O futuro do IPE preocupa



A Comissão de Serviços Públicos realizou ontem audiência em comemoração aos 70 anos do Instituto de Previdência do Estado (IPE), para debater e avaliar a história da instituição, a realidade atual e as perspectivas de futuro. O diretor de Assistência Médica do IPE, Jairo Bittencourt Otero, que representou o presidente do Instituto, Luis Henrique Mota, falou sobre os programas implementados na atual administração e sobre o comprometimento da direção em dialogar para a construção de projetos com um serviço abrangente e de qualidade, voltados à melhoria das relações sociais. Para o presidente do Sindicato do IPE, Antônio Augusto Bernd, a discussão é extremamente oportuna, principalmente quando a categoria dos servidores vive o maior arrocho salarial da história. Bernd acusou a direção do Instituto de desviar recursos da saúde para a área previdenciária, o que, segundo ele, é inconstitucional. “Não há nenhuma justificativa para o atraso de repasses e o descumprimento no pagamento às pensionistas. Cabe ao Tesouro do Estado encontrar os mecanismos necessários para efetuar os pagamentos, pois, conforme o balancete publicado no mês de maio pelo próprio IPE, o Instituto encontra-se com o balanço positivo”. Já o presidente do Sindicato Médico do RS, Luiz Alberto Grossi, alertou sobre a precariedade do Sistema Único de Saúde, com emergências lotadas e pacientes sendo atendidos nos corredores. “Se o IPE deixa de existir, mais de um milhão de usuários serão lançados nesta mesma vala comum”. Grossi denunciou também que os médicos credenciados estão com os seus honorários em atraso há cerca de quatro meses. “O governo deve se precaver e cumprir com os seus deveres, não cabe aos médicos e aos laboratórios – que também não vêm recebendo- pagar esta conta”. O presidente ressaltou ainda, que o sindicato entrou com duas representações, uma no Ministério Público Estadual e outra no Tribunal de Contas do Estado, contestando o desvio de recursos da área da assistência à saúde para o setor previdenciário. O presidente da Federação dos Servidores do RS , Sérgio Arnoud, questionou as verdadeiras intenções do projeto do governo. “Por que o governo não assume de vez o discurso de remeter os funcionários ao Sistema Único de Saúde, já que não paga as pensões, não acata as decisões judiciais e tampouco os médicos são pagos”. No final da reunião, o presidente da Comissão de Serviços Públicos, deputado estadual Elmar Schneider, que considerou construtivo o debate, recebeu uma carta do presidente do Sindipe, com as reivindicações do Sindicato. Participaram da reunião os deputados Francisco Appio (PPB), Abílio dos Santos (PTB), Berfran Rosado (PMDB), Cézar Busatto (PMDB), João Osório (PMDB), Mario Bernd (PMDB), Maria do Rosário (PT) e Roque Grazziotin (PT) além de representantes do Sindicato dos Servidores Públicos Aposentados e Pensionistas do Estado do RS, da Federação dos Associações dos Servidores Públicos Ativo e Inativos do RS e do Fórum em Defesa do Serviço Público.


08/10/2001


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