontos percentuais.
O instituto passa a consolidar os resultados de duas pesquisas para extrair um número. Como a amostra aumenta, a margem de erro cai.
A média é "móvel" porque sempre considera o resultado da pesquisa anterior.
Por exemplo, a "média móvel" divulgada hoje se refere a duas pesquisas, uma feita no dia 25 e outra, ontem.
A próxima "média móvel" vai levar em conta os entrevistados de ontem somados aos de pesquisa a ser feita amanhã.
Como faz desde que começou o rastreamento, na semana passada, o instituto adverte que os resultados não representam a opinião de 100% do eleitorado, já que apenas cerca de 54% do eleitorado brasileiro tem telefone fixo.
Erundina abdica de horário eleitoral por causa de Garotinho
A deputada Luiza Erundina (PSB), candidata à reeleição, abdicou de seus segundos no horário eleitoral gratuito por não concordar em vincular seu nome à candidatura do presidenciável de seu partido, Anthony Garotinho.
"Não seria coerente com minha posição declarada de preferência por uma aliança da oposição. Nada tenho de pessoal contra Garotinho, mas essa candidatura só veio para diminuir o número de parlamentares eleitos pelo PSB nesta eleição", disse a deputada.
Erundina, que desistiu de se candidatar ao governo do Estado em março alegando não haver estrutura para a campanha, é o nome mais forte do partido em São Paulo. Foi vereadora (1983-1986), deputada estadual (87-88) e prefeita da capital (89-92). Em 93, foi ministra-chefe da Secretaria da Administração Federal, no governo de Itamar Franco (PMDB).
A deputada afirmou que, em conversa com dirigentes do partido, descobriu que teria direito a menos de dez segundos no horário eleitoral, além de ter de aparecer com uma tarja "Garotinho 40" no cenário. "Não aceitei as condições. Não estou pedindo privilégio, mas acho que é um fato de que poderia puxar votos."
Ao ser questionada se não teria prejuízos na campanha por não aparecer no horário eleitoral, Erundina disse: "Paciência. Tenho coerência na vida".
Para o presidente regional do PSB, Márcio França, é um "equívoco" da deputada rejeitar os segundos no horário eleitoral. "É claro que Erundina é puxadora de votos, mas acho que ela pode acabar não se reelegendo por isso."
Garotinho, que fez campanha ontem na Grande São Paulo, ao ser indagado pela reportagem da Folha sobre a recusa da deputada em gravar o horário eleitoral, reagiu: "Então você me dá os nomes desses líderes que eu respondo".
A reportagem informou o nome de Márcio França. O presidenciável respondeu: "Pois mandem chamar o Márcio França aqui que ele vai te desmentir na tua frente". Assessores procuraram Márcio França, que não foi encontrado.
A reportagem então fez a pergunta de outra forma, questionando por que Erundina ainda não tinha aparecido no horário eleitoral. "Porque ela queria mais tempo do que os outros candidatos". Garotinho foi questionado se o tempo deveria ser igual a um provável puxador de votos.
"Por que um candidato vai puxar mais votos que outro?", indagou. Um repórter respondeu: "Porque ela foi prefeita de São Paulo, por exemplo". Garotinho rebateu: "O tempo será igual, o partido não vai abrir mão disso".
O presidenciável fez carreata ontem em Itaquaquecetuba, Guarulhos e Osasco. Em Guarulhos, caminhou pelo centro. Na primeira cidade, com voz rouca, em entrevista, reclamou do espaço à sua campanha na mídia.
"Sábado vou apresentar uma medição no horário eleitoral provando que os outros candidatos têm mais espaço." Garotinho iria fazer uma palestra na sede do MSTU (Movimento dos Sem Terra Urbanos), mas desistiu por causa da rouquidão.
TSE só enviará tropas em casos extremos
Forças Armadas sustentam que não há recursos financeiros para oferecer a mesma proteção de eleições anteriores
Os comandos das Forças Armadas avisaram o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que nestas eleições só darão proteção nos locais em que a presença for imprescindível, sob o argumento de que não há recursos financeiros que permitam uma fiscalização ampla.
Até agora o TSE aprovou pedidos de envio de tropas para cidades do Pará (23 cidades) e de Roraima (todo o Estado), tradicionalmente protegidas, e devolveu uma solicitação feita pelo Tribunal Regional Eleitoral do Acre para que o órgão reveja a necessidade. Ainda será examinado um pedido relativo ao Tocantins.
