HARTUNG SUGERE QUE BANCO CENTRAL INVESTIGUE BANESTES



As denúncias de utilização do Banco Estadual do Espírito Santo (Banestes) para cobertura de dívidas de campanha do atual governador, José Ignácio, devem sofrer minuciosa investigação por parte da área de fiscalização do Banco Central, disse nesta segunda-feira (dia 20) o senador Paulo Hartung (PSDB-ES). A operação, conforme noticiada pela imprensa, é "no mínimo questionável do ponto de vista moral" e exige explicações por parte do governador, cujo comportamento não estaria ajudando no esclarecimento dos fatos, na opinião de Hartung.
- A situação é grave e exige explicações. Não adianta tentar politizar um problema que é de ordem moral - disse.
Duas questões envolvendo o Banestes precisam ser respondidas, segundo o senador. Uma delas diz respeito a empréstimo pessoal no valor de R$ 2,6 milhões feito pelo já governador José Ignácio, em outubro do ano passado, para cobrir gastos de campanha. Essa dívida com o Banestes foi posteriormente quitada junto ao banco por duas contrutoras paulistas - HMG Engenharia e Carlos Ernesto Construtora -, "com recursos obtidos através de empréstimos no próprio banco", afirmou Hartung.
A outra operação a ser explicada, acrescentou o senador, "envolve o atual diretor de administração do Banestes, Sérgio Renato Telles Vasconcenlos, que é irmão do vice-governador do estado, Celso Vasconcelos. Para evitar problemas com o Banco Central e poder, dessa forma, assumir o cargo, Sérgio teria transferido uma dívida pessoal de R$ 440 mil com o banco para uma empresa de sua família, a Telles Construções e Incorporações Ltda."
Hartung salientou que estas não são as primeiras denúncias envolvendo o atual governador, pois recebeu informações de que "métodos moralmente inaceitáveis" teriam alterado o resultado da convenção nacional do PSDB em que José Ignácio saiu indicado como candidato do partido ao governo estadual. Além disso, observou, os mesmos comentários foram feitos em relação à campanha eleitoral milionária do atual governador.
Não investigar as denúncias, para Hartung, é referendar processos em que prevalece "a lei do mais forte, onde o dinheiro vale mais que a honra, a probidade e o voto".
Em aparte, o senador Roberto Requião (PMDB-PR) disse que, à primeira vista, as operações mostram "uma situação indefensável, rigorosamente irrespondível". A seu ver, os próximos passos cabem agora à Justiça e à Assembléia Legislativa do Espírito Santo.

20/09/1999

Agência Senado


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