Freire e Humberto negociam aliança



Freire e Humberto negociam aliança A conversa ocorrida ontem à noite entre o senador Roberto Freire (PPS) e o secretário de Saúde do Recife, Humberto Costa (PT), resultou em promessas mútuas para a formação de uma aliança. Como candidato a governador dos petistas, Humberto procurou, junto com Freire, candidato a senador dos pós-socialistas, superar a migração do deputado federal Pedro Eugênio e do ex-prefeito João Lyra Neto (ambos ex-PPS) para o PT. Costa repudiou qualquer veto ao PPS e assumiu, desde já, o compromisso de defender uma coligação proporcional do PT com o partido. "Nós queremos isso (coligação com o PPS) e essa discussão será travada com todos", disse Humberto. "A eleição proporcional tem apenas um turno, enquanto a majoritária pode ter dois turnos. Talvez a unidade mais importante seja na proporcional", salientou Roberto Freire. Ele admitiu as dificuldades da chapa do PPS, mas ressalvou que nenhum partido da oposição, exceto o PSB, tem condições de disputar sozinho em 2002, inclusive o PT. Humberto também se comprometeu a fazer de tudo para viabilizar um espaço para a candidatura presidencial de Ciro Gomes (PPS) no sonhado palanque único e plural das esquerdas. "Essa é a questão crucial desse debate. Vamos tentar desarmar os espíritos e evitar a divisão. Queremos somar e garantir essa convivência", declarou o secretário. Ele e o senador afirmaram que o prefeito de Petrolina, Fernando Bezerra Coelho, será colocado na mesa de negociações da chapa majoritária oposicionista, porque o PT não vai impor nada. Com as baixas do PPS, o PT aumentou a sua capacidade de jogo nesta fase de costura de alianças, iniciada após o fim do prazo de troca-troca partidário. Mas o PPS já emitiu sinais claros de que, se for excluído, não vai morrer na praia. O apoio do governador Jarbas Vasconcelos não será traumático para o PPS local se ele vier em função da candidatura de Ciro Gomes, hipótese provável para o caso do candidato do Planalto não deslanchar. Depois de conversar com Humberto, Freire foi ao Cabo, participar de um ato festivo de filiaçõesde vereadores, ex-prefeito e lideranças ao PPS. Seu próximo contato deverá ser o deputado federal Eduardo Campos, que hoje conversa com Fernando Bezerra Coelho em Brasília. Roberto Freire declarou que pode procurar o ex-governador Miguel Arraes a qualquer momento. "Apesar dele dizer que não se mete nessas coisas", brincou. Jarbas mantém bancada na Assembléia Encerrado prazo de filiação partidária, Governo assegura maioria na Casa, mas PFL perde a liderança O governador Jarbas Vasconcelos (PMDB) conseguiu segurar sua base de sustentação na Assembléia Legislativa, apesar de várias promessas de dissidências anunciadas nos últimos dois meses. Na eleição do próximo ano, 39 deputados farão parte do bloco que dará apoio à campanha majoritária da aliança União por Pernambuco, que inclui PFL, PSDB e PPB. Até lá, as forças no Legislativo se mantêm praticamente com a mesma proporção. A oposição conta com 10 parlamentares. Apenas um a mais, comparando o quadro de legendas anterior ao prazo de filiações e o atual. O deputado Ulisses Tenório (ex-PSDB) é o diferencial. Ele passou para o PTB. Mas não foram poucas as trocas partidárias. Nove deputados ingressaram em novas legendas. O PSDB tem a maior bancada, ocupando 11 cadeiras. Os novos tucanos são Gilberto Marques Paulo (ex-PFL), Malba Lucena (ex-PPB) e Geraldo Barbosa (ex-PFL). Já o PMDB, conseguiu, com a ajuda do governador Jarbas, aumentar um parlamentar no seu grupo: Lula Cabral (ex-PFL), que, ontem, confirmou a sua filiação. Ele passou a semana passada na corda bamba entre mais de um partido de oposição e chegou a anunciar sua filiação ao PSB. O PFL caiu da primeira posição do ranking das maiores bancadas para a terceira colocação. Agora, conta com nove parlamentares. Chegou a ter 12. Perdeu três deputados e ganhou um, Roberto Liberato (ex-PL). Liberato deixou o PL porque o partido pretende coligar-se com o PSB do ex-governador Miguel Arraes. Na prática, o PFL perdeu quatro, uma vez que Maviael Cavalcanti teve que deixar a Casa com a volta de Eudo Magalhães (sem partido) ao Legislativo. Eudo, que estava afastado do seu