O presidente interino do TSE, ministro Sepúlveda Pertence, disse que o clima de confronto entre o TRE do Acre e o governador Jorge Viana (PT) será levado em conta na aprovação ou não do envio de tropas ao Estado.
A presidente do TRE do Acre, desembargadora Miracele Borges, conversou ontem com Pertence. Afirmou que não falou sobre o processo contra o governador e que só tratou da necessidade da presença militar nos dias próximos à votação, em 6 de outubro.
Miracele disse que a proximidade com a fronteira e o fato de o Estado ser "corredor de drogas" justificariam a medida. Ela disse que, em outros anos, houve acusações contra candidatos que trocariam droga por voto. Ela quer que atinja todas as 22 cidades acreanas.
Em recente sessão administrativa, o presidente do TSE, Nelson Jobim, que está em viagem para a China, disse aos outros ministros que os comandos das Forças Armadas haviam apresentado um pedido de moderação na aprovação de pedidos. O Exército afirma que poderá ter dificuldade para atender aos pedidos de envio de tropas aos Estados diante da liberação antecipada de 44 mil recrutas no final de julho. A dispensa antecipada dos recrutas foi causada por cortes no Orçamento determinados pelo governo federal.
Crescimento de Serra já preocupa o PT
Lula deve continuar a evitar confronto na televisão na esperança de obter dividendos do duelo entre tucano e Ciro
A ascensão de José Serra (PSDB) e a queda de Ciro Gomes (PPS) nos mais recentes levantamentos eleitorais provocaram na cúpula da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) um estado de alerta que se traduz em um temor e uma expectativa.
O temor, óbvio, é que o crescimento de Serra, se ampliado e repetido nas próximas semanas, torne-se uma onda eleitoral que venha atropelar o petista no início da disputa do segundo turno. O tucano é tido como adversário mais difícil de ser vencido.
A expectativa é que Ciro e Serra se mantenham em disputa apertada até o primeiro turno, trocando ataques que obrigariam o lado derrotado a aderir a Lula no segundo turno, facilitando a caminha do candidato petista ao Palácio do Planalto.
Desde o ano passado, a estratégia de campanha do PT previa que o segundo turno ocorreria entre Lula e o candidato da situação. A performance de Ciro fez com que fosse revista essa estratégia, levando a um cenário em que o petista se diria o candidato da estabilidade contra supostas incertezas que acompanhariam o candidato do PPS.
Nas reuniões semanais do comando petista, o efeito do horário eleitoral em favor de Serra era previsto, mas com um impacto menor do que o verificado em pesquisa do Ibope, que apontou crescimento de seis pontos do tucano e queda de cinco de Ciro, com uma diferença entre os dois de apenas quatro pontos.
Para os petistas, o voto em Ciro não estava cristalizado e o percentual de Serra subvalorizado, dada à força e transferência de votos tradicionais de um candidato da situação.
No segundo turno, o tucano é tido como candidato mais difícil de ser batido porque iniciaria a disputa em clima de vitória, agregando exponencialmente apoios em seu favor.
Um dos efeitos imediatos da subida de Serra é a interrupção ou a redução significativa de adesão de setores do empresariado e de políticos mais tradicionais à candidatura Lula. Sem o tucano no cenário e com desconfianças sobre Ciro, o petista tinha mais facilidade de costurar esse tipo de apoio.
O PT avalia que os ataques de Serra a Ciro também ajudaram Lula, na medida em que "desconstituíram" a imagem do candidato do PPS, mantido em um patamar inferior ao do petista.
No curto prazo, está mantida a estratégia de não entrar no duelo Ciro-Serra. No cenário dos sonhos de Lula, poderia até possibilitar a vitória no primeiro turno.
Numa visão hoje mais plausível, o cenário mais desejável pelo PT é enfrentar um Ciro bem ferido. No entanto, é óbvio que o petista espera que o candidato do PPS também fragilize Serra.
Num primeiro momento, o PT julgou boa notícia a queda de Ciro, pois estava preocupado com a resistência demonstrada por ele.
O PT planeja aguardar o resultado dos anunciados contra-ataques de Ciro a Serra para ter mais claro quem será o provável adversário no segundo turno.
