Gelo das regiões polares que está derretendo corresponde a 1% do planeta



A cobertura de gelo da Terra está encolhendo a um ritmo maior do que se imaginava, atestam pesquisas publicadas recentemente. Porém, são partes e tipos específicos do gelo das regiões polares, que representam 1% do volume de gelo do planeta, que estão derretendo e que podem contribuir, ou não, para o aumento do nível do mar. A afirmação é do especialista no assunto, o coordenador geral do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia da Criosfera, Jefferson Cardia Simões, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRS).

 

“Nossa maior preocupação hoje é com o degelo das geleiras de regiões montanhosas, como os Andes, que estão dando a maior contribuição para o aumento do nível do mar”, diz o glaciólogo, e um dos líderes do Programa Antártico Brasileiro (Proantar). “A Antártida e a Groenlândia também contribuem com esse fenômeno, mas é só uma porção muito pequena do gelo dessas regiões que está derretendo. Já o gelo do oceano Ártico também está derretendo, mas não afeta o nível do mar”, afirma.

 

O especialista abordará esse tema em uma conferência na 62ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que se realizará na próxima semana em Natal (RN). A palestra será na terça-feira (27), às 10h, no campus da UFRN.

 

De acordo com Simões, é o gelo mais “quente”, situado mais próximo do ponto de fusão e ao norte da Antártida ou ao sul da ilha da Groenlândia, que está derretendo com maior velocidade nas duas regiões polares e que ao se desfazer pode contribuir para o aumento do nível do mar. Entretanto, ele representa menos de 1% do volume total do gelo do continente Antártico, que concentra 90% de todo o gelo do planeta, e uma pequena fração do gelo da Groenlândia. 

 

Já no mar congelado do Ártico, o tipo de gelo que está sumindo mais rapidamente é o marinho flutuante, que ao derreter não contribui para a elevação do nível do mar, pois toda a sua massa já está na água. Porém, do ponto de vista climático, é esse tipo de gelo que ajuda a manter o equilíbrio térmico do Ártico ao refletir a luz do Sol. Dessa forma, quanto menos gelo marinho, mais radiação solar será absorvida pelo oceano, que deve esquentar e mudará todo o balanço climático da região.

 

Por sua vez, o derretimento das montanhas de regiões tropicais e temperadas, como os Andes, tem impactos diretos nos recursos hídricos da América do Sul. Ao derreter, as águas das geleiras seguem para os rios e tomam o caminho do mar, podendo causar o aumento do volume de água tanto da bacia Platina quanto da bacia Amazônica.

 

Para investigar os impactos das mudanças climáticas e glaciais na Antártica e a relação do clima da região com a América do Sul, uma equipe de pesquisadores brasileiros, americanos e chilenos, liderada por Simões, inicia um projeto de colaboração científica internacional denominado Climate of the Antarctic and Southern América (Casa, na sigla, em inglês). Os pesquisadores preparam a primeira perfuração latino-americana, de mais de 300 metros, do manto de gelo antártico para coletar amostras de gelo com dados sobre o clima da península nos últimos cinco mil anos. 

 

Confira a programação da 62ª Reunião da SBPC aqui.

 

Fonte:
Ministério da Ciência e Tecnologia



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23/07/2010 05:36


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