Grazziotin defende maior participação feminina na política e no mercado de trabalho



Presidente do conselho do Prêmio Mulher Cidadã Bertha Lutz, A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) defendeu nesta segunda-feira (12) em Plenário equidade no mercado de trabalho e uma maior participação feminina na política, especialmente no Parlamento. A senadora afirmou ainda existir por parte dos homens uma “certa incompreensão” sobre a luta feminista pelo direito das mulheres.

- A luta feminista, que não é de mulheres contra os homens, mas também dos homens por uma sociedade mais igual. Deve ser travada por homens e mulheres. Não é normal as mulheres representarem 52% do eleitorado e só ocuparem 10% das cadeiras do Parlamento. Não é normal, não é lógico – observou.

Da mesma forma, ela disse não fazer sentido que atualmente as mulheres tenham maior grau de escolaridade e, ganhem em média 30% a menos que os homens. Nesse sentido, disse, a maternidade é vista pelo empregador como uma desvantagem da mulher diante do homem, na hora de assumir uma vaga.

- Infelizmente, não à luz da legislação, mas na escuridão, a mulher ainda é penalizada porque engravida, porque dá à luz. Porque, na hora de buscar no mercado de trabalho, o patrão, geralmente, entre um homem candidato e uma mulher candidata àquela vaga, opta pelo homem – lamentou.

Ao comentar o aparte do senador Valdir Raupp (PMDB-RO), segundo o qual na Escócia a representação parlamentar feminina é de 40% a 50%, e que, no Brasil, seria possível “daqui a 50 ou100 anos” a mulher obter equilíbrio na participação política, Vanessa Grazziontin observou que as mulheres não pretendem esperar todo esse tempo.

Bertha Lutz

Vanessa Grazziotin salientou que mais do que em outras edições a escolha das cinco premiadas de 2012 apresenta um quadro bastante representativo da atuação feminina na luta pelos direitos da mulher.

- Queremos chamar a atenção dos homens, queremos também a participação dos homens porque assim conseguiremos quebrar os tabus na sociedade brasileira e no mundo inteiro – afirmou, registrando a entrega, nesta terça-feuira (13), do prêmio Bertha Lutz, sendo a presidente da República, Dilma Rousseff, uma das cinco homenageadas.

A senadora fez uma breve descrição da atuação de cada uma delas: Rosa Scalabrin é representante da luta dos trabalhadores rurais e seringueiros no Acre; Analice Costa atuou no movimento estudantil baiano contra a ditadura militar e desenvolveu estudos sobre gênero no México e no Brasil. Já Maria Prestes desenvolveu, ao lado do marido, Luiz Carlos Prestes (1898-1990), longa vida de militância comunista, com atividades na clandestinidade, enfrentando perseguições políticas e exílio. Eunice Michiles, primeira mulher eleita senadora no país em 1979, na condição de suplente do ex-governador João Bosco Ramos de Lima, em um período em que os suplentes eram eleitos, recebeu 46% dos votos. Porém, sem apoio político, não tinha direito a voz nos comícios. Assumiu o cargo três meses depois com a morte do titular.

Sobre a presidente Dilma Rousseff, Vanessa Grazziotin assinalou que aos 16 anos iniciou a militância política. Entrando para organizações clandestinas, foi presa pela ditadura, sofreu tortura. Solta, mudou-se para Porto Alegre, onde lutou pela Campanha da Anistia aos perseguidos políticos e exilados.

A senadora informou que a cerimônia de premiação será dividida em duas partes, sendo a primeira com a distribuição da premiação e a participação de Dilma Rousseff e a segunda destinada aos pronunciamentos dos parlamentares.

Da Redação



12/03/2012

Agência Senado


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