Nos próximos dez dias, pelo menos, continuará a ser seguido o roteiro "Lulinha quer paz e amor", definição recente do próprio candidato para o comportamento ora evasivo, ora brincalhão- que busca demonstrar maturidade e evitar conflitos.
Ao avaliar prós e contras de ter Ciro ou Serra como adversário no segundo turno, um cacique petista diz que o tucano é uma "pessoa jurídica" mais forte do que Ciro. Este, entretanto, é "pessoa física" com mais força.
Leia-se: Serra tem condições de reunir apoios mais significativos. Já Ciro, apesar do carisma e de ser tido como bom comunicador, teria menos apoios. Lula poderia dividir com vantagem, crê a cúpula do PT, o empresariado e o mercado financeiro.
TV não muda e "Lula-lá" de 89 é retomado
A campanha eleitoral petista na televisão seguirá abordando temas únicos por dia, sem ataques diretos aos adversários ou até mesmo ao governo Fernando Henrique Cardoso.
A subida de José Serra e a queda de Ciro Gomes nas pesquisas não mudará o formato nem o tom dos programas.
A avaliação do PT é que o publicitário Duda Mendonça tem conseguido apresentar propostas de campanha do petista, em tom politizado e dando a Lula um tratamento que o distancia dos adversários. Esse distanciamento facilitaria a composição de apoios no segundo turno.
Duda Mendonça reserva para a reta final de campanha programas com tom maior de emoção, na tentativa de ampliar a mobilização dos militantes. Um de seus trunfos será colocar no ar o jingle "Lula-lá", da campanha de 1989.
Assessor de Bush discute Alca com o PT
A implantação da Alca (Área de Livre Comércio das Américas) e e o apoio ao governo da Venezuela são os dois "impasses" na relação do governo George W. Bush com um eventual governo do PT.
Ontem, durante uma hora, o embaixador Richard Haass, diretor do Escritório de Planejamento de Políticas do Departamento de Estado do EUA (assessor do secretário de Estado, Colin Powell), reuniu-se com Marco Aurélio Garcia, integrante da coordenação de campanha do presidenciável petista Luiz Inácio Lula da Silva e secretário de Cultura de São Paulo, e Jorge Mattoso, secretário de Relações Internacionais do município.
Em visita de três dias ao país, Haass encontrou-se com assessores dos três principais candidatos a presidente, sendo os últimos os petistas. "Ele me pareceu mais pomba [da paz" do que falcão", resumiu Marco Aurélio Garcia, numa referência ao apelido dado a assessores de Bush favoráveis a ações bélicas.
Alca
Garcia abriu a conversa com Haass, expondo as linhas gerais da proposta econômica do PT, enfatizando a necessidade de reduzir "constrangimentos externos" ao país.
O embaixador norte-americano apontou o que classificou de um "paradoxo" petista : o partido defende o aumento das exportações, mas é contrário a Alca. Lembrou que, depois de dez anos de discussões, o Congresso dos EUA deu poderes ao presidente para que assinasse os acordos comerciais que permitirão a integração comercial dos países do continente.
Garcia rebateu dizendo que as restrições a produtos e setores aprovadas pelos parlamentares americanos prejudicam as exportações brasileiras e inviabilizam a Alca, na visão do PT. "É um impasse que precisamos contornar", disse Haass aos petistas.
Garcia afirmou que um eventual governo petista não estimularia o "sentimento antiamericano" nas negociações, mas que agiria, assim como os EUA fazem, de "maneira ativa" para evitar perdas para o país.
O segundo "impasse" foi o questionamento do governo americano sobre o relacionamento e apoio de Lula ao presidente da Venezuela, Hugo Chávez.
A resposta foi que o PT apóia o venezuelano porque este é detentor de mandato constitucional para o qual foi eleito. "Não se trata de gostar ou não", disse Garcia. "Nem sempre os melhores são eleitos", rebateu Haass.
Diálogo
O secretário petista relatou que na última reunião de Lula com Chávez, ocorrida em outubro do ano passado, o petista aconselhou o presidente venezuelano a dialogar mais, mesmo com setores oposicionistas, para evitar o seu isolamento e o aumento da tensão social no país.
Outro ponto sobre o qual o embaixador quis conhecer a posição do PT foi a guerra civil vivida na Colômbia.
