Geraldo Mesquita propõe criação de memorial em reverência aos escravos



O senador Geraldo Mesquita Júnior (PMDB-AC) defendeu em Plenário, nesta sexta-feira (19), a criação do que chamou de memorial da escravatura, em reverência aos brasileiros que foram escravos. A construção do memorial será ainda, na sua avaliação, um ato simbólico de pedido desculpa a todos os que viveram sob as cruéis condições do regime escravagista, além de servir ao esforço de conscientização sobre o caráter racista da formação do país - traço ainda marcante na sociedade atual, na opinião do senador.

- Quero iniciar fazendo aqui uma afirmação que muitos não gostam de ouvir: o Brasil é um país racista - assinalou logo ao iniciar o pronunciamento, na sessão de homenagem ao Dia da Consciência Negra e de solidariedade a vítimas de discriminação

Geraldo Mesquita informou que já vem conversando com Paulo Paim (PT-RS) para, numa iniciativa comum, apresentarem ao Senado projeto destinado a autorizar o Executivo a erigir o memorial. Segundo ele, a própria Organização das Nações Unidas (ONU) já apontou o descaso do país em relação à memória da escravidão. O memorial, disse, serviria para reunir documentos, objetos e registros de depoimentos sobre o passado escravista. Segundo ele, um possível lugar para o memorial seria a Bahia - estado que recebeu o maior número de escravos.

- O povo brasileiro, em visita a esse memorial, poderá prestar reverência, expressar a sua gratidão, pedir desculpas e reconhecer que não podemos continuar a ser como somos atualmente: um país racista - afirmou.

O senador pontuou seu discurso com citações do livro A Cor da Pele, que acaba de ser lançado pelo promotor de Justiça Almiro Sena, do Ministério Público da Bahia. Na linha do autor, ele disse que as características e a duradoura permanência do regime de escravidão forjaram a atual sociedade. Com pouco mais de 500 anos, o país conviveu com a escravidão por mais de 300. Ou seja, mais de dois terços de sua história de "exploração, tortura, violências, estupros e assassinatos" contra homens, mulheres e crianças negras.

- Imaginem os senhores e as senhoras em casa com sua família, trabalhando, os filhos brincando, e arrebatam vocês da sua casa, colocam vocês a ferros, açoitam, colocam num navio, atravessam o Atlântico sob as condições mais cruéis, sob as condições mais cruéis. Muitos de vocês não sobreviveriam - observou.

Apesar disso, acrescentou o senador, mecanismos do processo disseminados no processo educativo levam os brasileiros a negar o passado e a persistência do racismo, sob o manto da crença na pluralidade cultural. É o que o autor citado por ele chama de "teoria da desconsideração". Segundo ele, esse é o comportamento predominante e isso só contribui para "cristalizar" os preconceitos.



19/11/2010

Agência Senado


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