Governo quer detalhar a vida dos moradores de rua no País
A pedido da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR) e do Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) fará um levantamento detalhado sobre as populações de rua em todo País. Os dados existentes serão esmiuçados e ampliados, segundo a secretária nacional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos (vinculada à Secretaria de Direitos Humanos), Salete Valesan Camba.
Salete Camba disse que o número Disque 100 da secretaria se destina principalmente às denúncias relativas aos moradores de rua ou a pessoas que estão na rua, como ela se refere. “Há pessoas que estão na rua, mas têm casa e referências de família, portanto não podem ser chamadas de moradores de rua, disse.
Os casos de violência contra moradores de rua registrados nos últimos dias, segundo a secretária, chamam a atenção porque escondem o sentimento de impunidade. “Nós vivemos um tempo de descrença e de impunidade. Isso gera a violência”, disse. “Há uma descrença de quem comete violência, por isso é necessário combater [esse sentimento] também.”
Para Salete Camba, é fundamental ainda tentar desfazer os preconceitos e os sentimentos de discriminação. “Muitos associam o morador de rua com o dependente químico e o usuário de substâncias ilegais. Isso não é real. É preciso trabalhar para combater o preconceito”, disse.
Reunião
O assunto, segundo Salete, será tema da reunião da Coordenação do Comitê das Populações de Rua, no fim do mês, em Brasília.
“Há a necessidade de uma política federativa, construída a partir de ações comuns do governo federal com os governos estaduais e municipais e o apoio da sociedade. É preciso prevenir a violência e combatê-la”, disse. “Estamos muito preocupados. Parece que há uma circulação de violência. Isso é muito grave. A sociedade precisa se indignar e não pode aceitar tudo isso como normal.”
Segundo a secretária, desde o ano passado os governos se uniram em busca de alternativas para garantir assistência aos moradores de rua. Salete Camba lembrou que recentemente as agressões se voltaram às comunidades empobrecidas de São Paulo. “A partir daí, houve vários casos”, acrescentou.
Casos
Na manhã de sábado (10), por volta das 7h, dois moradores de rua de Brasília foram assassinados a tiros. Eles dormiam sob árvores, em uma região nos arredores da capital. Pelas investigações preliminares, o atirador disparou várias vezes contra os homens.
O caso é investigado pela 21ª Delegacia de Polícia. Ainda não há informações sobre as motivações do crime. A perícia esteve no local e localizou cápsulas das balas utilizadas. Os dois homens mortos estavam sem documentos.
Em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, um morador de rua também foi vítima de agressões no sábado. O jovem, de 22 anos, foi amarrado a uma árvore e teve 40% do corpo queimado. Ele está internado.
Há duas semanas em Brasília, um comerciante contratou um grupo de jovens para queimar dois homens que moravam em frente à loja dele. Uma das vítimas morreu e a outra está internada em estado grave no Hospital Regional da Asa Norte (Hran).
A polícia identificou os homens que atearam fogo aos moradores de rua. Segundo os policiais, o comerciante que contratou os homens pagou R$ 100 pelo crime. De acordo com o comerciante, os moradores de rua atrapalhavam seu negócio.
No dia 20 de abril completa 15 anos de um crime que chocou o País. Jovens da classe média alta incendiaram e mataram o índio pataxó Galdino Jesus dos Santos. Em 1997, o índio foi morto no momento em que dormia em uma parada de ônibus na Asa Sul de Brasília. O local ganhou uma praça com o nome do indígena.
Fonte:
Agência Brasil
12/03/2012 15:06
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