Governistas montam chapa sem Mendonça







Governistas montam chapa sem Mendonça
Para atrair PPS, palanque que vem sendo negociado teria Sérgio Guerra na vice, Roberto Freire e Marco Maciel no Senado e o governador Jarbas Vasconcelos disputando a reeleição

Devagar e sem alarde, ganha consistência nas hostes palacianas a versão de que, se depender do governador Jarbas Vasconcelos (PMDB), a entrada do PPS na chapa majoritária dele é questão de tempo. O mesmo fenômeno ocorre com relação à entrada do secretário de Projetos Especiais, Sérgio Guerra (PSDB), na vaga de vice-governador, no lugar teoricamente reservado ao atual ocupante do cargo, Mendonça Filho (PFL).

Ontem, o deputado estadual João Negromonte (PMDB), cunhado do governador e pessoa de sua total confiança, mostrou simpatia quanto à possibilidade de o senador Roberto Freire, presidente nacional do PPS, disputar a reeleição no palanque oficial. "Seria muito bom se isso acontecesse", afirmou. "Ele (Freire) só acrescentaria à aliança. É um nome muito importante dentro do Estado", destacou Negromonte.

Roberto Freire entraria na vaga destinada ao PSDB. O próprio Negromonte faz algumas ressalvas. "O governo teria muita dificuldade de administrar essa situação, até porque já há um acordo implícito que defineSérgio Guerra e Maciel para o Senado", ponderou. O PFL seria o mais prejudicado com o alargamento da chapa jarbista, porque é o partido com mais espaços na administração e o único que teria duas vagas asseguradas na majoritária. A legenda ficaria apenas com uma vaga para o Senado, leia-se, com a vaga do vice-presidente Marco Maciel.

Segundo o DIARIO apurou, dificilmente algum pefelista ousaria questionar a postulação de Maciel. Sobretudo agora, diante da campanha explícita deflagrada por ele, através de uma ampla publicidade nas rádios e jornais do Interior e nos guias eleitorais do PFL na TV. O deputado federal José Mendonça Bezerra, pai do vice-governador, já teria feito um "plano b", de acordo com fontes ouvidas ontem. Confirmada a saída de Mendonça Filho da chapa governista, ele seria o candidato do grupo a um mandato na Câmara dos Deputados. Mendonção, como é conhecido no meio político, seria candidato a deputado estadual.

Ele salientou, no entanto, que só concorrerá a uma vaga na Assembléia Legislativa "se aquela proposta vingar e, por enquanto, parece que não vingou". A proposta foi feita quando o PFL perdeu quadros de peso, como o ex-prefeito do Recife, Roberto Magalhães, e ficou ameaçado de perder o deputado federal Joaquim Francisco, que ainda reivindica o direito de disputar o Senado. José Mendonça defendeu Joaquim como candidato a senador do PFL.

E, ao mesmo tempo, lançou a candidatura de Marco Maciel para deputado federal e a sua como deputado estadual, tendo grande respaldo de parlamentares do partido. "Se a proposta vingar, amanhã, sou candidato a deputado estadual", declarou José Mendonça. O seu genro, Augusto Coutinho, líder do PFL na Assembléia, não escondeu o incômodo que a eventual retirada de Mendonça Filho da chapa majoritária causaria no grupo. "O PFL tem convicção do valor político que possui e do espaço que precisa. Sabemos da nossa força", enfatizou. "Temos um vice-governador ativo, competente e leal ao governador, secretários e, na Assembléia, o presidente, o líder do Governo, o presidente da Comissão de Justiça e a maior bancada".


Frente de Esquerda não prestigia festa
A ausência de lideranças da Frente de Esquerda na festa de aniversário do prefeito do Recife, João Paulo (PT), que ontem completou 49 anos, foi um sinal claro que a unidade da oposição está longe de se transformar em realidade. A festa, realizada na sede da PCR, contou com a participação de secretários e servidores municipais, alguns vereadores, secretários do Governo Jarbas Vasconcelos (PMDB), mas nenhum cacique aliado do PT compareceu para o tradicional beija-mão do prefeito.

