HARTUNG : LIDERANÇAS DEVEM APROVEITAR O RECESSO PARA REENCONTRAR O PAÍS



O país caminha num rumo equivocado, com o governo federal enfraquecido, o Congresso Nacional desgastado e o Judiciário sob suspeita, afirmou o senador Paulo Hartung (PSDB-ES). Diante disso, ele sugeriu que as lideranças políticas aproveitem o recesso legislativo para descolar-se da "guerra midiática" em que se envolveram e voltar-se para os problemas reais do país e seu povo, num reencontro que supere a falta de rumos e de iniciativa.Para Hartung, os indicadores econômicos e sociais positivos deveriam pavimentar uma mudança na política econômica. "O maior perigo que corremos no momento é acreditar que esta melhoria no ambiente macroeconômico sirva de justificativa para não se mexer no modelo econômico atual", alertou.A política econômica vigente baseia-se, na opinião do senador, num modelo de crescimento frágil, porque dependente de poupança externa, o que "torna a economia permanentemente vulnerável a qualquer mudança de conjuntura internacional". Os males nacionais não serão superados com o simples aprofundamento da liberalização do mercado cambial, salientou o senador, apontando para a necessidade de mecanismos efetivos de defesa do mercado interno contra práticas desleais de comércio, a exemplo dos países desenvolvidos. - O Brasil precisa de produção e exportação - resumiu.No recesso, propôs Paulo Hartung, as tarefas do presidente Fernando Henrique Cardoso são "pôr ordem na casa, definir a missão do bloco político que o apóia e corrigir os rumos do governo". Caberá aos congressistas, por sua vez, "ouvir a voz das ruas e tratar dos problemas do Brasil de carne e osso", para que os trabalhos legislativos sejam retomados em agosto num clima mais favorável, disse.Em aparte, Osmar Dias (PSDB-PR) disse que gostaria de ver o discurso e a prática do PSDB orientados pelas ponderações de Hartung e manifestou sua convicção de que uma reforma tributária corajosa, envolvendo governadores e prefeitos nas discussões, seria um poderoso instrumento para colocar o país em pé de igualdade com seus competidores no mercado internacional. Gilberto Mestrinho (PMDB-AM) sustentou que o momento exige uma espécie de "volta para dentro", com atenção especial para o fortalecimento de atividades produtivas geradoras de emprego e divisas, e o estímulo para que as médias empresas participem do mercado exportador.Bernardo Cabral (PFL-AM), em concordância com o diagnóstico feito por Hartung, acentuou que a desmoralização do governo "leva de roldão a sua base de apoio", como revelam as pesquisas de opinião. José Alencar (PDT-MG), partindo da premissa de que "quando a economia vai bem, cresce a popularidade do governo", também concordou com a insistência de Hartung em redirecionar a política econômica.

24/06/1999

Agência Senado


Artigos Relacionados


HARTUNG SUGERE QUE LIDERANÇAS ENCONTREM SAÍDA PARA IMPASSE NA LEI DE INFORMÁTICA

País saberá aproveitar suas potencialidades para a Copa, diz Dilma

Para Tuma, investigações não devem ser interrompidas no recesso

País precisa aproveitar potencial da agricultura orgânica

Líderes partidários devem definir prioridades da pauta pós-recesso

Mercadante: projetos sobre cooperativas devem ser votados antes do recesso