mandato, por sua vez, ingressou no PPB. Gilvan Costa deixou o PSC e entrou para o PTN. Malba Lucena abandonou o PPB. Nelson Pereira representará o PCdoB na Assembléia. Ele saiu do PT após ter os direitos partidários suspensos pela Executiva do partido. De acordo com o presidente do Legislativo, Romário Dias (PFL), ainda esta semana, a Mesa Diretora oficializará a nova composição da Casa. Segundo ele, com a entrega dos ofícios dos deputados sobre as mudanças de legendas, serão efetuadas modificações na estrutura de algumas comissões temáticas. Isto porque, segundo o Regimento Interno, as indicações para compor as comissões seguem a proporcionalidade das bancadas. Sai perfil de Mário Melo O jornalista Homero Fonseca entregou ontem ao presidente da Assembléia Legislativa, deputado Romário Dias, os originais do livro sobre o ex-deputado e jornalista Mário Melo. Este é o 13º volume do projeto Perfil Parlamentar do Século XX, editado pela Assembléia como apoio do DIARIO DE PERNAMBUCO. Os primeiros volumes com os perfis de Estácio Coimbra, Agamenon Magalhães e Paulo Cavalcanti serão lançados no dia 31 deste mês no Plenário da Casa. Os livros foram escritos por Ronildo Maia Leite, José Adalberto Ribeiro e Nagib Jorge Neto. Na semana passada o jornalista Ayrton Maciel entregou os originais sobre o ex-deputado e ex-governador Carlos de Lima Cavalcanti. No total, 22 ex-parlamentares, que atuaram no século passado, serão contemplados com a publicação de suas biografias. Senado convoca hoje pai de Barbalho BRASíLIA - O Senado convocará hoje Laércio Barbalho, pai e primeiro-suplente do ex-senador Jader Barbalho, para assumir a vaga aberta com a renúncia, na semana passada, do ex-presidente do Senado. O ofício já está pronto, mas será lido somente na sessão de hoje. De acordo com o regimento interno da Casa, Laércio terá 60 dias para tomar posse no Senado. Mas ele poderá pedir prorrogação por mais 30 dias. Se o pai de Jader recusar a assumir o cargo, o Senado convocará o segundo suplente, Fernando de Castro Ribeiro que, por sua vez, terá 30 dias para tomar posse. Ribeiro é suspeito de receber recursos irregulares do Banco do Estado do Pará (Banpará). O primeiro-secretário, senador Wilson Campos (PTB-PE), disse que, caso haja denúncias contra o segundo suplente Fernando Ribeiro, este também poderá ser processado. O senador Gilvam Borges (PMDB-PA) afirma que nem o pai de Jader nem Ribeiro assumirão. "Há um acordo no Estado para nenhum dos dois assumir e, assim evitar desdobramentos do mesmo caso", observou. O presidente do Conselho de Ética do Senado, Juvêncio da Fonseca (PMDB-MS), disse ontem que a Casa "precisa colocar as investigações de denúncias envolvendo senadores nos seus devidos lugares". Para ele, o conselho deve atuar de acordo com o regimento, que limita a investigação de atos ilícitos ocorridos durante o mandato do senador. "O conselho está agindo politicamente, mas precisa agir regimentalmente", afirmou o senador, lembrando, por exemplo, o caso do ex-senador Jader Barbalho (PMDB-PA) que renunciou ao mandato por conta das acusações de atos praticados antes de 1995. Juvêncio lembrou que o conselho voltará a se reunir para examinar outra denúncia contra um senador, por irregularidades praticadas anteriormente ao início do mandato. Trata-se de Luiz Otávio (PTB-PA)) acusado de envolvimento de desvio de recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a fabricação de 13 balsas que, conforme a denúncia em exame no Conselho de Ética, não teriam sido construídas. A senadora Heloísa Helena (PT-AL), relatora do caso, segundo seus interlocutores e amigos, deverá pedir a abertura de processo por quebra de decoro parlamentar contra o senador paraense. Luiz Medeiros será denunciado BRASÍLIA - O corregedor da Câmara, Barbosa Neto (PMDB-GO), afirmou ontem que as denúncias contra Luiz Antônio Medeiros (PF-SP) é caso de falta de decoro, se for comprovado que houve desvio de verbas ou remessa para o exterior. Medeiros é acusado por um ex-assessor de ter usado recursos de empresas para montar a Força Sindical e de ter desviado parte do dinheiro para contas no exterior. Ele destacou que só a partir da representação as providência podem ser iniciadas. O deputado