Garotinho responde a críticas de ACM









Garotinho responde a críticas de ACM
Ex-senador: ''Ele queria meu apoio''

BRASÍLIA - Por conta do debate entre os presidenciáveis, realizado no último domingo, o candidato do PSB, Anthony Garotinho, enviou ontem uma resposta ao fax que recebeu na segunda-feira do ex-senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA). ''Gostaria de saber com que autoridade o senhor Antonio Carlos Magalhães pretende questionar minha família, meu caráter e minha vida. Não vou entrar em discussão com ele. O senador Antonio Carlos Magalhães, que não é candidato a presidente da República, quer se inserir num debate a que não pertence'', afirmou Anthony Garotinho.

Durante o debate na TV Bandeirantes, Garotinho atacou as alianças dos adversários e, diretamente a Ciro Gomes (PPS), disse: ''Vi no jornal você beijando a mão de Antonio Carlos Magalhães e, com sinceridade, fiquei chocado''. O ex-senador respondeu com um fax a Garotinho, no qual pergunta se ele não se lembra de ter pedido antes o seu apoio: ''Esquece que me telefonou várias vezes pedindo meu apoio''.

Em seguida, ACM diz ao candidato do PSB que vai verificar ''o quanto de falta de caráter você ainda vai demonstrar no futuro''.

Ontem, diante da resposta de Garotinho, ACM afirmou: ''Ele pode me insultar, mas não há o que ele possa responder''. O ex-senador insiste que o socialista lhe procurou ''várias vezes'' para pedir apoio e que fez até uma proposta. ''Garotinho chegou a propor que eu levasse um acordo a Ciro. Que em agosto, quem estivesse melhor posicionado ficaria, e o outro abriria mão da candidatura para dar apoio''.

Coordenador da campanha de Anthony Garotinho, o prefeito de São Vicente, litoral paulista, Márcio França, rebate dizendo que ''Antônio Carlos Magalhães não gostou de ser atingido no debate, mas ele é famoso por suas mentiras, tanto que precisou renunciar depois de mentir ao Congresso Nacional'', referindo-se ao episódio da fraude no painel de votações do Senado, que provocou a renúncia do senador baiano e do ex-líder do governo, o tucano José Roberto Arruda, do Distrito Federal.


Inocêncio oficializa adesão a Ciro
BRASÍLIA - O presidente do PFL, Jorge Bornhausen, ofereceu apoio irrestrito ao candidato da Frente Trabalhista, Ciro Gomes, em um possível segundo turno entre ele e Luiz Inácio Lula da Silva, do PT. Para o primeiro turno, Ciro já conta com 12 dos 18 senadores, e 60 dos 97 deputados do partido, segundo levantamento de Bornhausen. O último apoio conquistado pela Frente Trabalhista é o do líder do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE). Ele se encontra hoje com Ciro em Brasília para oficializar o apoio do PFL de Pernambuco. No pacote, uma caravana de 42 prefeitos.

Para Bornhausen, a campanha já está polarizada. Lula e Ciro estariam consolidados em primeiro e segundo lugar. A aposta dos tucanos, de que os programas eleitorais gratuitos poderiam reverter o quadro eleitoral, estaria errada. ''Houve uma antecipação da campanha. Isso fez com que diminuísse a capacidade de alternância de votos'', argumenta o presidente do PFL.

O senador Geraldo Althoff (PFL-SC), responsável por atrair pefelistas para a campanha de Ciro, partiu para o ataque.

Segundo ele, Serra mentiu ao tratar da contratação da empresa de escuta telefônica Fence para o Ministério da Saúde. ''Ele disse, no debate, que outros órgãos federais tinha contrato com a empresa, mas não falou das diferenças de valores'', afirmou Althoff.

De acordo com dados apresentados pelo senador, o Superior Tribunal de Justiça pagou uma média de R$ 15 mil por mês para a Fence no primeiro trimestre deste ano. A Saúde desembolsou mais de R$ 100 mil em cada um desses meses. ''Em dezembro, o valor do contrato era de R$ 25 mil. E justamente na época que começaram as arapongagens o valor foi quadruplicado'', acusou o senador.

