"GOVERNO QUER DIVIDIR PARA GOVERNAR", DIZ LAURO CAMPOS



O senador Lauro Campos (PT-DF) disse hoje (dia 9) que a estratégia do governo federal, ao propor a separação da condição de militar da condição de funcionário público civil, é "dividir para governar". Na sua opinião, "o que é de estarrecer é que Brasília, o centro das decisões, não esteja agitada diariamente, as praças incandescentes, o povo revoltado, depois de três anos de governo sem um real de reposição das perdas inflacionárias".

- É óbvio que podemos suspeitar que o governo federal, que já prometeu mais um ano de sacrifício aos servidores, ameaçados de demissão ainda por cima, deve contar com um grupo de aliados bem remunerados, trazendo a cizânia entre os civis e os militares. Também coloca como suspeita que se pretende obter a cooperação subserviente daqueles militares que passariam a ter uma remuneração capaz de reprimir as agitações decorrentes da falta de reajuste salarial - ponderou.

Sobre a proposta de transferir a indicação dos comandantes da Segurança Pública do Governo do Distrito Federal para o governo federal, Lauro Campos declarou que não pode concordar com medidas que tiram o poder do Distrito Federal. "Não podemos voltar à antiga situação de subserviência, em que os coronéis, mandados e nomeados pelo Palácio do Planalto, venham aqui estabelecer os seus mandos e desmandos", frisou.

Em aparte, o senador José Eduardo Dutra (PT-SE) assinalou ser contrário à invasão de prédios públicos, mas salientou que os resultados dessas ações em Brasília foram apenas alguns vidros quebrados ou uma mesa suja de ministro. "Possivelmente o que está se pretendendo implantar aqui é a eficiência da segurança do governo do PSDB no Pará, cujo resultado é conhecido por todos nós", sustentou.



09/01/1998

Agência Senado


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