Heráclito culpa governo por ação da PF contra jornalistas da "Veja" e critica relação de Lula com a imprensa



O senador Heráclito Fortes (PFL-PI) voltou à tribuna do Senado para falar mais uma vez sobre o episódio em que a Polícia Federal (PF) em São Paulo teria submetido repórteres da revista Veja a constrangimentos, em virtude de matéria publicada, intitulada "Operação abafa". Lembrando que sempre defendeu a instituição, Heráclito disse que a PF só teria cometido erros por interferência do Palácio do Planalto e do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos.

- Todas as vezes que o Palácio do Planalto e oMinistério da Justiça tentaram interferir nas ações da Polícia Federal os resultados não foram bons - salientou o parlamentar.

De acordo com a reportagem da Veja, o ministro da Justiça teria orientado os petistas envolvidos na compra do dossiê contra José Serra a "blindar" o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A PF, por sua vez, segundo informações do senador Tasso Jereissati, presidente do PSDB, teria mantido os repórteres incomunicáveis nesta terça-feira (31), o que foi negado pelo delegado responsável.

Heráclito lamentou que o episódio tenha ocorrido logo após a conclusão do segundo turno das eleições, em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi reeleito com mais de 58 milhões de votos, e, principalmente, depois de Lula ter declarado que pretende manter novo relacionamento com a imprensa em seu segundo mandato.

Heráclito recordou a entrevista coletiva dada pelo presidente a uma jornalista brasileira de veículo de pouca representatividade em Paris, por ocasião dos escândalos do "mensalão" e do "valerioduto"; a ameaça de expulsão do jornalista americano Larry Rother, quando este o acusou de beber mais do que socialmente, entre outros episódios em que Lula teria se posicionado como avesso a contatos com a imprensa.

- Todos os homens públicos tem um rosário de queixas do comportamento de determinados órgãos de imprensa ou jornalistas, mas isso não implica em cerceamento da liberdade do exercício da profissão ou da liberdade de imprensa - ponderou Heráclito.

Ele criticou o coordenador da campanha de Lula e presidente interino do PT, Marco Aurélio Garcia, que, ao comentar a agressão a jornalistas por militantes petistas em frente ao Palácio da Alvorada, sugeriu que a imprensa fizesse uma "auto-reflexão"sobre sua atuação durante a campanha eleitoral.

- Quando não se corta o mal pela raiz, quando não se pune os que atentam contra liberdades, dá-se a liberdade para que outros assim procedam - alfinetou, salientando o profissionalismo da imprensa de Brasília, em comparação a blogs e sites de jornalistas que, segundo ele, "vivem às custas do governo".

Heráclito destacou a necessidade de esclarecimento dos fatos até janeiro, quando se inicia o novo mandato do presidente Lula, para que a imprensa possa continuar a exercer o seu papel de "sustentáculo da democracia", que é o dever de informar.



31/10/2006

Agência Senado


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