Ao desembarcar do palanque de Serra para subir no de Ciro, Inocêncio argumenta que nunca houve afinidade entre ele e o tucano. ''Sentia muita dificuldade em marchar com o Serra. Quem disse que a candidatura dele era natimorta, como eu, não pode nunca ser Serra'', afirma o deputado.

Ele negou que seja traidor. ''Fiquei oito anos defendendo o governo, expondo a cara. Só porque vou votar em outro sou traidor. Por que traidor?'', questionou.


Serra anuncia metas sociais
Tucano promete um novo plano real para país

BRASÍLIA - Oferecer ensino em tempo integral para 20% dos alunos matriculados na escola pública. Universalizar o acesso das crianças de 4 a 6 anos à pré-escola criando 4 milhões de novas vagas. Acabar com o analfabetismo em pessoas até 30 anos. Construir 10 milhões de habitações. Criar oito milhões de novos empregos. Universalizar os serviços sociais básicos de saúde, educação e previdência para os 170 milhões de brasileiros. Estes são os pontos mais importantes do programa social do tucano José Serra. O plano de governo vai ser anunciado hoje.

De acordo com o texto, não será tolerada a ausência de criança na escola, a recusa de atendimento de saúde à mulheres grávidas ou a falta de ajuda financeira a idosos. A meta é assegurar a igualdade de oportunidades a todos os brasileiros. ''Vamos turbinar o crescimento econômico e a criação de empregos'', promete o candidato. O fortalecimento das políticas sociais, atrelado ao crescimento econômico e à redução das desigualdades, é o que promete Serra. Ele fala em desenvolver um plano real na política social, segundo o esboço do programa obtido ontem pelo Jornal do Brasil.

Serra pretende com a antecipação do anúncio das metas sociais para hoje apressar uma reação e subir nas pesquisas. Ele não quer esperar o início do horário eleitoral, dia 20. Ao lado das metas, Serra quer mostrar também quanto cada uma das propostas vai custar, para não vender ilusões.

Entre as metas econômicas estão a redução dos juros de 18% ao ano para 9%. Segundo ele, o crescimento da economia não ficará abaixo de 4,5%. As exportações terão aumento de 10% ao ano, para subir de US$ 59 milhões para US$ 100 milhões prometidos por Fernando Henrique na reeleição. E as importações aumentarão 7% ao ano.

O programa de Serra promete atendimento especial a cada um dos 170 milhões de brasileiros através do programa Saúde da Família. Hoje o programa atende a cerca de 50 milhões de pessoas. Na Educação, a meta é tentar erradicar o analfabetismo nas pessoas até 30 anos. Vai oferecer ainda ensino em tempo integral a 20% dos alunos do ensino fundamental e pretende dobrar o número de matrículas no ensino médio para 10 milhões até 2006. O tucano diz que pretende viabilizar cursos pré-vestibulares para estudantes carentes em universidades públicas.


Tucano terá o dobro do tempo de Lula na TV
Distribuição leva em conta o tamanho da bancada na Câmara

BRASÍLIA - O Tribunal Superior Eleitoral divulgou ontem a divisão do horário eleitoral gratuito para representantes dos partidos e das emissoras de televisão e rádio. Foi definido o número de inserções - propagandas mais curtas, de 30 segundos -- a que cada candidato terá direito a veicular diariamente. ''Este é um espaço para exposição de idéias e propostas. O candidato que usá-lo para agredir seus adversários poderá ficar sem tempo no rádio e na TV'', avisa Fernando Neves, relator do TSE.

A coligação de José Serra (PSDB), como era previsto, ganhou maior parte do tempo da propaganda eleitoral. Ele terá 20 minutos e 46 segundos diários. Os partidos da chapa de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) contarão com praticamente a metade do tempo - 10 minutos e 38 segundos. A Frente Trabalhista (PPS-PDT-PDT), de Ciro Gomes, vai ocupar oito minutos e 34 segundos por dia, e Garotinho ficou com quatro minutos e 26 segundos. Os candidatos nanicos José Maria, PSTU, e Rui Pimenta, PCO, terão dois minutos e 46 segundos cada.