Até o governador, mesmo não estando presente, telefonou anteontem para João Paulo, avisando que não poderia cumprimentá-lo pessoalmente porque estaria viajando, mas que desejava-lhe um feliz aniversário. Enquanto as aliados do prefeito não se deram ao trabalho de prestigiá-lo, os secretários do governador, entre eles, José Arlindo (Planejamento), Humberto Vieira (Justiça), Cláudio Marinho (Ciência e Tecnologia) e a chefe de gabinete, Lúcia Pontes foram pessoalmente abraçar o prefeito.

Indagado sobre a ausência dos caciques da Frente de Esquerda na sua festa, o prefeito desconversou, alegando que ninguém estaria obrigado a comparecer nas festas de aniversário. "Aniversário não é obrigação. Vem as pessoas que gostam e as mais próximas. Tem gente que não gosta nem de casamento nem de aniversário", comentou.

Mesmo sem contar com o apoio as lideranças oposicionistas, o prefeito foi surpreendido com uma surpresa preparada pelo pessoal da Secretaria de Educação e moradores da comunidade. Ontem, o petista foi acordado logo cedo em sua residência na Torre, ao som do autêntico frevo pernambucano. Às 6h, três músicos executaram a música Chapéu de Sol, de Capiba. A comemoração foi organizada pela secretária municipal da Educação, Edla Soares.

Os festejos de aniversário prosseguiram no hall do prédio da PCR e terminaram no gabinete do prefeito. No térreo, cerca de 1.200 pessoas de várias escolas do Recife fizeram uma homenagem a João Paulo. Além de dançar ciranda, o prefeito cortou o bolo e participou do tradicional parabéns para você. Nogabinete, a recepção foi dedicada aos cumprimentos e mais uma vez outro bolo de aniversário foi cortado.


Oposição se retira sem debater projeto
Parte dos vereadores da Câmara Municipal do Recife aproveitou o debate sobre o projeto do orçamento fiscal da PCR para trocar insultos e bater-boca. Os desentendimentos aconteceram na presença da secretária municipal de Planejamento, Tânia Bacelar, que esteve ontem na Casa para discutir o assunto com os parlamentares. No meio da confusão, a bancada do PFL, que apontou falhas "graves" no documento, se retirou da reunião sem ouvir as explicações da secretária.

Os pefelistas justificaram a saída motivados por uma declaração feita pelo vereador Paulo Dantas (PCdoB). Depois de quase duas horas de debate, o comunista avaliou que o nível dos questionamentos estavam aquém da expectativa criada pela oposição. "Ele fez um pré-julgamento do nosso trabalho. Não estava lá para ser julgado", reclamou Heráclito Cavalcanti (PFL).

Antes dos pefelistas, o vereador Liberato Costa Júnior (PMDB) também deixou a reunião. Ele chegou a bater-boca com o vereador Carlos Gueiros (PTB). Liberato ficou irritado com o petebista, queacusou os ex-presidentes da Comissão de Finanças de não ter deixado nenhum ensinamento para o atual grupo. Liberato, que já foi presidente da Comissão, deixou a sala, acusando Gueiros de querer fazer discurso para agradar a platéia.

Na abertura da reunião, Tânia Bacelar fez uma apresentação mostrando, inclusive as mudanças feitas por determinação da Lei de Responsabilidade Fiscal e portarias federais. A secretária, no entanto, foi surpreendida por documento apresentado pelo vereador Heráclito Cavalcanti. "Tratasse de uma planilha de consulta interna e não poderia está nas mãos do vereador", disse. Ela prometeu investigar o caso.


Eudo recebe R$ 72 mil de atrasados
Valor refere-se a período em que deputado manteve-se afastado por ter o mandato cassado em junho de 2000
O deputado Eudo Magalhães (PPB) comemora nova vitória dentro do processo de retorno à Assembléia Legislativa (AL). Hoje, a Casa entrega ao parlamentar um cheque no valor de R$ 72 mil, ressarcindo-o pelo período em que manteve-se afastado após ser cassado em junho de 2000. O valor bruto é de R$ 93 mil (R$ 72 mil é o total líquido, com descontos) e correspon de ao salário dos 14 meses em que ele ficou sem receber pelo cargo de deputado. Eudo recuperou o mandato, em agosto último, através de um mandado de segurança concedido pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE).

Segundo o 1º secretário da AL, deputado João Negromonte (PMDB), a determinação do pagamento partiu da Justiça. "De início, o pedido foi feito administrativamente, mas nós negamos. Ele recorreu à Justiça, que decidiu que a AL deveria fazer o ressarcimento", disse o parlamentar.