federal Jair Meneguelli (PT) anunciou ontem em São Paulo que irá entrar com representação para que sejam feitas investigações sobre as denúncias contra Medeiros. "Há denúncias de enriquecimento ilícito e desvio de dinheiro público para uso pessoal, e isso deve ser muito bem apurado", disse. Segundo ele, as denúncias podem atingir outros membros da Força Sindical, inclusive o presidente da entidade Paulo Pereira da Silva, o Paulinho. Medeiros negou ontem que tenha feito uso particular de parte do dinheiro arrecadado de empresas para a fundação da Força Sindical, em 1991. "Não roubei, não desviei dinheiro público; que eu arrecadava dinheiro com as empresas, todo mundo sabia, mas até trabalhador deu dinheiro para o nascimento da Força." As doações renderam uma quantia próxima aos US$ 934 mil. "Até menos que isso", observou. Luiz Medeiros disse não lembrar, mas ter "quase certeza" de que não fazia prestação de contas do dinheiro para as empresas doadoras porque nem mesmo os empresários se interessavam em saber do uso das verbas. "Não desviei nada." Relatório incrimina Maluf e Celso Pitta SÃO PAULO - A presidente da CPI municipal da Dívida Pública, vereadora Ana Martins (PCdoB), entregou ontem ao Ministério Público estadual relatório final da comissão que responsabiliza os ex-prefeitos Paulo Maluf (PPB) e Celso Pitta por irregularidades cometidas na emissão de Letras Financeiras do Tesouro Municipal (LFTM) para o pagamento de precatórios. O documento foi recebido pelo procurador-geral de Justiça de São Paulo, José Geraldo Filomeno. No texto, a comissão firma que "há fortes indícios de corrupção". Se as acusações do relatório forem consistentes, o Ministério Público poderá abrir inquérito civil para investigar o assunto. Caso haja provas do envolvimento de Pitta e de Maluf no caso, os promotores podem oferecer denúncia contra os dois ex-prefeitos. O relatório que tem 330 páginas, mais de 80 depoimentos, além de um anexo de 3, 5 mil documentos entre ofícios, atas e requerimentos, aponta a emissão de R$ 2,1 bilhões em títulos emitidos durante a gestão Maluf (1993-1996) para pagamento de R$323,8 milhões em precatórios. A diferença de R$ 1,8 bilhão teria sido utilizada no pagamento de obras viárias. Em nota divulgada à imprensa, Maluf diz que apresentou aos integrantes da comissão atestados do Senado e do Banco Central que deixariam "claro" que a emissão das LFTM ocorreu dentro "da mais absoluta lisura". Governador mineiro continua no PMDB BELO HORIZONTE - O governador de Minas, Itamar Franco (PMDB), confirmou ontem que decidiu permanecer no partido e ainda candidatar-se às prévias que devem acontecer em janeiro, para escolha do peemedebista que poderá concorrer à presidência da República. Itamar, no entanto, deixou em dúvida a forma como deverá se comportar, daqui para a frente. "Continuo onde estava", afirmou o governador, referindo-se à opção partidária. "O que significará uma profunda alteração na minha conduta, a partir de agora", completou, insinuando que suas críticas poderão tornar-se ainda mais contundentes em relação aos governistas do PMDB e ao próprio Governo federal. As suspeitas de que ele pudesse trocar de legenda surgiram na última sexta-feira dia seguinte ao anúncio, feito por ele próprio, de que não sairia do PMDB. Irritado mais uma vez com a comando nacional peemedebista, Itamar divulgou nota garantindo que não seria "menino de recados" do partido. A nota era uma resposta à intenção da cúpula da legenda de que, em programa eleitoral do PMDB que deve ir ao ar em novembro, ele participasse com um pequeno pronunciamento, elogiando as prévias. Governo gratifica 635 mil servidores BRASÍLIA - O Governo enviou ontem ao Congresso um projeto de lei que prevê a criação de gratificação salarial para 635 mil servidores federais ativos e inativos, a partir de fevereiro. A idéia é beneficiar funcionários do Executivo que, desde 1995, foram excluídos dos reajustes diferenciados concedidos a categorias específicas pela gestão Fernando Henrique Cardoso. A proposta institui a Gratificação de Desempenho de Atividade Técnico-Administrativa, que representará aumento médio de 51 a 378 reais por mês para os servidores na ativa. Terá direito ao novo