GERALDO MELO DIZ QUE PREÇO DA ESTABILIDADE DEVE SER DOSADO



O senador Geraldo Melo (PSDB-RN) afirmou hoje que o governo não poderia evitar o que está sendo feito em termos de política econômica porém, a evidência do aprofundamento das desigualdades sociais e regionais recomenda uma dosagem no preço a ser pago pela estabilidade dos preços. O senador considera, contudo, que seria um risco para o país implementar qualquer mudança neste momento pois o resultado poderia ser um agravamento do quadro que se quer combater.

Geraldo Melo recomendou humildade aos gestores públicos e convidou os sociais-democratas a um questionamento de suas propostas: "O Estado do Bem-Estar social não tem mais vez", disse. O senador acredita que o processo econômico cada vez se distancia mais dos objetivos de bem-estar geral buscados pelas lideranças nacionais e internacionais.

Para o senador, a falta de clareza sobre o que está acontecendo provoca diferenciadas ênfases e transforma heresias em verdades. Antes, segundo ele, era herético combinar estagnação com inflação. A realidade impôs o conceito de estagflação. Recuperação econômica com aumento dos índices de desemprego também já foi inconcebível mas os Estados Unidos, saindo hoje de profunda recessão, recupera-se ao mesmo tempo que elimina milhares de postos de trabalho. O parlamentar também lembrou que dois socialistas históricos, François Miterrand e Felipe Gonzalez, fizeram governos mais liberais do que os próprios liberais derrotados por eles.

O senador Lúcio Âlcantara (PSDB-CE), em aparte, considerou que a redução do Estado implementada pelos sociais-democratas não deve necessariamente negar, pelo contrário, deve reafirmar seus compromissos sociais. O senador Jefferson Peres (PSDB-AM), por sua vez, afirmou que o governo não está tendo a compreensão de que as políticas sociais exigem recuperação da capacidade operacional do Estado.

30/08/1995

Agência Senado


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