Eudo avaliou o resultado como mais um reconhecimento do erro que foi cometido contra ele pela AL. "Eu não pedi para sair. Foram eles (os deputados) que me tiraram. Tenho direito ao pagamento. Eu não receberia se tivesse ficado no cargo durante este período?", questionou.

Ele confirma que só conseguiu garantir o pagamento com intervenção da Justiça. "A secretaria da AL contestou, mas meus advogados recorreram e o TJ mandou realizar o pagamento", salientou. No entanto, o deputado avalia que o valor é baixo. Segundo ele, descontados os impostos e os honorários dos advogados sobrará uma "mixaria".

vitórias - O deputado adiantou que outras vitórias virão. "Só entro para ganhar. Sempre que tenho meus direitos feridos, roubados de mim, recorro à Justiça e nunca para perder". Ele lembrou ainda que é o primeiro deputado da história do País a retornar ao cargo depois de ser cassado.

Após reassumir sua vaga na AL, Eudo já obteve outra vitória, além desta referente ao ressarcimento. O pedido de liminar feito pela Procuradoria da Casa ao Supremo Tribunal Federal foi negado pelo presidente do STF, ministro Aurélio Mello. A AL queria, através da liminar, que o deputado fosse mantidofora da Casa até que o mérito de um recurso encaminhado pela sua procuradoria ao STF fosse julgado. O recurso pretende suspender o mandado de segurança que devolveu o mandato ao parlamentar.

Eudo Magalhães foi cassado após as CPIs federal e estadual de Narcotráfico fazerem acusações de que ele estaria envolvido com pistolagem e narcotráfico. A AL abriu um processo de cassação e acabou optando por excluí-lo dos seus quadros. O procedimento foi recomendado ao Legislativo pelas CPIs. O mandado de segurança que lhe garantiu seu retorno à AL foi aprovado por 12 votos contra um.


Grampo complica vida de outro governador petista
Investigação envolve secretário da Fazenda do Acre com cartel

BRASÍLIA - Uma investigação feita pela Polícia Federal para apurar indícios de formação de cartel de combustível no Acre pode complicar mais um governador do PT. Uma escuta telefônica da PF mostra uma conversa do empresário Antônio Santana de Souza com o ex-presidente da Comissão de Licitações do Governo e ex-coordenador de campanha do governador Jorge Viana (PT), Jorge Fernando Oliveira Lima. Eles tratam de um suposto acordo que teria sido firmado com o secretário de Fazenda, Mâncio Lima Cordeiro, e o diretor do Departamento de Estradas e Rodagens (Deracre), Tácio Brito para beneficiar um posto de gasolina de Santana.

A fita, divulgada ontem em Brasília pelo deputado estadual João Correia (PMDB-AC), foi gravada em 12 de dezembro, mas, curiosamente, em alguns trechos, o analista da PF troca o nome do secretário por outros semelhantes. A gravação faz parte de um processo que tramita na Justiça Federal do Acre, de forma sigilosa, que tinha como única finalidade apurar a existência de um cartel de combustívelenvolvendo Santana, também presidente do sindicato da categoria no Estado.

Na conversa, Santana cobra de Lima, mais conhecido como "Dudé", o pagamento atrasado pelo fornecimento de combustível e insinua que existe um pacto para beneficiar o posto de gasolina de propriedade dele, supostamente envolvendo Brito. "...Hoje, eu tô com R$ 296 mil para receber dele (Brito), dos quais, dos quais, R$ 80 mil é (sic) fornecimento que não foi nem faturado ainda porque não tem nem carta convite, né? Não tem tomada de preço. Ele pegou e licitou com o posto Bonzão (concorrente de Santana), né? Direcionou pro Posto Bonzão...Além de não me pagar, atrasar os pagamentos, fazer isso comigo, rapaz...", diz, em parte da fita.