benefício quem faz parte do Plano de Classificação de Cargos, composto por pessoal de nível médio e superior. São 230 mil servidores ativos e 405 mil aposentados e pensionistas. "Não se trata de uma resposta à greve; no entanto, atende aos interesses da grande maioria dos servidores", disse o ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Martus Tavares. O novo benefício atingirá os servidores do Instituto Nacional do Seguro Social, mas não ostécnico-administrativos das universidades federais, também em greve. O ministro espera que o projeto de lei seja aprovado até janeiro para entrar em vigor em fevereiro. Ele disse que o Congresso só poderá aumentar o valor da gratificação na votação da proposta orçamentária de 2002 e, ainda assim, apenas se os parlamentares apontarem a fonte para financiar a elevação. Temporal volta a castigar o RS Um novo temporal que atingiu o Rio Grande do Sul provocou a queda de um muro sobre uma casa na zona portuária de Rio Grande, matando um casal de jovens. A chuva com ventos de 110 km/h também castigou a capital gaúcha e as regiões de Pelotas e Camaquã, causando estragos em 10 municípios. A destruição de redes elétricas deixou muitas comunidades sem energia, a queda de árvores e o deslocamento de coberturas de prédios e residências destruíram muitos carros. MEC manterá datas de provas em 2001 O ministro da Educação, Paulo Renato, disse que sua intenção é manter a realização dos vestibulares para este ano, mesmo com atraso. Ele autorizou as universidades federais a fazerem uma revisão e comunicar ao MEC se têm condições de manter as datas previstas para as provas. Paulo Renato manteve a decisão de só pagar o mês de setembro a servidores e professores, em greve desde julho e agosto, se as duas categorias voltarem ao trabalho. Artigos A economia mundial Leonardo Guimarães Neto Que a economia mundial passa por uma fase muito ruim, não é novidade para ninguém. No entanto, é importante considerar, neste ano, em particular, a sucessão de problemas que vêm sendo acumulados com o passar dos meses e as medidas que os diferentes governos devem adotar para colocá-la nos trilhos da recuperação. Em primeiro lugar, deve-se levar em conta que, antes mesmo dos atentados terroristas de setembro último, já era claramente assinalada, pelos analistas, mesmo os mais otimistas, a redução abrupta da economia em 2001 e a sempre adiada recuperação para o final do presente ano. A isto seguiram-se as sucessivas revisões, para baixo, da intensidade de recuperação em 2002, em relação aos países que comandam a economia mundial. Os cenários econômicos futuros, elaborados pelos especialistas, pioravam à medidas que eram conhecidas as estatísticas de produção, desemprego e das bolsas, assinalando a desaceleração. Os atos terroristas praticados nos Estados Unidos, suas repercussões imediatas e a desorientada reação do presidente americano, reforçada pelos seus aliados europeus de peso, contribuíram para piora dos indicadores e, adicionalmente, para mostrar que para compreender o que se passa na atividade econômica é necessário abrir os horizontes para outras fatos geralmente desconsiderados nos manuais de economia. A bolsa americana, nas semanas posteriores ao atentado, apresentou trajetória dos indicadores que, para alguns, lembrava aquela da Grande Depressão. Algumas atividades - companhias de aviação, novas tecnologias, seguros, turismo - passaram a registrar anúncios de corte de pessoal e do nível de atividade. Os empresários adiaram ou reduziram seus investimentos. A parada momentânea da grande economia americana repercutiu em toda parte. A uma trajetória de desaceleração já antes assinalada, somam-se os complexos impactos desencadeados pelo lamentável episódio que incidem sobre uma economia já fragilizada. No Brasil, ao contexto desfavorável da economia mundial somam-se a crise energética, provocada pela incúria do governo atual, ao desgoverno das finanças públicas e aos desequilíbrios das contas externas. Problemas capazes de levar ao fundo do poço qualquer economia. Neste quadro, os governantes pressionados pela clara desaceleração das suas economias lançam as suas propostas de recuperação. Bush anuncia o seu pacote de medidas que