FREIRE DIZ QUE "GRAMPO" É CRIME COMUM



"O fato é muito grave para ser tratado politicamente. Tem que ser tratado criminalmente". A avaliação foi feita pelo senador Roberto Freire (PPS-PE), minutos depois da inquirição em plenário nesta quinta-feira (dia 19) do ministro das Comunicações, Luiz Carlos Mendonça de Barros. O senador sustenta que o "grampo" trazido a público pela imprensa - a gravação de diálogos do ministro com interessados na privatização do sistema Telebrás - tem que ser investigado, realizando-se ou não uma CPI para isso.Freire explicou que esses fatos encerram "uma notitia criminis, que começa com o "grampo" e que tem que ser apurada a partir do Ministério Público e da Polícia Federal, não politizada numa CPI". Em sua opinião, o procurador-geral da República está agindo incorretamente, desqualificando antecipadamente provas, quando deveria estar determinando as investigações. "No momento em que soube da existência do grampo, o procurador devia ter agido", afirmou Freire.Ele também disse que, em casos como esse, melhor seria que o ministro das Comunicações se afastasse. "Quando fui líder no governo Itamar Franco, eu primeiro defendia o afastamento do ministro. Foi o que aconteceu com Henrique Hargreaves (chefe da Casa Civil). Ele saiu e quando foi comprovada sua inocência, ele voltou ao cargo", explicou o senador.Roberto Freire também observou que, no curso dos trabalhos de uma CPI, sempre que se descobre um crime comum, o assunto é enviado para o Ministério Público, a fim de que ele tome providências. No caso das fitas gravadas com as conversas de Mendonça de Barros, ele acha que a ação agora é do Ministério Público. "Só se houver crime de responsabilidade é que concordo com a instalação de uma CPI", opinou. SUPLICY Ouvido pela imprensa, também depois da inquirição do ministro das Comunicações, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) se disse convencido de que agora aumentarão as assinaturas para o requerimento de aprovação de uma CPI para investigar a privatização do sistema Telebrás. "Até agora, temos a assinatura de 90 deputados e 16 senadores, mas tenho certeza de que esse número vai aumentar. Alguns senadores já me falaram isso", antecipou Suplicy.

19/11/1998

Agência Senado


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