GERALDO MELO DIZ QUE PREFERE ONERAR BANCOS A PREJUDICAR APOSENTADOS



Ao esclarecer nesta segunda-feira (dia 14) o discurso em que defendeu um empréstimo compulsório sobre os ativos financeiros, o senador Geraldo Melo (PSDB-RN) observou que entre as alternativas de onerar os aposentados ou os bancos e seus investidores, fica com a segunda opção. Ele destacou que, ao expor sua idéia sexta-feira passada, queria apenas provocar um debate.- Mas, como ocorre com todos nós, ao provocá-lo, meus adversários no Rio Grande do Norte tomaram a minha formulação como uma tentativa de restabelecer o confisco às poupanças dos brasileiros, nos moldes editados no governo Collor - afirmou.Geraldo Melo lembrou que, recentemente, o Congresso vetou uma proposta governamental de onerar os aposentados, cobrando-lhes contribuição para a Previdência. Embora o assunto esteja decidido, Geraldo Melo mencionou os comentários de que a proposta pode ser reapresentada. Daí por que ele disse ao ministro da Previdência, Waldeck Ornelas, que existe a alternativa do empréstimo compulsório sobre os ativos financeiros.- Entre os aposentados e os banqueiros e seus investidores, eu disse que era mais fácil buscar os recursos no sistema bancário. Os que têm ativos financeiramente importantes é que devem participar da Previdência. Entre o orçamento dos aposentados e o dos bancos, é a melhor alternativa - argumentou o senador.Geraldo Melo refutou a tese de que estaria querendo lançar mão da poupança popular e sustentou que o problema da Previdência no Brasil precisa ser mais discutido. "Como está hoje, a Previdência não é boa nem para o governo, nem para os segurados. Como está, a Previdência não pode ser mantida e há necessidade de um esforço para superar-se esse déficit", argumentou.Ele defendeu uma "reconcepção" da Previdência, sustentando ser incompreensível que um cidadão passe 30 ou 35 anos recolhendo contribuição para a Previdência e tenha que requerer a aposentadoria quando isso é um dever do Estado para com ele. "Está faltando a reforma da relação entre o Estado e o cidadão", afirmou o parlamentar.MUDANÇA RADICAL Na opinião de Geraldo Melo, o conceito de Previdência no Brasil precisa libertar-se de algumas coisas trágicas. Ele defendeu uma mudança radical na contribuição do empregador, que, em sua opinião, tem dificuldades burocráticas para recolher mensalmente um percentual sobre a folha de pagamento e outro sobre o salário do empregado. Geraldo Melo sugeriu que o empregador pague um percentual sobre o faturamento, livrando-se da estrutura complexa hoje existente. Ele explicou que a automatização da atividade produtiva atualmente tem resultado em perdas para a Previdência, exatamente porque a contribuição é feita sobre a folha de pagamento dos empregados. Se recolhida sobre o faturamento da empresa, o senador entende que a contribuição vai aumentar.

14/12/1998

Agência Senado


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