GERALDO CÂNDIDO ANALISA RECENTE OCUPAÇÃO DO MST EM MINAS GERAIS



O senador Geraldo Cândido (PT-RJ) fez um balanço positivo da recente ocupação feita pelo Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) nas proximidades da fazenda Córrego da Ponte, localizada em Buritis (MG), pertencente à família do presidente Fernando Henrique Cardoso. Cândido assinalou o mérito da iniciativa em forçar uma retomada das negociações com o Ministério da Reforma Agrária, prevista para acontecer na próxima semana, com a intermediação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Com a transferência do acampamento para uma área distante 70 quilômetros da propriedade e a desocupação de prédios públicos no país, o senador petista diz que o governo não tem mais motivos para protelar um encontro com o MST. "O importante é que haja uma saída pacífica e seja feito um acordo para que o movimento possa tocar seus projetos agrícolas e de assentamento", observou.
Segundo Cândido, o fato de o governo não ter cumprido o acordo firmado em maio, quando teria se comprometido a liberar recursos para assentamentos rurais, motivou o acampamento em Minas e a ocupação de prédios públicos. O MST está reivindicando a liberação de R$ 2 mil para 200 mil famílias assentadas, com taxa de juros de 2,25% ao ano e 40% de desconto no ato do pagamento do empréstimo.
Os desentendimentos registrados entre o governador de Minas Gerais, Itamar Franco, e o presidente Fernando Henrique, durante esse episódio, não afetaram a imagem do movimento perante a opinião pública, conforme afirmou Cândido. "Ambos os lados se excederam e tomaram atitudes exacerbadas, mas não houve desgaste para o MST, porque a população reconhece a legitimidade de suas reivindicações", declarou.
Quanto às recentes denúncias de irregularidades na implantação de projetos de cooperativas agrícolas geridas pelo MST, Geraldo Cândido diz não acreditar que possíveis desvios tenham ocorrido por má-fé, mas sim por má administração. E cobrou do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) uma fiscalização mais eficiente dos recursos liberados, que, na sua opinião, tem a obrigação de acompanhar a aplicação das verbas públicas e viabilidade das iniciativas propostas.

21/09/2000

Agência Senado


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