"Dudé" tenta contemporizar, afirmando que resolverá o problema. "Eu vou dar uma conversada com ele, vou ver como é que tá rolando, e vou conversar com o Mâncio também", diz o assessor do Governo. Santana responde, em outra parte do registro, que Brito havia lhe pedido para não deixar de fazer o fornecimento de combustível, afirmando: "Vamos licitar pra você vamos dar continuidade..." O nome do secretário da Fazenda aparece de novo em outro trecho, agora relacionado à campanha política, no qual Santana afirma ter feito outro acordo. "É, sem considerar ainda que....que na campanha, fora daquele acordo que eu tinha com o Mâncio, eu mandei em torno de uns 15 mil litros de gasolina pra ele, lá em Boca do Acre (cidade do Amazonas, vizinha à divisa com o Acre)..." "Dudé" e Brito tinham sido citados, no início do ano, pelo procurador da República no Acre, Marcus Vinícius Aguiar Macedo, como envolvidos numa suposta prática de crime eleitoral e serem contra a Lei das Licitações.

O assessor de Comunicação do Estado, Aníbal Diniz afirmou que as conversas entre "Dudé" e Santana são "normais, de um comerciante que não está vendendo seu produto". "'Dudé' está, na conversa, tentando acalmar o comerciante. O deputado João Correia quer passar a idéia de ter descoberto um escândalo e fazer-se de vítima porque vai ser punidopor ter revelado um segredo de Justiça", afirmou o assessor.


CPI quebra sigilos de lobista e de ex-assessor
BRASÍLIA - A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito sobre Roubo de Cargas aprovou ontem dois requerimentos de parlamentares do PT pedindo a convocaçào do lobista Alexandre Paes dos Santos e do ex-assessor parlamentar do Ministério da Fazenda Hugo Braga para depor. A comissão também aprovou a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico dos dois. A convocação foi feita a pedido dos deputados Nelson Pellegrino (PT-BA) e Walter Pinheiro (PT-BA) e do senador Geraldo Cândido (PT-RJ). A data do depoimento do lobista e do ex-assessor ainda não foi marcada.

O assunto foi examinado na comissão porque a empresa do lobista, a APS, tem como cliente uma multinacional francesa, que foi denunciada por envolvimento em roubo de cargas. Na última edição da revista Época foi publicada a denúncia de que Alexandre Paes fez articulações em defesa dessa empresa na CPI e chegou inclusive a instruir os depoentes.

O Ministério Público Federal e a Polícia Federal começaram a investigar o lobista a pedido do ministro da Saúde, José Serra. Alexandre Paes procurou uma funcionária do ministério e disse que tinha provas que incriminavam Serra por articular doações de laboratórias à sua campanha eleitoral em 2002. O próprio ministro pediu a apuração.

Hugo Braga foi exonerado anteontem. Também na denúncia da revista Época o nome dele é citado por ter ligações próximas com o lobista. Braga exercia cargo de confiança no Ministério da Fazenda e usava os serviços de um motorista cujo salário era pago pela empresa de Alexandre Paes. Também anteontem, a Câmara dos Deputados cassou o crachá que dava direito ao lobista a percorrer o Congresso Nacional em defesa de seus interesses.


Artigos

Barca e estrela
Tereza Halliday

Sempre que me arrepio com as barbeiragens cotidianas no uso da língua portuguesa, tomo uma dose de Cecília Meireles para desintoxicar. Há muito tempo mergulho nos textos de Cecília em verso ou prosa, como suplemento alimentar. Com desvelos de fã, organizei caderno incluindo poemas favoritos copiados a mão, recortes, assinatura, entrevistas, fotos e extinta nota de 100 cruzeiros com a esfígie daquela que "às areais e gelos quiz ensinar a primavera". Usei este seu verso no título de crônica publicada em 28/11/76 neste jornal.

Outro novembro, outro século e eis-me a compartilhar de novo meu gosto por Cecília Meireles, cujo centenário de nascimento é celebrado no dia 7 de novembro. Também neste mês, há 37 anos, ela se encantou. Não leio comentários técnicos à sua obra. Vou direto aos poemas: "Ai, que nomes têm as coisas!/ São vossas fontes copiosas / mas outras são minhas sedes". Encontro-a feita de carne e espírito, profunda religiosidade, sutilmente sensual.Brincalhona com as palavras, em Morena, Pena de amor. Penetrante, no Romanceiro da Inconfidência. Dizem os entendidos que, entre seus poemas, estão pelo menos 100 obras-primas.

Impressiona-me também sua pessoa. "As solidões deste mundo / conheço-as todas de cor". Pudera! Seus 63 anos de vida foram marcados pelo nascimento já órfã de pai, a perda da mãe em tenra infância; mais tarde, da avó amorosa que a criou. A solidão da viuvez, aos 34 anos, com o enforcamento do marido, pai de suas três filhas. Suicídio considerado por ela "também um assassinato" - da Cecília que era até então. Por fim, a solidão do câncer e da morte, antevista no poema de despedida Cantar de Vero Amor, dedicado ao seu segundo companheiro.

