Heráclito: cartão corporativo parece um bolsa-família para os "privilegiados do governo"



O senador Heráclito Fortes (DEM-PI) sustentou da tribuna do Plenário - e em entrevistas à imprensa - que as notícias dos jornais sobre os gastos do governo com cartões corporativos"dão a entender que eles são uma espécie de bolsa-família para os privilegiados do governo". Ele disse que o presidente da República "não poderá dizer desta vez não sabia de nada", pois há meses a oposição pede explicações sobre os cartões.

Heráclito tachou de incoerente a atitude do governo sobre os cartões, pois em um momento a ministra da Casa Civil diz que os gastos "são normais" e, logo depois, o líder do governo no Senado pede uma CPI para investigar esses gastos. Ele considerou como "uma esperteza" do governo a iniciativa de pedir a CPI no Senado, "onde ele tem mais chances de controlar a investigação".

Informou que no governo Fernando Henrique Cardoso só havia "uns dez ou doze cartões" corporativos na Presidência da República e, no atual governo, "eles podem chegar a centenas". Heráclito afirmou ainda que a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, "tentou alegar" que as investigações podem afetar a segurança do presidente Lula, quando "na verdade a oposição quer é saber porque pessoas importantes do governo só vão a restaurantes de luxo ou pagam compras de padaria e free shopp" com o dinheiro público.

Em aparte, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) ponderou que, "se erros houve, eles são de pequena monta e serão objeto de ressarcimento". Heráclito afirmou, logo a seguir, lamentar que Suplicy esteja "agachado" para a tese do governo. Mostrando-se irritado e em tom elevado e veemente, Suplicy disse não aceitar o uso de "palavra inadequada" por parte de Heráclito Fortes e afirmou que não estava "agachado para o governo".

Também em aparte, o senador Valdir Raupp (PMDB-RO) informou que os gastos com cartões corporativos não se limitam ao governo federal, revelando que no governo paulista de José Serra (PSDB) eles foram de R$ 108 milhões, sendo R$ 40 milhões sacados em dinheiro. Disse ainda que o governo de Fernando Henrique Cardoso "abafou quase 100 por cento das CPIS" e não aceita que o atual governo seja condenado por agir da mesma forma.

Por sua vez, o senador Sibá Machado (PT-AC) considerou que as explicações desta quarta-feira (6) da ministra Dilma Rousseff foram suficientes. Já o senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) disse esperar que o governo não tente "impedir que a CPI dos cartões funcione, como vem fazendo com a CPI das ONGs". O senador Mozarildo Cavalcanti também criticou a atitude dos governistas no episódio.



07/02/2008

Agência Senado


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