Garcia avaliou que o Brasil errou por "omissão" ao não tentar participar diretamente da resolução dos conflitos entre governo e guerrilheiros.
Defendeu uma solução negociada, sem ações militares. Ouviu de Haass que os americanos defendem uma saída diplomática, mas que essa talvez não seja possível sem que ocorram antes o que chamou de "exercícios militares".
CNT/Sensus registra menor queda de Ciro
Candidato perdeu 3,1 pontos
A pesquisa CNT/Sensus, divulgada ontem, confirma a tendência de queda do candidato a presidente Ciro Gomes (PPS-PTB-PDT) e a de crescimento de José Serra (PSDB-PMDB), mas não com a intensidade registrada pelos demais institutos. Ciro caiu de 28,6% para 25,5% e Serra oscilou de 13,4% para 14,7%.
A diferença entre os dois candidatos que disputam uma vaga no segundo turno contra Luiz Inácio Lula da Silva (PT-PL-PMN-PC do B) caiu de 15,2 pontos percentuais para 10,8 pontos.
Na pesquisa CNT/ Sensus, Lula lidera com 34% (ele tinha 33,5% entre 11 e 13 de agosto). Anthony Garotinho (PSB) caiu de 12,1% para 10,4% e está na quarta colocação. Em um eventual segundo turno, Ciro teria 44,7%, contra 43,3% de Lula.
Foram ouvidos 2.000 eleitores entre os dias 24 e 26 deste mês. A pesquisa tem margem de erro diferente de acordo com o percentual de resposta de cada pergunta.
Marta terá de explicar uso de carro oficial
Ministério Público cobra explicações de outras 14 pessoas, entre elas Alckmin, por uso de veículos em eventos eleitorais
A prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (PT), terá de justificar à Procuradoria Regional Eleitoral a utilização de carro oficial, no último dia 13, em um evento partidário do candidato petista à sucessão estadual, José Genoino.
Geraldo Alckmin, governador e candidato à reeleição, recebeu ontem o mesmo pedido, apesar de, no evento tucano investigado pela Procuradoria, ter utilizado um veículo alugado exclusivamente para a campanha eleitoral.
Além de Marta e de Alckmin, a lista de autoridades oficiadas ontem pelo Ministério Público incluiu pelo menos outras 13 pessoas em sua maioria, prefeitos do interior que supostamente usaram o carro em atos eleitorais.
A utilização de veículos oficiais nesses casos é irregular pois contraria a lei 9.504, que proíbe "ceder ou usar, em benefício de candidato, partidos políticos ou coligação, bens móveis ou imóveis pertencentes" a municípios, Estados e União.
Marta Suplicy disse, por meio de sua assessoria, que o uso do carro oficial é uma prerrogativa do cargo.
Por meio dos ofícios, a Procuradoria quer saber onde estavam os carros oficiais no dia e no horário dos três eventos investigados.
O primeiro evento, ocorrido no último dia 13, foi o lançamento do programa de governo do candidato petista José Genoino.
Além do carro da prefeita, a Procuradoria quer saber se o deputado Aloizio Mercadante e o presidente nacional do PT, José Dirceu, também chegaram ao ato em carros oficiais. Eles deverão ser notificados hoje pelo órgão.
Subprefeituras
Outras subprefeituras da capital já foram representadas pela Procuradoria na Justiça Eleitoral.
Dois dias depois do evento de Genoino, a mesma irregularidade foi flagrada em um ato pró-Alckmin. Pelo menos quatro prefeituras do interior receberam ontem ofícios para que justifiquem o uso irregular de um bem público.
O último evento que virou alvo de investigação pela Procuradoria foi o de apoio ao candidato pelo PPB ao governo paulista, Paulo Maluf. Na última segunda-feira, pelo menos nove carros de seis prefeituras e Câmaras do interior e da Grande São Paulo foram usados para transportar autoridades a um almoço promovido pelo partido do candidato.
Ontem, um carro oficial voltou a ser usado para transportar um prefeito a um ato de campanha de Maluf.
O Ministério Público deu 48 horas, a partir do momento do recebimento do ofício, para que os citados apresentem uma defesa.
Artigos
A última virgem
Clóvis Rossi
SÃO PAULO - A anestesia de boa parte do público, estimulada por um setor do jornalismo, faz com que a aberração passe por normalidade no jogo eleitoral em andamento.