consubstanciadas em gastos governamentais, corte de impostos, socorro às empresas em dificuldades, envolvendo um total de mais de US$ 75 bilhões que ele, sem nenhuma modéstia, compara ao New Deal dos anos 30. Na França, acuado pelas pressões, o governo depois de rever para baixo suas estimativas de crescimento do produto, propõe redução dos impostos visando aumento do consumo, adotadas políticas no sentido de estancar o aumento do desemprego como a contratação de empregos solidários, políticas de formação e inserção da mão-de-obra e contratação de empregos públicos nos programas sociais, notadamente saúde. Estuda-se, também, o apoio às empresas nosentido de manter e aumentar seus investimento. Na Europa, em geral, os governos partem para relaxar o rigor orçamentário, no sentido de permitir que, através dos gastos, sejam anulados os impactos negativos sobre o nível de emprego e renda nas suas economias. E, no Brasil, como estamos? Além de manter os juros nos níveis mais altos do Mundo, a política do Banco Central voltada para aplacar a sede dos especuladores por dólares, está reduzindo significativamente a capacidade de financiamento, os gastos públicos, a demanda e o emprego. Tal comportamento leva a pensar em duas alternativas: ou o Brasil é uma ilha de prosperidade ou nossos dirigentes estão totalmente perdidos. Como as últimas informações sobre o País não sugerem prosperidade econômica, resta examinar a veracidade da segunda alternativa. Quando a ingenuidade é danosa Pedro Dueire Causa-me espanto que pessoas tão inteligentes, tão preparadas, tão capazes, tão conhecedoras da psicologia e sociologia das massas, com a competência de se eleger para os mais altos cargos, sejam extremamente ingênuas quando tratam de certos aspectos, dentro das suas diversas áreas de atuação. Digo isto porque gostaria de entender certas decisões como pura ingenuidade, para poder dormir melhor, sem pesadelos e sem imaginar que outros interesses estejam superpondo o da coletividade. Do contrário, estaria tudo perdido e as minhas já parcas esperanças, se esgotariam. Para ilustrar estes atos de ingenuidade, poderia citar, por exemplo, a dos nossos administradores. Os que acreditam e têm a coragem de dizer nas rádios, jornais e televisões que o Recifolia terminará à meia-noite, o meio ambiente será preservado e a praia não sofrerá as conseqüências da festa, porque providências serão tomadas para isto. Talvez não saibam eles que sempre se marcou hora para que a barulheira acabasse, mas nunca foi respeitada e com certeza não será agora. Talvez não tenham também presenciado o vandalismo que sofrem as árvores da avenida Boa Viagem, que são depredadas pela fúria alcoólica da brincadeira e pela necessidade de armação de toda a estrutura. Também talvez nunca tenham observado o pisoteio na vegetação rasteira da praia, acarretando cada vez mais a presença de areia levada pelos ventos nas calçadas e ruas do bairro, já que não há mais sustentação para elas. E finalmente, não têm observado que parte da sujeira que fica na areia é impossível de ser removida inteiramente e vem se acumulando com o passar destas festas, levando a outrora praia urbana mais limpa do País a perder esta condição por conta de tampas de garrafas, resto de carvão de dezenas e dezenas de fogareiros que se espalham pela orla, pequenos objetos de plástico, dejetos deixados por centenas de pessoas que literalmente vão morar na beira da praia. É a parte do lixo impossível de ser removida, principalmente quando se juntam ao sargaço,que está acabando com um dos nossos maiores patrimônios turísticos e, conseqüentemente, de riqueza. Temos sim, de gerar emprego e renda para a cidade, mas temos a obrigação de criar alternativas que não tragam tantas destruições. Acreditar que nada disso acontece e que está tudo sob controle,vamos e venhamos, é muita ingenuidade. Um segundo exemplo é o de pensar que com a regulamentação do transporte alternativo, seus atuais operadores, como que por um milagre, de repente começarão a ser responsáveis e respeitarão as mais elementares leis do trânsito. É como pensar que um decreto pode resolver o problema de educação e responsabilidade. Está claro que eles continuarão a fazer as atuais