Um terço do tempo é dividido igualmente entre os postulantes, e os outros dois terços são distribuídos de acordo com a representatividade das coligações na Câmara dos Deputados. Os programas eleitorais serão divididos em dois blocos diários de 25 minutos. No rádio, a propaganda vai das 7h às 7h25 e, depois, das 12h às 12h25. Na televisão, a exibição ocorrerá das 13h às 13h25 e das 20h30 às 20h55.

Além desses horários, os políticos terão à disposição seis minutos diários, por 45 dias, para propagandas de 30 segundos espalhadas pela programação das emissoras. Divididas da mesma maneira, elas repetem a proporção dos programas eleitorais. Até o dia das eleições, José Serra terá direito a um total de 225 inserções, seguido de Lula com 115. Em terceiro, fica a Frente Trabalhista, de Ciro Gomes, com 93. Garotinho terá direito a 49. Os candidatos José Maria e Rui Pimenta terão 31 cada.

Na reunião de ontem, estiveram presentes representantes de emissoras e das coligações Grande Aliança, Lula Presidente e do PSTU. Os horários devem ser aprovados no plenário do TSE ainda esta semana.


FH faz charada sobre a sucessão
BRASÍLIA - “Os paulistas estão perdendo em tudo que é lugar.” Com essa declaração, que interpretada como uma alusão velada aos rumos da sucessão, o presidente Fernando Henrique Cardoso arrancou gargalhadas dos mais de 15 empresários que compõem o comitê executivo do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável Cebds). A observação foi provocada pelo fato de os paulistas só terem um representante no comitê. Os empresários participaram de audiência com FH ontem, no Planalto.

A reunião serviu para que Félix Bulhões, presidente do Cebds, apresentasse ao presidente os novos membros do comitê. Sentado entre Bulhões e o ministro da Ciência e Tecnologia, Ronaldo Sardemberg, Fernando Henrique se surpreendeu quando foi apresentado a um empresário do Ceará. “Tem cearense também...”, disse. Sem perder tempo, Bulhões lembrou que havia um paulista entre os novos membros do comitê. O presidente não perdeu a chance e fez a piada. Após as gargalhadas, FH emendou: “Não tenho nada a ver com isso, sou carioca.” Ele nasceu no Rio, mas morou a maior parte da vida em São Paulo.


TRE pede a eleitor que leve ''cola''
Número de cargos confunde votantes

No primeiro dia de simulação do voto eletrônico no Rio, realizada ontem na Central do Brasil, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ) constatou que o grande número de cargos deste pleito -- cinco, no total - e a votação para senador estão confundindo o eleitor. Para facilitar o processo, os fiscais do TRE estão orientando o público a utilizar a ''cola'', papel onde o eleitor anota o número de seus candidatos.

Durante cerca de sete horas, o eleitor pôde simular voto em uma das quatro urnas disponibilizadas pelo TRE, utilizando uma lista de candidatos fictícios, formada por nomes de destaque da literatura, da música e da televisão. Eleitor de primeira viagem, o estudante Rafael Pereira, de 19 anos, optou pelo ''Partido da Televisão'' e escolheu ''Chacrinha'', um dos favoritos do público, além do músico Cazuza e do humorista Mussum, entre outros. ''Legal a lista inventada. São pessoas que morreram e foram muito batalhadoras'', avaliou Rafael, para quem o voto eletrônico foi ''fácil''.

Enquanto o estudante demorou cerca de um minuto para votar, o aposentado Paulo dos Santos, de 68 anos, permaneceu na máquina um tempo maior: cinco minutos. Depois de forçar a vista e se render aos óculos , estranhou porque na lista não havia o nome dos candidatos oficiais e se atrapalhou no voto para o Senado, já que há duas vagas para o cargo. Em média, diz o técnico do TRE, Ronaldo de Assis, o eleitor leva cerca de 1min10s para votar e a metade disso quando usa a ''cola''.

Amanhã, o TRE realiza simulação de voto no terminal das barcas, em Niterói.