A mais recente aberração, engolida como se fosse a coisa mais natural do mundo, é o abraço entre Luiz Inácio Lula da Silva, o candidato do PT, e o ex-presidente José Sarney.
Nada contra alianças, é bom esclarecer de saída. Mas tudo contra alianças que não incluam um "erramos" a respeito do comportamento das partes no passado.
Nesse caso, ou José Sarney faz uma autocrítica e diz que o PT tinha toda a razão em esculhambá-lo como fez durante os seus cinco anos de governo, ou o PT é que vem a público para dizer que Sarney foi um presidente ao menos razoável.
Sem esse "erramos" de uma parte, de outra ou de ambas, a aliança de agora equivale a vender a alma para ganhar a eleição para usar expressão de Ciro Gomes (ele próprio sem autoridade moral para utilizá-la depois de juntar no mesmo saco fisiológicos, ressentidos e alguns ideológicos, como se todos fossem de fato "trabalhistas" desde o berço).
Não me venha o leitor petista com o argumento de que todos fazem esse tipo de aliança esdrúxula. É verdade, mas é, para os outros, verdade antiga. Aos olhos do PT, venderam a alma antes (no discutível pressuposto de que de fato a tivessem).
O PT, ao contrário, pretendia-se a virgem no bordel que dizia ser a política tupiniquim. Agora, até chama os fotógrafos para testemunhar um defloramento após o outro.
Repito: nada contra alianças. Mas o eleitor tem o direito de saber por que Sarney de repente virou cidadão de bem aos olhos do PT, que antes o acusava até de "grilagem" de terras. Política não pode ser feita, eternamente, ao ritmo de esqueçam o que eu escrevi, esqueçam o que eu disse, esqueçam quem eu fui.
Colunistas
PAINEL
Toque de recolher
O crescimento de José Serra nas pesquisas fez acender a luz amarela na tesouraria do comitê de Ciro Gomes, que está com dinheiro contado. Teme-se uma debandada de financiadores, que voltaram a acreditar que o candidato tucano é o anti-Lula.
Braços financeiros
Tasso Jereissati (PSDB) e Jorge Bornhausen (PFL) entraram em campo para evitar a " descapitalização" da campanha de Ciro. Após se reunirem com o candidato, iniciaram uma nova série de contatos com empresários.
Rearranjo
A subida de Serra também preocupa o PT. A sigla avaliava que, com a polarização Lula-Ciro, o petista herdaria preferência de boa parte da elite de SP. Com Serra no páreo, tudo muda.
Bombardeio aliado
Foi só Ciro cair nas pesquisas que as divergências na Frente Trabalhista emergiram. O PTB diz que a campanha está sem comando e reclama de Tasso e de ACM. O baiano culpa a equipe de marketing e o PPS diz que o problema é que a candidatura, com o PFL, ficou muito à direita.
Operação colagem
Serra conseguiu, com o horário eleitoral, voltar a ser o "candidato do governo". No Ibope, pela primeira vez desde junho ficou em primeiro entre os que consideram como ótima/boa a gestão FHC: está com 29% (tinha 19%), contra 24% de Ciro (32%) e 23% de Lula (23%).
Efeito gangorra
O PT insistirá nos ataques a Serra. Quer evitar que o tucano ultrapasse Ciro e dispare nas pesquisas. O ideal petista é que os dois disputem palmo a palmo o segundo lugar até o fim.
Outra prática
No debate da Confederação Nacional da Agricultura, Serra prometeu criar o seguro-safra. Projeto do deputado Rubens Bueno (PPS) já prevê tal benefício, mas a base do governo na Câmara impediu a votação.
Agenda reservada
José Alencar (PL) foi procurado pelo Banco Mundial para um café da manhã hoje em SP. O vice de Lula se encontrará com Assaad Jabre, vice-presidente mundial do IFC, órgão do Bird. O banco pediu a ele que não divulgasse o encontro à imprensa.
Um e outro
Ao mesmo tempo que tenta esconder FHC de sua campanha em Minas Gerais, o tucano Aécio Neves leva Itamar Franco ao seu programa eleitoral de TV.
Carapuça
Maluf (PPB) entrou no TRE com pedido de resposta no programa do PSDB, que dizia que "Alckmin nunca esteve envolvido com superfaturamento e contas em paraíso fiscal".