aberrações no trânsito, até porque são eles mesmos que continuarão operando. É muita ingenuidade acreditar que eles vão ter equipamentos com um mínimo de segurança, vão manter regularidade na freqüência, não vão parar em faixa dupla e tripla atrapalhando todo o trânsito, não vão avançar sinais, não subirão calçadas para ganharmais passageiros, não farão mais o itinerário que acham melhor a cada instante, terão o mínimo de respeito pelos outros etc. Acreditar em tudo isto é muita ingenuidade, mas acreditar que poderá se regulamentar só uma parte deles e os outros se contentarão e deixarão de operar na clandestinidade, aí é ingenuidade demais. Dirão alguns: "Mas com a regulamentação teremos uma lei para disciplinar o setor". Legislação proibindo todas as aberrações que eles fazem já existe, nunca foi cumprida e ninguém nunca foi punido. Um terceiro e último exemplo, teríamos tantos que se citados tomaria todo o espaço do jornal, é nossos governantes acreditarem que a população acha esses governos democráticos. Para não ser radical, acredito até que algumas poucas ações são democráticas, mas o normal é tratar os fatos, no mínimo, com ingenuidade, como o do trânsito de acesso à Zona Sul da cidade. Diariamente, aproximadamente 250 mil pessoas sofrem com os tremendos engarrafamentos cuja solução, simples, rápida e de baixo custo, está na mesa das autoridades, segundo soube pelos jornais, dito por elas mesmas. Mas o interesse de meia dúzia que se dizem prejudicados tem, até agora, se superposto aos de 250 mil. Achar que a população entende esta decisão como de um governo democrático que visa a maioria, é muita ingenuidade. Colunistas DIARIO Político Ganhar no grito Roberto Freire começou a se articular para estreitar as relações entre o PPS e o PT mas diz que um entendimento entre os dois partidos passa pela possibilidade de se discutir um outro nome para encabeçar a chapa que disputará o Governo do Estado, além de Humberto Costa, o candidato petista ao Palácio do Campo das Princesas. Se depender do senador esse outro nome será Fernando Bezerra Coelho, prefeito de Petrolina, por vários motivos. Lembra que, enquanto Humberto tem votos no Recife e Região Metropolitana, Bezerra Coelho é bem votado no Sertão do São Francisco e é preciso ter votos no Interior para ganhar a eleição. Além disso, acha que ele fez uma grande administração em Petrolina, na primeira gestão, e nesse novo mandato tem como vice Tereza Cristina, do PT, ou seja, os petistas assumirão a prefeitura se ele for candidato a governador. Só faltou dizer que a chapa ideal seria Bezerra Coelho na cabeça e Humberto na vice, o que não deverá agradar nem um pouco aos seguidores de Luís Inácio Lula da Silva. A tesede Freire poderia até ser interessante se além de votos no Sertão do São Francisco, Bezerra Coelho também tivesse algum peso eleitoral no Recife e Região Metropolitana ou em outras regiões do Estado. Como não tem, parece que o PPS vai tentar ganhar a cabeça de chapa no grito, o que certamente não é o melhor método para se conseguir alguma coisa. Principalmente em política. Vai ter festa em Tacaratu, amanhã, quando Jarbas Vasconcelos inaugurar a estrada que liga o município a Inajá. Os moradores das duas cidades reinvindicavam a obra há mais de 40 anos Motivo Luiz Helvécio saiu do PSDB e disse que tomou essa decisão porque alguns dos líderes do partido "consideraram falta de ética o combate que faço a uma operação irregular no processo de privatização da CTU, que acarretou um prejuízo para as finanças do município em mais de R$ 44 milhões". Renascer Fátima Amazonas vai detalhar para prefeitos e representantes de associações rurais o Projeto Renascer, que gerencia programas de combate à pobreza rural. A secretária-adjunta de Planejamento falará no simpósio Recursos para Municípios: Como e onde obter amanhã, no Sesc, às 10h15. Para exportação O Sistema de Trâmite Legislativo da Assembléia, desenvolvido pela Procenge, vai ser exportado para outros estados. A empresa pernambucana fez parceria com a Cobra Computadores para aperfeiçoar o sistema e implantá-lo nos Legislativos estaduais e municipais de todo País. Campanha Lula Cabral vivia dizendo que ia trocar o PFL pelo PT e seu slogan de