PT busca o tempo perdido
Benedita da Silva resolve ampliar campanha e, enfim, parte para a briga

A campanha de Benedita da Silva (PT) à reeleição acaba de começar. De novo. Agora, contará com a participação direta do marketeiro político Duda Mendonça, o mesmo que trabalha a imagem do presidenciável petista Luiz Inácio Lula da Silva. Integra-se também à coordenação de campanha o prefeito de Resende, Eduardo Meohas. As primeiras peças publicitárias da nova fase já começam a ganhar as ruas a partir de hoje.
''Em todo o material visual, sejam galhardetes ou outdoors, o objetivo da campanha, conforme definiu Duda Mendonça, é 'colar' a imagem de Lula à Benedita'', adianta Meohas. Pesquisas internas produzidas no Rio, pela coordenação nacional do PT, mostram que ''32% do eleitorado ainda não sabem que a governadora é a candidata do Lula, e 22% sequer perceberam ainda que ela concorre à reeleição'', continuou.

''A boa performance da campanha, no Rio, é fundamental para a vitória de Lula'', acredita o prefeito de Resende. Ainda segundo levantamentos junto à opinião pública, promovidos pela campanha petista, ''Lula vem ganhando espaço no Estado, na medida em que avança a presença de Benedita, tomando votos principalmente de Garotinho, que começa a declinar nas pesquisas, até no interior fluminense'', revelou.

O ataque à Rosinha Garotinho, principal adversária de Benedita, também está nos planos petistas. Ontem, no Palácio Guanabara, em reunião com seus secretários, a governadora passou a conhecer, em detalhes, a situação em que encontrou a administração estadual.

''A situação financeira deixada por Garotinho foi a pior possível, isso todo mundo já sabe, mas com o levantamento pedido aos secretários estaduais, será possível enumerar cada desmando praticado na gestão anterior'', afirma o coordenador.

Tão logo fique pronto o relatório das secretarias, Benedita o irá anunciar ao público, em ato a ser promovido no Teatro João Caetano, na próxima quarta-feira, dia 13, a partir das 9h30. ''Todos saberão da realidade financeira do Estado'', anunciou.

''Vamos reunir os setores organizados da sociedade civil, a imprensa e autoridades públicas para revelar o conteúdo dos relatórios pedidos para cada uma das secretarias. Esta apresentação marcará a retomada da verdade na campanha eleitoral do Rio'', acredita ele.

O programa de visitas ao interior também será reforçado nesta nova fase da campanha petista. Amanhã, no Clube Municipal, na Tijuca, Benedita reunirá a militância do PT de todo o Estado. ''Será a ocasião na qual a governadora convocará o partido para a 'guerra'. O pessoal saberá que é a hora da virada'', promete Meohas. Após uma incursão ao Vale do Médio-Paraíba, dia 14, Benedita participará, na Cinelândia, dia 15, de um showmício com a presença de Lula, onde esperam reunir cerca de 20 mil pessoas.


Benedita panfleta e ataca Garotinho
Na panfletagem que fez ontem no Méier e na Central do Brasil, a governadora Benedita da Silva (PT) mostrou que já entrou no espírito traçado pelos coordenadores de sua campanha à reeleição. Decidida a partir para o ataque contra a administração Garotinho, fez questão de, em todos os momentos, mostrar o estado ''calamitoso'' em que encontrou o Estado.

''Mandei fazer uma auditoria e constatei que as finanças estaduais estão em ruínas. E como não sou demagoga, não quero marcar data para nada. Por isso, a quem me pergunta sobre o 13º do funcionalismo, digo que vou pagar, mas não sei quando'', afirmou a governadora.

Benedita acha que não dá para reparar em quatro meses os erros cometidos pelo governo anterior. E aproveitou para revelar a nova diretriz que pretende imprimir nos próximos quatro anos, caso seja eleita. Em vez da ênfase em programas assistenciais compensatórios, que foram a tônica do governo Garotinho, pretende atacar o desemprego e a miséria ''pela raiz''. ''Minha prioridade será uma política de criação de novos empregos e de geração de renda.''