Moralização trabalhista
Partidos políticos e candidatos terão de recolher INSS dos cabos eleitorais contratados a partir desta eleição. A decisão do Ministério da Previdência foi publicada ontem no Diário Oficial.
Os últimos moicanos
A Coordenação Nacional dos Servidores Federais fez ato no Congresso para divulgar propostas para fortalecer o serviço público. Os presidenciáveis foram convidados. Apenas Zé Maria (PSTU) e Rui Pimenta (PCO) mandaram representantes.
Franco-atirador
De Garotinho (PSB), dizendo que Lula, nos anos 80, chamava José Sarney de "grileiro" e agora recebe de braços abertos o apoio do senador: "Será que o Sarney devolveu as terras? Ou o Lula também virou grileiro?".
Visita à Folha
Gabriel Chalita, secretário de Estado da Educação de São Paulo, visitou ontem a Folha. Estava acompanhado de Milú Villela, presidente do MAM (Museu de Arte Moderna de SP), do Instituto Itaú Cultural e do Instituto Brasil Voluntário Faça Parte, e de Carlos Magagnini, coordenador de imprensa da secretaria.
TIROTEIO
De Roberto Jefferson, líder do PTB, sobre pesquisa do Ibope que registrou empate técnico entre Ciro e Serra e referindo-se à denúncia de fraude nas eleições de 1982 ao governo do Rio:
- Só se eu estiver cego. Não estou vendo esse crescimento todo do Serra. Para mim, trata-se do Proconsult versão 2002.
CONTRAPONTO
Maldade eleitoral
O humor do candidato tucano à Presidência da República, José Serra, é sempre tema de piadas entre seus amigos e inimigos. Até mesmo o presidente Fernando Henrique Cardoso costuma espezinhar Serra em conversas reservadas.
Nas últimas semanas, com a subida de Ciro Gomes nas pesquisas de intenção de voto e antes dos sinais de recuperação de Serra, os aliados do candidato do PPS aproveitaram para, mais do que nunca, ironizar o tucano.
O deputado João Herrmann (PPS-SP), um dos coordenadores da campanha de Ciro, espalhou uma piada. Em uma viagem a Londres, Serra vira-se para sua mulher, Mônica, e pede:
- Mônica, me dá uma moeda que eu quero telefonar para um amigo meu no Brasil.
Mônica responde:
- Aproveita e leva duas, que assim você já fala com todos eles!
Editorial
MEDIDA AFIRMATIVA
Há uma proposta simplista e, ao final das contas, inadequada de combater a desigualdade no acesso ao ensino superior no Brasil: o estabelecimento de cotas em universidades públicas, seja para negros, seja para alunos do ensino médio oriundos de escolas públicas. Estados como a Bahia e o Rio de Janeiro optaram por essa via que, além de dúbia na origem (como selecionar afrodescendentes ou como garantir que o estudante da escola pública seja necessariamente carente?), atenta contra o princípio meritocrático que deve prevalecer quando o assunto é ensino superior.
Felizmente, na esfera federal houve resistência à idéia das cotas. O atendimento à justa demanda pela ruptura da segregação social no acesso ao ensino superior, nessa instância, começa a dar-se de outra maneira. Em medida provisória editada na terça-feira, criou-se um programa federal para transferir recursos a iniciativas -seja na área pública, seja na privada- como a instalação de cursos pré-vestibulares ou a concessão de bolsas de estudo a alunos negros, índios e/ou carentes.
Não se trata, portanto, de abrir uma porta privilegiada de acesso a vagas universitárias. Trata-se de proporcionar melhores condições de disputa por uma vaga a alunos de estratos sociais historicamente marginalizados. Trata-se, também, de ajudar financeiramente um aluno pobre que já tenha conquistado a vaga, dando-lhe um incentivo para que faça o curso até o fim.
Evidentemente esse tipo de iniciativa, embora conceitualmente melhor que a das cotas, também é um paliativo. A solução definitiva virá somente quando o Estado brasileiro puder proporcionar uma educação básica e média de nível equiparável à das melhores instituições particulares. Massificar o ensino de qualidade continua a ser um dos maiores desafios para que a democracia no Brasil se enraíze socialmente.
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08/29/2002
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