No Rio de Janeiro, onde nasceu, assinou a Página de Educação do Diário de Notícias, onde defendia os princípios pedagógicos da Escola Nova, o ensino laico, classes mistas. Fundou a primeira biblioteca infantil brasileira, invadida e desmontada durante a ditadura Vargas, sob a acusação de conter obras"comunistas", como as Aventuras de Tom Sawyer, de Mark Twain! "Quem pode ser verdadeiro / sem que desagrade?".

Evitando repetir as citações cecilianas mais conhecidas, ressalto O Estudante Empírico, uma geometria da alma: "somos sempre um pouco menos do que pensávamos. / Raramente, um pouco mais". O Oratório de Santa Maria Egipcíaca, shakespeareano: "Como posso cantar para a Eternidade / se a minha vida é só para breves instantes?". E os Cânticos, de profundidade bíblica: "Não queiras ter Pátria / Não dividas a Terra / Não dividas o Céu / Não arranques pedaços ao mar / Nasce bem alto / Que as coisas todas serão tuas". Atualíssimos.

Como barca e estrela, serena desesperada e navegante que aborda o limite humano, Cecília sabe que "vivemos do que perdura, / não do que fomos". E recomenda que "é bom deixar / um pouco de ternura e encanto indiferente / de herança em cada lugar". Amém.


Colunistas

DIARIO Político

Um bate-boca sem fim
Os eleitores pernambucanos devem estar completamente entediados com a retomada do debate em torno dos precatórios de Arraes (PSB). Porque os títulos públicos foram tema da campanha de 1998, permaneceram em cena nos primeiros meses da administração Jarbas Vasconcelos, sobreviveram ao primeiro ano de governo, ao segundo, e chegaram ao terceiro, depois de marcarem presença na campanha eleitoral do ano passado, sem que tenha acontecido um fato novo, capaz de justificar esse bate-boca. Na verdade, a briga que envolve o governador e o ex-secretário da Fazenda, Eduardo Campos (PSB-PE), adversários políticos ferrenhos, não interessa nem um pouco aos pernambucanos comuns. Pois essa discussão sem fim passa bem distante dos problemas diários da população como a violência generalizada, a falta d'água, o desemprego que leva o desespero para milhares de famílias, as longas filas dos hospitais públicos que dificultam o atendimento médico decente para os mais pobres, e tantos outros que continuam sem solução. Enquanto a Justiça não resolve quem tem razão na questão dos precatórios, os políticos deveriam se preocupar em ouvir mais os seus eleitores, saber das queixas dos contribuintes que querem o retorno dos impostos que pagam, chegar bem perto da população para saber como poderão ajudá-la. Do contrário, poderão ter uma grande surpresa nas urnas do próximo ano, se os pernambucanos decidirem mudar o quadro que está aí.

João Braga (PV), Antônio Moraes (PSDB) e Lula Cabral (PMDB) são os vencedores do Troféu Leão do Norte - 2001 pelo trabalho que realizaram, respectivamente, nas áreas Cultural, Educação e Econômico/Administrativa

Nomes

O pessoal da Secretaria de Defesa Social passou o maior vexame no Recifolia. Porque os organizadores dos camarotes esqueceram que o secretário é Gustavo Rodrigues e não mais o coronel Iran Pereira, como constava na placa que indicava a reserva do local.

Novela

O segundo capítulo da CPI da CTU acontece hoje, na Câmara do Recife, com os depoimentos do ex-presidente da CTTU, José Eustácio, e do ex-diretor Administrativo e Financeiro, João Regueira. Às 14h, no plenarinho

Desmandos

A leitora Selma Regina Fonseca manda um recado para Fernando Rodovalho: "Tenho vergonha de morar em Jaboatão dos Guararapes porque o prefeito de lá não governa e a Câmara dos Vereadores e o Ministério Público não fiscalizam seus atos. O caso da merenda escolar é só o começo dos desmandos".