campanha seria Vai ser Lula lá, Lula cá, é Lula em todo lugar. Como se filiou ao PMDB de Jarbas Vasconcelos, na Assembléia seus colegas já estão dizendo que agora será Lula já, Lula já já, Lula jabuti. Eita gente maldosa, essa. Festa 1 Como não foi convidado por Jarbas Vasconcelos para a inauguração da sub-adutora de Sertânia, sexta-feira, o prefeito Ângelo Rafael dos Santos (PSB), marcou para quinta-feira a reinauguração da obra, com uma grande festa. Festa 2 Fernando Lupa (PSDB) condenou, ontem, a decisão do prefeito e disse que ele "criou um clima de terrorismo na cidade falando mal de Jarbas Vasconcelos e até proibiu a rádio, sua aliada, de divulgar a solenidade do governador". Insegurança Enquanto os bombardeios dos Estados Unidos no Afeganistão, domingo, mataram 20 pessoas, a Secretaria de Defesa Social registrou 14 mortos no último final de semana. Uma comparação trágica, mas é impossível não fazê-la para mostrar que a guerra da insegurança continua matando muita gente. Resposta Antônio de Pádua (PMDB) avisa que vai disputar um novo mandato em 2002 e diz que nunca pediu a Hélio Urquisa, presidente do seu partido, a listagem com os nomes dos pré-candidatos a deputado estadual, como foi publicado aqui. Olga Câmara será condecorada pelo Conselho da Ordem do Rio Branco, amanhã, no Palácio do Itamaraty. A Chefe da Polícia Civil será homenageada pelo trabalho que realizou como diretora do Departamento da Criança e do Adolescente da Secretaria de Direitos Humanos do Ministério da Justiça. Editorial Tempo de guerra Desde 11 de setembro que o Mundo esperava a resposta dos Estados Unidos ao brutal e cinematográfico ato terrorista que pôs abaixo as torres do World Trade Center e parte do Pentágono. Com ele, foram feridos dois símbolos do poderio americano. Um: o econômico. O outro: o militar. E ruiu a crença na invulnerabilidade da maior potência do Mundo. George W. Bush prometeu retaliação. Em discurso belicoso, conclamou as nações a apoiarem a luta contra o terrorismo. Quem não se aliasse a Washington estaria a favor dos terroristas. Costurou alianças. Mobilizou assimétrica força militar para a Ásia Central. Mediante milionário pagamento de dívidas atrasadas, conseguiu o apoio do Conselho de Segurança da ONU. Só faltava puxar o gatilho. Às 13h30 do último domingo, horário de Brasília, mísseis foram disparados contra Cabul e outras povoações afegãs. Vários objetivos militares foram atingidos. As cidades ficaram às escuras. O ataque, comandado pelos Estados Unidos com a participação da Inglaterra, recebeu aprovação dos países mais ricos do Mundo. Tudo indica que as demais nações do Ocidente hipotecarão solidariedade a Washington. A tevê americana mostrou, na hora do brunch, as cenas de videogame para os milhões de norte-americanos que ansiavam pelo revide. Considerados os resultados - modestos para o aparato bélico mobilizado - o ato de guerra mais parece uma satisfação ao público interno. O Afeganistão é um país miserável, arrasado por vinte anos de conflitos e pelo fundamentalismo de um governo que, durante a guerra fria, recebeu treinamento, armas e munição dos Estados Unidos. Bin Laden, hoje inimigo número um dos americanos, foi homem da CIA, encarregado de reforçar os afegãos contra o exército soviético. George W. Bush tinha de dar uma resposta ao ataque a Nova Iorque e Washington. Poderia optar por ações de inteligência visando derrubar o regime talibã e minar focos de terrorismo - câncer que apavora as consciências civilizados do Mundo. Conseguiu suporte para bloquear a movimentação financeira de suspeitos. Mas preferiu a via militar. É a mais perigosa. E, mal conduzida, pode se mostrar desumana. Sacrifica a população civil e oferece mais riscos para o futuro. Sem assumir a autoria intelectual dos atentados, bin Laden conclamou os muçulmanos para a guerra santa. Não se sabe ainda a reação das populações islâmicas. Se for entendido como uma guerra contra o maometismo, o ataque ao Afeganistão servirá de adubo para o surgimento de focos terroristas. O jihad ganhará força, municiado pelos mísseis e bombas da Paz Duradoura. Ter-se-á feito o jogo de bin Laden. Topo da página

10/09/2001


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