Garibaldi propõe regulamentação para CPIs



Com o objetivo de suprir uma "grave lacuna" na atual legislação, como ressaltou na justificação de sua proposta, o senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN) apresentou projeto de lei (PLS 286/08) que regulamenta o funcionamento das comissões parlamentares de inquérito (CPIs). A proposta destina-se, como salienta o autor, a adaptar as regras que regem o funcionamento das comissões de inquérito à Constituição de 1988.

- A proposta atualiza e delimita o funcionamento das CPIs, para que, de fato, tais inquéritos parlamentares façam jus aos poderes judiciais que lhes foram outorgados pela Nação brasileira - diz Garibaldi na justificação do projeto, que aguarda designação de relator na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ).

As CPIs serão criadas, de acordo com a proposta, para "apurar fato determinado de interesse público e nacional". E, no exercício de seus poderes, prossegue o texto, a comissão poderá tomar depoimento de qualquer autoridade federal, estadual ou municipal, ou de qualquer pessoa, inclusive estrangeira, "comunicando-lhe o direito de permanecer em silêncio caso qualquer informação que forneça possa servir para incriminá-lo".

Para atender a "reiteradas decisões" do Supremo Tribunal Federal, como observa o senador, o projeto determina a vinculação das quebras dos sigilos fiscal, financeiro e telefônico ao fato determinado da CPI, com a demonstração específica de justa causa para cada caso. Propõe ainda foco no "fato determinado" que motivou a criação da comissão de inquérito.

O projeto especifica as atribuições dos integrantes da CPI, para tornar "mais previsível" todo o inquérito parlamentar, na definição do autor. O presidente da comissão, segundo a proposta, presidirá os atos da CPI e resolverá qualquer questão administrativa ou de procedimento. Entre as atribuições do relator estarão as de propor a linha de investigação, formular com prioridade perguntas aos depoentes e examinar, igualmente com prioridade, os documentos em poder da comissão. Os demais membros da CPI poderão, entre outras coisas, formular perguntas e sugerir linhas de investigação.

Toda a documentação que compuser as conclusões da comissão, incluindo-se o relatório final aprovado, será encaminhada ao Ministério Público, segundo o projeto. Os documentos enviados deverão ser classificados como secretos, confidenciais ou reservados. Os prazos de classificação dos documentos, ainda de acordo com a proposta, serão de cem anos para os secretos, máximo de 30 anos para os confidenciais e máximo de cinco anos para os reservados, sempre a partir da data de encerramento da respectiva CPI.



26/08/2008

Agência Senado


Artigos Relacionados


Garibaldi propõe regulamentação de bingos no Brasil

Garibaldi considera inconveniente duas CPIs para investigar cartões corporativos

ACM PROPÕE SISTEMA DE TRABALHO PARA CPIS

Para Garibaldi, seria repetitivo duas CPIs para a mesma investigação

Arthur Virgílio diz que oposição não vota sem regulamentação de CPIs

Garibaldi diz que não tem como avaliar situação das CPIs