Governo deve reduzir tensão no campo, alerta Lúcia Vânia



Preocupada com as recentes ocupações de terras promovidas pelo Movimento dos Sem-Terra (MST), a senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO) alertou para a necessidade de o governo federal tomar medidas que evitem a "tensão permanente que permeia a questão agrária no Brasil". Ela pediu a inscrição nos registros do Senado de três matérias jornalísticas, publicados no jornal O Globo neste mês, que apontam a ausência de um plano governamental de reforma agrária e informam o surgimento de novos movimentos sociais desvinculados dos tradicionais.

Em entrevista concedida ao jornal, o professor de Geografia Agrária da Universidade Estadual Paulista Bernardo Mançano Fernandes avalia - segundo registro feito pela senadora - que não existe um agravamento no quadro de conflitos agrários. Para ele, a mídia é que vem dando maior repercussão ao tema. Bernardo, que é estudioso e autor de cinco livros sobre a questão agrária, afirma que o governo ainda não tem um projeto de reforma agrária e tem conduzido de maneira "solta" a reforma agrária.

Para o professor, porém, existe a expectativa de que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva elabore e divulgue, até setembro deste ano, um projeto concreto de assentamento. Segundo seus cálculos, o Brasil possui 260 milhões de hectares passíveis de ser utilizados para a reforma, beneficiando-se cerca de 600 mil famílias até o ano de 2006.

Outro texto citado pela senadora - este de autoria da jornalista Letícia Lins - indica o surgimento em cidades de Pernambuco de novos movimentos sociais que vêm sendo chamado de os sem-movimento. Segundo a matéria, cerca de 25 mil famílias sem acesso à terra e que não têm ligação com o MST ou com outros movimentos sociais têm solicitado cadastramento ao Incra para tentar receber um pedaço de terra. A informação foi dada pelo superintendente do Incra, João Farias, para quem "a procura por terra é tão grande que o MST já não consegue abrigar todo mundo".

Na terceira matéria destacada pela senadora Lúcia Vânia, a mesma jornalista, Letícia Lins, aprofunda a constatação de que os movimentos sociais tradicionais não estão conseguindo absorver as demandas por terra dos trabalhadores rurais. Nela, João Farias aponta a dificuldade que o Incra vem encontrando para desenvolver o trabalho de assentamento em Pernambuco, à medida que os movimentos sociais vão sendo pulverizados.



28/07/2003

Agência Senado


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