Na rua, os alto-falantes bradavam um dos novos slogans da campanha: ''É ela aqui e Lula lá''. Os panfletos que a candidata distribuía mostravam Benedita ao lado de Lula, já dentro da estratégia, de associá-la, o tempo todo, à figura do candidato petista à presidência.

Mas o material de campanha que fez mais sucesso foram as sacolinhas em material resistente, distribuídas pela candidata. Na Rua Dias da Cruz, no Méier, e na gare da Central do Brasil, quase ninguém dispensava o brinde, embora muitos sequer paravam para agradecer.

Descontraído, o ator Antônio Pitanga, marido de Benedita (que fez o personagem Tião da novela O clone) chamava a atenção para a presença da governadora, sempre com a mesma frase: ''Olha a Benedita aí, gente''. Teve que assinar muitos autógrafos.

Mas Pitanga não quis comer pastéis e tomar caldo de cana ao lado da mulher, frustrando os fotógrafos já posicionados. A única parada do casal foi para tomar água de coco, na tendinha do vendedor Leonardo da Silva, já acostumado a servir candidatos que fazem panfletagem na principal rua do Méier. Só Jorge Roberto Silveira, do PDT, ainda não passou por ali, contou, logo depois de servir Benedita e Pitanga, que fizeram pose, simulando um brinde de casamento.


Eleição marca Congresso
Preocupação maior era com pleito de outubro

BRASÍLIA - O Congresso voltou ao trabalho ontem em clima de eleição. As conversas giraram em torno das campanhas. Enquanto marqueteiros gravavam depoimentos, os presidentes da Câmara e do Senado se esforçavam para dar a impressão de que as férias acabaram.

O Senado aprovou a medida provisória que reajustou o salário-mínimo para R$ 200 e a Câmara iniciou a votação da MP que cria a Controladoria-Geral da União. Mas a atenção dos congressistas estava longe. Com a dispersão, Eduardo Suplicy (PT-SP), propôs um voto de pesar pela morte do poeta da literatura de cordel Patativa do Assaré, em plena discussão da MP do salário-mínimo.

Na Câmara, um acordo entre governo e oposição manteve a pauta trancada para evitar a pressão por projetos eleitoreiros. Por isso, o projeto que retira a cumulatividade do PIS/Pasep só entra na pauta no fim do mês.
Algumas comissões mostraram serviço. A de Educação votou quatro projetos, entre eles o que institui o dia 28 de junho como o Dia Nacional do Orgulho Gay e da Consciência Homossexual. Mesmo com o plenário vazio, o projeto foi aprovado, para alegria de uma dezena de ativistas presentes. ''É um projeto oportuno, vai nos enriquecer como nação'', disse a presidente da comissão, Esther Grossi (PT-RS).

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara votou projetos de consenso. Foram mais de 50 decretos legislativos sobre concessões de emissoras de radiodifusão e meia dúzia de outras matérias. Os poucos deputados estavam tão distraídos, que não sabiam como proceder.

O deputado Vicente Arruda (PSDB-CE) foi chamado de surpresa para relatar a proposta de emenda constitucional que derruba vetos presidenciais por decurso de prazo. Confundiu-se e não sabia se era a favor ou contra. A proposta foi retirada da pauta.

O deputado Aloizio Mercadante (PT-SP) só soube no início da noite que a comissão aprovara sua proposta de emenda que exige autorização do Legislativo para negociação dos acordos internacionais para a redução de barreiras alfandegárias (fast track).


Candidato do PDT é preso no MS
Empresário teria falsificado papéis

CAMPO GRANDE - O empresário Roberto Razuk (PDT), candidato a deputado estadual por Dourados (MS), está sendo acusado de crime contra o Sistema Financeiro Nacional. Investigações realizadas pela Procuradoria da República, Ministério Público Estadual e Polícia Federal apontam que Razuk (ex-deputado estadual) teria obtido, de forma fraudulenta, empréstimo de R$ 3,5 milhões junto ao Banco do Brasil, em 1995.

