GROS: DESIGUALDADES REGIONAIS NÃO ACABARÃO DA NOITE PARA O DIA



O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) disse nesta quarta-feira na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) que a instituição tem papel limitado na diminuição das desigualdades regionais, principalmente ao utilizar-se de recursos do próprio banco. No entanto, respondendo a perguntas feitas pelos senadores Jefferson Péres (PDT-AM) e José Eduardo Dutra (PT-SE), Gros explicou que a atuação regional do BNDES irá crescer com a aplicação de recursos do Orçamento Federal - associados a recursos privados - no valor de R$ 186 bilhões, 40% dos quais nas áreas mais pobres do País, especialmente no Norte, Nordeste e Centro-Oeste, entre 2000 e 2007. Esse dinheiro faz parte do chamado Programa dos Eixos.

- Infelizmente as desigualdades regionais não vão acabar da noite para o dia - afirmou o presidente do BNDES, que debateu os planos do banco na CAE em razão de requerimento apresentado por Jefferson Péres.

Dutra considerou "perdida" a última década, uma vez que os investimentos do BNDES nas três regiões ficaram na média de 24% das aplicações totais do banco, percentual que equivale à participação do Norte, Nordeste e Centro-Oeste na produção nacional. O senador sergipano cobrou maior dinamismo do BNDES na busca de investimentos, mas Gros argumentou que o banco depende da existência de projetos aos quais possa dar apoio, não podendo "criá-los do nada". O presidente do BNDES prometeu fazer esforços no sentido de aumentar a eficiência da relação entre o banco e seus agentes financeiros, de tal modo que os empreendedores não sofram com a falta ou demora na aplicação dos recursos por instituições repassadoras - o Banco do Brasil é a mais importante. O senador Lúcio Alcântara (PSDB-CE) foi um dos que relataram casos em que o dinheiro ofertado pelo BNDES custou a sair por falta de entendimento entre o BNDES e o BB.

Gros também falou sobre como o banco irá atuar no financiamento a compradores de empresas em privatização, atendendo a indagações de vários senadores, entre eles Ney Suassuna (PMDB-PB), presidente da CAE, e Pedro Simon (PMDB-RS). Gros defendeu o financiamento a compradores utilizado na privatização da Telebrás, já que o Brasil enfrentava crise de credibilidade e precisava vender as empresas. No momento, considera desnecessário esse tipo de financiamento e fora das prioridades do BNDES.

Os senadores Eduardo Suplicy (PT-SP) e Paulo Hartung (PPS-ES) pediram explicações a Gros sobre os investimentos sociais do banco. Gros respondeu que no orçamento da instituição para o quiquênio 2000-2005, no valor de R$ 30 bilhões, está previsto um aumento de aplicações em projetos sociais de 4,4% para 16,7% até o final do período.

O presidente do BNDES observou que a oferta desses R$ 30 bilhões levará as empresas a captarem recursos complementares em outras instituições, o que deverá elevar a R$ 75 bilhões o volume de recursos disponíveis no quinquênio para projetos financiados pelo banco. Desse total, R$ 5,5 bilhões (contra R$ 2,8 bilhões em 1999) deverão ser emprestados a projetos de micros, pequenas e médias empresas. O senador Pedro Pìva (PSDB-SP) defendeu a aplicação pesada em grandes corporações como forma de dinamizar a economia. Já o senador Edson Lobão sugeriu que se evite a concentração da aplicações do dinheiro em determinados setores. Ele lembrou que há alguns anos os investimentos do BNDES no pólo petroquímico de Camaçari eram superiores a todo o investimento do banco no Nordeste.

29/11/2000

Agência Senado


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