Fronteira do Mercosul: senadores destacam fixação do homem no campo



O desestímulo ao êxodo rural e a criação de mecanismos de incentivo à fixação do homem no campo foram destacados como as grandes qualidades do projeto aprovado nesta terça-feira (7) que institui a Grande Fronteira do Mercosul. Para a senadora Emilia Fernandes (PT-RS), o programa permitirá que se explore o potencial das regiões de fronteiras nos estados do Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, fortalecendo a agricultura familiar e diminuindo o êxodo. O senador Geraldo Althoff (PFL-SC) disse que a aprovação do projeto deve evitar a chamada "litoralização" do desenvolvimento nos estados da região Centro-Sul.

- É preciso dar condições para que o homem do interior ali permaneça com cidadania - observou Althoff. "A fixação das populações na fronteira fortalecerá social, econômica e politicamente a região", acrescentou o senador Romeu Tuma (PFL-SP).

O senador Casildo Maldaner (PMDB-SC) disse que apenas 20% da população brasileira vive no campo, o que acaba aumentando os problemas nas zonas urbanas. A Grande Fronteira do Mercosul deve abranger cerca de 100 municípios catarinenses, disse o senador. "O que se quer é um tratamento diferenciado para estes municípios, para fixar a população no meio rural", salientou Casildo Maldaner, defendendo o incentivo às agroindústrias.

Também foi ressaltada a importância do desenvolvimento da região para o fortalecimento do Mercosul. "Este projeto é uma sobrevida para o Mercosul, que agoniza na mesma intensidade que falece a economia argentina. É importante que os países membros despendam esforços para garantir a consolidação do bloco", afirmou o senador Sebastião Rocha (PDT-AP). O senador Osmar Dias (PDT-PR) disse que o Mercosul não pode progredir com uma região de fronteira empobrecida e com problemas sociais crônicos. O senador Álvaro Dias (PDT-PR) também demonstrou preocupação com os problemas sócio-econômicos na fronteira paranaense. Ele chamou atenção para dados que indicam taxas de apenas 30% de ocupação nos hotéis de Foz do Iguaçu, provocados em parte pelos esforços dos Estados Unidos em divulgar a imagem de que a região é foco de terroristas.

- Este terrorismo psicológico irresponsável compromete o comércio, aumenta o desemprego, aprofunda as desigualdades e aumenta a violência. O projeto pode consolidar a economia na região de fronteira, mas é preciso que o governo se posicione contra agressões deste tipo - alertou o senador.

O líder do governo no Senado, Artur da Távola (PSDB-RJ), viu aspectos estratégicos importantes a justificarem a aprovação do projeto. Ele anunciou a realização de estudos pelo Ministério das Relações Exteriores para promover a integração da região brasileira de fronteira com os demais países do Mercosul.

Outro que defendeu o projeto foi o senador Juvêncio Fonseca (PMDB-MS). Ele fez apenas uma ressalva quanto à possibilidade de que os programas ambientais nas regiões atingidas pelo programa impeçam a realização de atividades produtivas, "afastando o homem brasileiro da fronteira". Ex-ministro da Integração Nacional, o senador Ney Suassuna (PMDB-PB) elogiou a decisão do governo de instituir as chamadas meso-regiões, para sistematizar programas de desenvolvimento em municípios de características semelhantes, como é o caso da região da fronteira. "É a solução para ligar os pequenos municípios ao governo", disse.



07/05/2002

Agência Senado


Artigos Relacionados


Senadores de Roraima destacam importância de entrada da Venezuela no Mercosul

MALDANER QUER INCENTIVOS PARA FIXAÇÃO NO CAMPO

Paim ressalta importância do trabalho do homem do campo

Romero Jucá cobra apoio do governo ao homem do campo

Senadores discutem projeto que define competência para fixação de índices de produtividade nas áreas rurais

CRE aprova Programa Grande Fronteira do Mercosul