O empresário está preso na Polícia Federal em Dourados, desde domingo. Segundo denúncia que deu origem ao processo , apresentada por três procuradores da República, o ex-parlamentar falsificou documentos públicos para conseguir o financiamento no BB.

O Ministério Público Federal sustenta que Razuk, usando a pessoa jurídica Cipams Ltda, apresentou documentos falsos relativos à fazenda Nabileque, em Ladário (MS), como garantia da transação. Procuradores alegam que a escritura é falsa e a propriedade é, na verdade, de Bazílio Covre, seu vigia há 20 anos.
O advogado de Razuk, Rene Siufi, nega as acusações que pesam sobre seu cliente. Siufi disse que está reunindo documentos para provar a inocência do empresário.


Frente Trabalhista fica sem vice no RS
Candidato se retira da disputa

PORTO ALEGRE - O PTB comunicou ontem à direção executiva do PDT gaúcho a retirada da candidatura a vice-governador de Luiz Francisco Barbosa na chapa da Frente Trabalhista no Rio Grande do Sul. Assim, a aliança não tem mais candidatos que disputam o Palácio Piratini, já que o vereador pedetista José Fortunati renunciou na semana passada. A decisão do PTB foi tomada durante reunião do partido, a portas fechadas, na noite de segunda-feira.

O presidente do partido, Cláudio Manfrói, justificou a posição do PTB em virtude da renúncia de Fortunati, considerado nome de consenso para a confirmação da coligação no Estado, da proximidade da eleição e da polarização que o pleito está mostrando e a dificuldade de emplacar uma candidatura alternativa a menos de 60 dias da eleição.

Com a decisão, o PTB priorizará a candidatura do presidenciável Ciro Gomes (PPS) e, no Estado, deverá apoiar o ex-governador Antônio Britto (PPS), embora ainda não confirme a aproximação com o ex-governador. ''Fizemos um apelo para que o PDT não indique candidato substituto de Fortunati para o próximo pleito e que façamos um esforço concentrado na campanha de Ciro Gomes'', disse Manfrói.


Artigos

Reinações de Garotinho
Octávio Costa

Havia decidido não perder mais tempo com a candidatura do ex-governador Anthony Garotinho. Mas volto atrás. A participação de Garotinho no debate da TV Bandeirantes, no domingo, foi constrangedora. Segundo pesquisa realizada pela Retrato Consultoria e Marketing, o ex-governador mostrou o pior desempenho na opinião de 43,8% dos entrevistados. À pergunta ''quem ganhou o debate?'', apenas 8,3% escolheram Garotinho. O resultado é desastroso para quem está em campanha para a Presidência desde o dia em que tomou posse no governo do Rio.

Ficaram patentes o despreparo e o baixo nível do ex-governador. Qual um Houdini dos trópicos, Garotinho acredita que conseguirá hipnotizar os eleitores. ''Olhem bem nos olhos dos candidatos'', repetia a todo instante, como se os espectadores fossem presa fácil de sua pregação demagógica. Convidado a falar sobre planos de governo, revelou planos que beiram a indigência. Educação: ''Vou reunir especialistas e criar uma Fundação Nacional de Ensino''. Exportações: ''Vou criar o Ministério do Comércio Exterior''. Emprego: ''Vou mudar o modelo econômico''. Resumo da ópera: ''Olhem bem nos meus olhos. Sou o único candidato de esquerda.''

Garotinho representa o que de mais antigo existe na política brasileira. O imortal Paulo Coelho diz que existem guerreiros da luz. Garotinho age como um guerreiro das trevas. Joga na ignorância das pessoas. Nos debates de 1998, declarava-se profundo conhecedor dos problemas de segurança. Vangloriava-se da autoria de um livro, com base em cursos de especialização no exterior. Na Holanda, salvo engano. Agora, tod os sabem que o ex-governador é especialista em fraudar estatísticas sobre a violência. Comete fraudes também na vida política. Na noite de domingo, atacou Ciro e Lula pelas alianças com ACM e Quércia. Lula sorriu e lembrou que Garotinho foi a São Paulo em busca do apoio de Maluf. ACM, em fax, contou que o ex-governador, por trás do panos, lhe fez juras de amor.

