Fragilizar a economia do narcotráfico é a melhor forma de combate às drogas, afirma delegado da PF



No combate ao narcotráfico, não basta apreender drogas e colocar traficantes na cadeia. De acordo com o delegado da Polícia Federal (PF) Oslain Campos de Santana, que responde pela Diretoria de Combate ao Crime Organizado, os resultados serão melhores com ações para enfraquecer a "economia" paralela a esse mercado. Por isso, ele defende mais atenção às investigações sobre a "lavagem" dos recursos, além de medidas para o confisco dos bens adquiridos pelos criminosos com a renda da atividade.

- Não adianta deixar o criminoso na posse dos bens. É indispensável mostrar que o crime não compensa atacando os lucros do negócio - disse o delegado, destacando ainda a importância de se chegar aos financiadores do tráfico.

Oslain de Santana foi um dos expositores de painel na Subcomissão Temporária de Políticas Sociais sobre Dependentes Químicos de Álcool, Crack e outras Drogas, que integra a Comissão de Assuntos Sociais (CAS). A subcomissão, que é presidida pelo senador Wellington Dias (PT-PI), está ouvindo representantes do setor público e da sociedade sobre o avanço do uso das drogas no país, especialmente o crack.

O delegado informou que a droga ilegal ainda mais consumida é a maconha. A estimativa é de que 2,6% da população entre 15 e 64 anos façam uso dessa droga. De 0,7% a 1% seriam usuários de cocaína e crack.Porém, a quantidade de usuários de maconha estabilizou-se, enquanto aumentou o de consumidores dessas duas últimas drogas, vindas sobretudo da Bolívia, Peru e Colômbia.

O país possui quase 17 mil quilômetros de fronteiras secas, com dez países da América do Sul, numa extensão que representa um desafio para o controle da entrada das drogas, afirmou o delegado. Numa comparação, ele observou que os Estados Unidos - que enfrentam a entrada de drogas a partir do México - mantém pouco mais de 3 mil fronteiras com o vizinho. Além de reforçar a vigilância das fronteiras, disse o delegado, a Polícia Federal vem ampliando a cooperação internacional para combater o tráfico, entre outras ações estratégicas.

Emprego

Pelo Ministério do Trabalho e Emprego, Zilmara Davi de Alencar, abordou iniciativas da pasta para contribuir com a inserção de dependentes químicos no mercado.Tanto sindicatos quanto entidades patronais estão sendo provocados a analisar cláusulas nos acordos coletivos para proteger trabalhadores que já estejam enfrentando problemas com drogas.

A senadora Ana Amélia (PP-RS) considerou surpreendente que o ministério só tenha agora, depois de provocado pela subcomissão, tenha começado a tratar da questão das drogas no mundo do trabalho. Como alerta, ela observou que as drogas já afetam trabalhadores da área rural. Segundo ela, o consumo de crack já está sendo observado nos canaviais e outras culturas.

O senador Waldemir Moka (PMDB-MS) chegou a sugerir que vagas de trabalho associadas aos programas de governo sejam reservadas para dependentes em fase de tratamento.



14/04/2011

Agência Senado


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