Comissão

Augusto Coutinho (PFL) será o relator da Comissão Especial da Assembléia que vai analisar e emitir parecer sobre os Projetos de Resolução que tramitam no Legislativo, instituindo o Código de Ética e a Comissão de Ética Parlamentar,

Campanha 1

Eduardo Campos (PSB-PE) não gostou porque João Paulo condenou a troca de acusações entre ele e Jarbas Vasconcelos por conta dos precatórios: " Vale lembrar que nossos adversários são o presidente FHC e o governador e esse discurso de bom moço do prefeito é equivocado politicamente".

Campanha 2

Para o deputado, João Paulo devia ter com o governador "uma relação que resultasse em ações e não festiva, pois até agora só vi a retomada de um convênio que tinha mais de dez anos". E mais: "O prefeito tem que se dedicar mais à administração da cidade para não chorar pelo leite derramado".

Camarote

Liberato Costa Júnior (PMDB diz que foi ao Recifolia mas assistiu ao desfile da cantora Ivete Sangalo no camarote de Jarbas Vasconcelos e não no camarote de João Paulo, como foi publicado aqui. Birrento, o vereador.

Elogios

Joaquim Francisco, do PFL, fez muitos elogios a Itamar Franco (PMDB-MG) ao seu entrevistado, terça-feira, no programa de Salomão Schvartzman, da Rede Bandeirantes/Guararapes. Quem quiser conferir o que o deputado andou dizendo, a entrevista será exibida amanhã, a partir das 22h30.

Projeto

Em reunião realizada ontem, na residência oficial do presidente da Câmara dos Deputados, Aécio Neves (PSDB-MG), líderes de todos os partidos decidiram apresentar ao plenário da Casa, na próxima semana, requerimento de urgência para o projeto de Marco Maciel que regulamenta o lobby no País.


Editorial

Imposto de Renda

Desde janeiro de 1996, não há correção da tabela do Imposto de Renda para ajustá-la às alterações ocorridas no ganho real das pessoas físicas. Os mesmos percentuais aplicados há seis anos causaram aumento de 35,9% sobre o valor físico do tributo arrecadado. Entre as maiores vítimas estão os trabalhadores que, em razão de salários revistos para atenuar os efeitos da inflação, foram enquadrados em faixa mais alta da tabela.

O realinhamento das faixas sujeitas à incidência é o meio de evitar que as pessoas físicas continuem a recolher IR cada vez mais alto em valores absolutos. O Senado manteve-se atento à necessidade de rever a injustiça. Aprovou projeto que acolhe a correção de 35,9%. Trata-se de percentual resultante de cálculos aprovados sem maiores contestações.

A Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados manteve a decisão do Senado. Mas a Receita Federal oferece resistência ao projeto. Alega que a proposta reduzirá a arrecadação em R$ 5,3 bilhões. Então, se as relações entre o fisco eo con tribuinte não forem regularizadas, são as pessoas físicas que devem suportar prejuízos de R$ 5,3 bilhões. A alternativa oferecida pelo Executivo é a de fixar em 11% a revisão da tabela e das isenções previstas em lei.

Mas não só isso. Requer ao Congresso a criação de nova alíquota para recolher 35% sobre os ganhos acima de R$ 10 mil. Hoje, o gravame é de 27,5%, algo absurdo, pois alcança os salários a partir de R$ 2.500. A alegação de que haverá perda de arrecadação é verdadeira. Mas as razões de ordem econômica são insustentáveis quando se trata de sustar a expropriação de somas respeitáveis dos contribuintes. Não se pode ignorar que os encargos sobre a remuneração das pessoas físicas ficam hoje em torno de 50%, considerados o IR, a contribuição previdenciária e impostos diversos.

A frustração de receitas representará sempre desastre social se for objeto de compensação por meio de obrigações tributárias cada vez mais elevadas. A forma de contorná-la é o combate à elisão e à sonegação fiscais. Há,também, instrumentos eficazes de controle sobre fraudes de todo o gênero mediante acompanhamento de recursos em circulação com base nos dados colhidos pela contribuição sobre movimentação financeira, a CPMF.

No Brasil, a classe média e as empresas são as fontes únicas de poupanças. Arrochá-las será o mesmo que reduzir os ativos em circulação na economia. Em outras palavras, tornar o País mais dependente de disponibilidades externas. Sobretudo se, como se deseja agora, forem elevados para 35% os saques sobre as rendas acima de R$ 10 mil.


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11/01/2001


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Nome de Jader é excluído de chapa