A candidatura de Garotinho acabou. Não há metáfora melhor do que a queda do palanque. Só Rosinha acha que a campanha do marido vai bem. Rosinha ama Garotinho que ama Rosinha. Mas o Brasil e o Rio de Janeiro não podem pagar por isso. Até quando gente séria - como Miguel Arraes e Tito Riff - permanecerá ao lado do ex-governador? Arraes é macaco velho e deve estar ultimando o desembarque. O filho de Beatriz e Raul Ryff também é homem que se dá ao respeito. Saberá separar o joio do trigo.

Salvo motivo de força maior, não voltarei a falar de Garotinho. Passemos aos candidatos que estão, de fato, no páreo presidencial. José Serra surpreendeu positivamente. Firme em suas posições, atacou Ciro Gomes com autoridade. E foi recebido de pé por empresários reunidos na Fiesp, na segunda-feira. Terá tempo de sobra na TV e dinheiro não vai faltar em sua campanha. Renascem as esperanças tucanas.

Ciro deve pôr as barbas de molho. Está debaixo de fogo cerrado. Parte da grande imprensa entrou no jogo do continuísmo e fechou com Serra. Não pretende deixar Ciro respirar. Outro problema é sua linguagem empolada. ''Refundação estratégica das bases da Previdência com gradualidade'' foi de amargar.

Quanto a Lula, deu prova de maturidade. Não foi atacado e assistiu ao tiroteio do alto do coqueiro. Ganhou o debate, justificando o favoritismo. Sinal dos tempos: tem apoio até dos operadores da Bovespa. Desta vez, Lula é osso duro de roer.


Colunistas

COISAS DA POLÍTICA – Dora Kramer

Bons amigos, mas da onça
Como se já não tivesse problemas suficientes com os adversários que lhe cobram coerência, respeito aos fatos e consistência, Ciro Gomes cada vez mais precisa administrar os estragos causados pelos amigos de sua candidatura.

É certo que a presença de alguns donos de biografias no mínimo questionáveis, sempre autoriza o candidato a apresentar-se ao eleitorado como um homem tolerante, capaz de relevar o passado condenável das pessoas. Afinal, o ser humano é falível.

Problema mesmo são aqueles que, além de não se reconhecerem objeto de constrangimento, ainda reivindicam mesa de pista na campanha e, inconformados com o ostracismo, reincidem nos erros do passado. A fatura fica para ser paga por quem se ocupa da construção de um projeto futuro.

No noticiário dos jornais de ontem, duas manifestações de aliados mostraram que, se o inimigo não der cabo de Ciro, existem amigos que podem fazê-lo com algum empenho.

Caso não nutrissem horror declarado a José Serra, poderíamos desconfiar que Fernando Collor e Antonio Carlos Magalhães seriam quinta-colunas dos tucanos infiltrados na campanha da Frente Trabalhista.

Só a auto-referência majestática dos napoleões da glória inexistente pode explicar os elogios de Collor a Ciro e os ataques de Antonio Carlos a Anthony Garotinho.

Nenhum dos dois percebeu que quanto mais recolhidos ao silêncio, mais ajudam o candidato de sua preferência. O presidente corrido do poder achou por bem atribuir à comparação consigo o crescimento de Ciro e tratou, ele mesmo, de reforçar aquilo que até então era uma tática inimiga.

''Somos jovens, temos compromisso com o Nordeste e com o novo'', disse Collor, no que pareceu ser um daqueles acessos de ausência de senso que o acometiam no poder.

Se tivesse tanto reconhecimento popular assim, a ponto de tornar-se alavanca de quem quer que seja para a vitória, deveria ele mesmo aventurar-se a vôos para além da província onde controla a tudo e a todos por meio do monopólio dos meios de comunicação.

Antonio Carlos, da mesma forma, inebria-se com os índices da aldeia e, como se jamais tivesse passado por um processo de condenação nacional (ou imagina que o Congresso se disporia a cassá-lo não fosse a pressão popular?), e recorre ao velho estilo dos bilhetes insultuosos para cobrar as críticas feitas por Garotinho no debate de domingo.

