Garotinho pede ao Senado que crie Guarda de Fronteiras e Guarda Costeira
Em depoimento à Subcomissão de Segurança Pública do Senado, o secretário de Segurança do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, pediu aos senadores e aos deputados que "encontrem alguma forma" de tirar a Polícia Federal e o Exército das vigilância das fronteiras do país, criando uma Guarda de Fronteiras e uma Guarda Costeira. Para ele, a PF e o Exército já mostraram que não têm condições de impedir o tráfico de drogas e de armas, o que vem agravando a criminalidade nas grandes cidades.
Garotinho fez a proposta depois que o presidente da subcomissão, senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), pediu sugestões para reduzir a criminalidade no país. O secretário fez ainda pesadas críticas ao governo Luiz Inácio Lula da Silva que, "além de não ajudar em nada, está ainda tirando coisas do Rio". Ele lembrou que, apesar de adversário do governo Fernando Henrique Cardoso, "o Rio foi bem tratado, ao contrário de agora".
- Não sei se é porque Lula perdeu as eleições no Rio de Janeiro, no primeiro turno - disse.
Esta foi a segunda reunião promovida pela subcomissão para ouvir autoridades do Rio sobre seus problemas de segurança. O secretário Anthony Garotinho afirmou que a cidade do Rio já viveu situação mais difícil em 1994 e 95, ano em o Exército estava ajudando a patrulhar a cidade. Disse que, neste ano, já houve redução em nove tipos de crimes, apesar da invasão da favela da Rocinha por um grupo rival de traficantes, com a conseqüente tomada da área pela polícia, ter provocado "a sensação" de que a situação na cidade "se tornou insuportável".
Garotinho disse ter entregado ao presidente Fernando Henrique, em 2002, um programa de segurança integrado estados-União, com várias sugestões, "mas nada foi levado à frente". Por isso, ele fez as mesmas sugestões que estavam no plano, além da criação da Guarda de Fronteira e da Guarda Costeira: proibição total para comercialização de armas de fogo e construção de presídios federais nos estados. Ele disse que não entendeu porque os deputados mudaram o Estatuto do Desarmamento aprovado pelos senadores e o adiamento para 2005, em um plebiscito, da proibição da venda de armas. Quanto aos presídios federais, criticou a lentidão do governo federal nesse projeto.
- Metade dos 14 mil presidiários do Rio cometeu crimes que são tratados pela área federal, como tráfico de drogas e armas. Por que a União não pode ajudar os estados a cuidar desses presos? Por que eles têm de ficar sob a responsabilidade dos estados? Por que os estados não devem receber verbas federais para cuidar desses presos? - questionou.
Anthony Garotinho citou dados sobre a criminalidade no Rio, amplamente divulgados pela imprensa desde que a situação da Rocinha entrou nas manchetes da imprensa. Lamentou que 7% das pessoas das regiões Metropolitanas do Rio e de São Paulo consumem algum tipo de droga. Ele pediu ainda aos senadores que tomem a iniciativa de também tirar da Polícia Federal a fiscalização de seguranças privadas.
- No Rio, temos 98 mil seguranças particulares e só oito homens da Polícia Federal para cuidar dessa fiscalização. É claro que não há fiscalização alguma - disse.
Na mesma reunião, a Subcomissão de Segurança aprovou requerimento do senador Tasso Jereissati convidando para falar do massacre de garimpeiros pelos índios cintas-largas o governador de Rondônia, Ivo Cassol, o presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes, e o diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Lacerda. Eles deverão vir ao Senado nesta quinta (29), às 10h.
26/04/2004
Agência Senado
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