Fórum Democrático encerra peregrinação pelo Interior
A Assembléia Legislativa realizou hoje pela manhã, em Camaquã, a penúltima audiência pública do Fórum Democrático- última no interior do Estado -, para debater o projeto de lei do Governo do Estado que propõe a criação da universidade estadual (Uergs). Realizado na Sociedade Recreativa Alvorada, o encontro reuniu cerca de 1.000 pessoas, caracterizando-se como um dos maiores públicos das 21 reuniões já realizadas. Na próxima segunda, dia 28, no auditório Dante Barone, da Assembléia Legislativa, será realiza a última audiência, desta vez abrangendo a Região Metropolitana, ocasião em que serão recebidas as propostas retiradas dos 22 encontros realizados e que irão subsidiar a elaboração de emendas ao projeto original do Governo.
O prefeito de Camaquã, João Carlos Machado, manifestou sua confiança de que nos debates sobre a criação da Uergs seja encontrado soluções para os problemas do ensino de segundo grau no Rio Grande do Sul. Como contribuição, sugeriu a ampliação do ensino técnico ao interior do Estado; a implantação de mais escolas de ensino médio e uma melhor distribuição regional das mesmas; melhoria nas instalações, construção de quadras esportivas e aquisição de equipamentos para a escolas de segundo grau; mais recursos para o transporte escolar; ampliação dos programas de distribuição de bolsas de estudos e de crédito educativo para estudantes carentes; e uma atenção especial as necessidades dos professores do ensino fundamental e médio.
O prefeito de Barra do Ribeiro, Carlos Cézar Albuquerque, falando em nome da Famurs, disse que os idealizadores da Uergs devem ter em mente que o cliente da nova universidade é a comunidade. Para tanto é preciso saber concretamente quais são suas necessidades e que técnicos ela precisa para se desenvolver. A partir destes estudos, definir onde implantar seus campus e quais os cursos que serão ofertados. “Ouvi dizer que a prioridade será o interior do Estado. Entretanto, há que se perguntar: podemos considerar Caxias, Pelotas, Santa Maria e Passo Fundo como interior do Estado?” Sob o mesmo enfoque, o presidente do Corede da região Centro-Sul, Luiz Cézar Leite, afirmou que se a universidade estadual for realmente para os excluídos, a região Centro-Sul, uma das mais empobrecidas do Estado”, deverá ser contemplada com um campus.
Em razão dessas inúmeras dúvidas e expectativas é que o deputado Onyx Lorenzoni (PFL), presidente da Comissão de Educação da Assembléia, responsável pela coordenação das audiências, considera necessário um aprofundamento de todas as manifestações recolhidas junto as comunidades do interior do Estado. Segundo ele, o Governo já conseguiu uma unanimidade das bancadas da Assembléia Legislativa sobre a necessidade da aprovação da criação da universidade estadual. “O que os deputados precisam agora é tempo e reflexão para transformar o projeto do Governo num projeto do Estado”, afirmou. Para Onyx, os parlamentares irão votar com a consciência de que estão criando a universidade que os gaúchos querem e necessitam e que seja motivo de orgulho para o Rio Grande e geradora de desenvolvimento.
O representante do Governo do Estado no encontro, José Clóvis de Azevedo, que é também o coordenador da comissão de implantação da Uergs, disse que a motivação da nova universidade é priorizar a pesquisa e a produção do conhecimento. Para ele, estes serão os diferenciais e o eixo central da universidade estadual. Nesse esforço, afirmou que o projeto está aberto para discussão. E informou que temas como a escolha do reitor e a reserva de vagas, amplamente debatidas nos encontros do Fórum Democrático, já foram definidos pelo Governo do Estado. “A escolha do reitor será feita através de eleição direta e o ingresso na Uergs se dará por vestibular, mas reservando vagas para candidatos de baixa renda”, declarou Azevedo, considerando ser isto possível e juridicamente viável.
Fazendo o contraditório a manifestação do representante do Governo estadual, o reitor da Universidade Regional da Campanha (Urcamp), Morvan Ferrugem, disse que “o Governo não pode querer reiventar a roda”, usando como argumento para a criação da universidade estadual de que ela irá priorizar a pesquisa. “As universidades instaladas no Estado já fazem isto há muito tempo”, afirmou. Para Ferrugem, o Governo quer passar para a sociedade uma imagem de que não existe, no Rio Grande do Sul, uma política correta para o ensino superior. “’É por isso que tenho dito que a Uergs é sim concorrencial as demais instituições, pois se querem realmente investir em tecnologia que façam parcerias com as universidades existentes”.
O reitor da Urcamp conceituou o projeto enviado pelo Governo como de evidente partidarização’’ e criticou seu envio do à Assembléia sem os devidos estatutos. “São eles que definem como será a nova universidade e sem o prévio conhecimento os deputados não poderão assegurar um mínimo de controle sobre o seu funcionamento”, declarou. Para Morvan Ferrugem, “criar uma universidade estadual é mexer com o dinheiro público e isto é muito sério. Portanto, é preciso que a Assembléia Legislativa tenha condições de fazer uma eficiente fiscalização do seu uso na Uergs”.
Participaram do encontro os deputados Onyx Lorenzoni (PFL), Edson Portilho (PT), Érico Ribeiro (PPB), Jussara Cony (PCdoB), Iara Wortmann (PMDB) e Luis Augusto Lara (PTB).
05/21/2001
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