Chama o candidato do PSB de mau-caráter, revela que recebeu de Garotinho ofertas para acertos eleitorais e ainda dá um jeito de incluir na mensagem a mulher do ex-governador, na condição de sua ''fã de carteirinha''.
Um belíssimo desserviço a um candidato que, se for ao segundo turno, precisará do apoio de Garotinho. É fato que Ciro declarou, semana passada, que dispensa os votos do ex-governador. Mas é verdade também que há pouco também dispensava os de Antonio Carlos.

Se realmente Ciro for à disputa final, não poderá abrir mão de oferta alguma e não é com hostilidades que conseguirá a necessária ampliação de sustentação política para vencer.

Em ambos os casos, Collor e Antonio Carlos agiram em benefício próprio e acabaram rendendo homenagens à amiga onça.

Erro de pessoa
Fernando Henrique Cardoso reclama dos achaques de Itamar Franco quando este o considera ingrato por não passar o resto da vida lhe agradecendo a nomeação para o Ministério da Fazenda, em 1993.

Mas não age muito diferente quando autoriza assessores a reclamar que seu governo não está sendo suficientemente defendido por José Serra.

Ou muito as evidências enganam, ou o candidato é Serra e não Fernando Henrique, cujo governo acaba em dezembro. Parece haver aí, nessas reclamações, ou um erro de pessoa ou um excesso de auto-referência.
A Serra cabe, na condição de quem precisa conquistar votos e se eleger, mostrar suas idéias ao eleitorado. O governo entraria na história exatamente fazendo campanha - nos limites das restrições legais - para seu candidato.

Se a FH interessa eleger o sucessor, ao candidato interessa conquistar o eleitor. E, se passar o tempo todo falando - bem ou mal - do antecessor, corre o risco de contribuir para o adensamento da biografia do ex-presidente, mas ficar sem a Presidência. O que, diga-se, hoje não é um risco tão remoto assim.

Em 1994, FH também era candidato do governo, mas nem por isso sua referência maior era a administração que terminava. Talvez tenha ficado mal acostumado por causa do repeteco de 1998 quando, então, como candidato, cabia a ele a exaltação dos próprios feitos.

Considerando que esta não é uma campanha para reeleição nem concurso do mais belo clone do Brasil, natural que o candidato oficial preserve, no mínimo, sua identidade. E o eleitor que decida se acha boa ou ruim e vote como bem lhe convier.


Editorial

CONTROLE AMEAÇADO

A Lei de Responsabilidade Fiscal foi, sem dúvida, uma conquista histórica da sociedade brasileira. Conseguiu conter o inesgotável apetite da administração pública, impondo limites rígidos aos orçamentos e às folhas de pagamento. Não fosse a nova lei, o país já estaria batendo às portas do Fundo Monetário Internacional há muito mais tempo. Por isso, causa espanto a intenção do deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) de promover alterações na LRF com o objetivo de suavizar as exigências em vigor.

Preocupado com a grave situação de caixa de Minas Gerais, Aécio Neves (favorito na sucessão de Itamar Franco) defende ''a redução temporária por três anos'' de 13% para 6,5% no índice de comprometimento da receita dos Estados com o pagamento de dívidas com a União. O neto de Tancredo Neves não cansa de dar demonstrações de lucidez e competência na presidência da Câmara dos Deputados. Tem descortino político suficiente para saber que não dá para abrir a guarda em relação à responsabilidade fiscal. Qualquer concessão (por pequena que seja) significará a primeira de uma longa série. A nova lei será descaracterizada, perderá eficácia.

O ideal é reforçar os controles, em lugar de relaxá-los. O governo federal deveria, por exemplo, montar planilhas de acompanhamento dos gastos no combate à violência. Não adianta repassar US$ 600 milhões aos Estados sem saber ao certo onde vão parar os recursos. Há que exigir prestação de contas e coibir todo tipo de desvio ou abuso. Enfim, é preciso ampliar o raio de ação da Lei de Responsabilidade Fiscal.


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08/07/2002


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