Ministro diz que governo vai fazer reforma agrária e reduzir tensão no campo



A solução para combater a exclusão social e diminuir a tensão no campo, de acordo com o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues, é a realização de uma reforma agrária. A declaração foi feita durante audiência pública conjunta das Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) e Sociais (CAS), em resposta aos senadores Romero Jucá (PSDB-RR) e Arthur Virgílio (PSDB-AM). Para o ministro, essa é a opinião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que pretende fazer a reforma agrária -sob o império da lei- e sem estimular invasões e violência no campo.

Rodrigues condenou propostas de limitação do tamanho das propriedades rurais. Segundo disse, a terra tem função social e deve ser vista apenas como a base para investimentos e aplicação de tecnologia para que haja produção. Ele criticou modelos fracassados de estatização da produção e afirmou que os modelos que dão certo devem ser premiados.

Para Arthur Virgílio, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) deixou de ser um movimento social, já que -exorbita e vive o delírio da revolução zapatista-. Assim como Jucá, Virgílio se disse preocupado com a tensão no campo, que pode levar ao desestímulo a novos investimentos. Mas, se o ministro está tranqüilo quanto ao assunto, o senador disse que também ficará tranqüilo, mesmo temendo que o MST possa gerar problemas ao presidente.

Ele acredita que o ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, é dúbio quanto às invasões de terra e não tranqüiliza o setor, tanto que há notícias sobre o aumento da tensão, o que inclui a formação de milícias armadas em algumas regiões, apontou o senador.

Jucá vê uma -dicotomia- no governo Lula, que teria, ao mesmo tempo, -um ministério do produtor e um ministério do invasor-, referindo-se, respectivamente, aos Ministérios da Agricultura e do Desenvolvimeto Agrário. Para ele, o ministro Miguel Rossetto, se pudesse, aplaudiria e até apoiaria as invasões ou a falta de providências contra invasões de terra pelo MST. -Essa tensão no campo atrapalha o processo de produção-, observou.

Para Virgílio, segundo o qual o governo do presidente Fernando Henrique Cardoso assentou 60 mil famílias, o que interessa é que a reforma agrária seja feita. Rodrigues afirmou que o governo não pretende quebrar o recorde de assentamentos do governo anterior, mas dar melhores condições de trabalho às famílias assentadas.



15/04/2003

Agência Senado


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