Heráclito defende CPI sobre ONGs após as eleições



O senador Heráclito Fortes (PFL-PI) afirmou em Plenário, nesta quinta-feira (21), que sua proposta de criação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar a aplicação de verbas federais repassadas a organizações não-governamentais (ONGs) "não pode nem deve ter objetivos eleitoreiros". A partir desse raciocínio, defendeu sua instalação após as eleições.

- Não se pode confundir apuração de desvio de recursos com atividade eleitoral - observou.

Ainda segundo Heráclito, essa comissão terá a missão de separar as ONGs que auxiliam o governo na prestação de serviços à população daquelas que se utilizariam de prestígio junto aos governantes para ter acesso a recursos "que ninguém sabe como são aplicados". Tanto em seu discurso em Plenário quanto na justificativa do requerimento de criação da CPI, o pefelista cita situações suspeitas contra entidades beneficiadas com verbas federais.

As suspeitas iniciais são dirigidas à Unitrabalho (Fundação Interuniversitária de Estudos e Pesquisas sobre o Trabalho), que teria recebido, semana passada, R$ 4,1 milhões do governo federal e tido como dirigente o petista Jorge Lorenzetti, suspeito de participar das negociações de compra de um dossiê que ligaria o candidato do PSDB ao governo de São Paulo José Serra à máfia das ambulâncias. Com base em dados do site Contas Abertas, Heráclito revelou que a entidade recebeu cerca de R$ 800 mil em verbas federais no governo passado, repasses que teriam saltado para mais de R$ 18 milhões no atual governo.

O pefelista também apontou com beneficiária de transferências do gênero a Associação Nacional de Apoio à Reforma Agrária, que seria comandada por líderes do Movimento de Libertação dos Sem-Terra (MLST), à frente de recente invasão e depredação de dependências da Câmara dos Deputados. Em seguida, comentou informação recebida por e-mail de que uma ONG chamada "Amigo de Plutão", cujo trabalho seria discutir a nomenclatura dos planetas, teria recebido R$ 3,5 milhões em verbas federais.

Em aparte, o senador Almeida Lima (PMDB-SE) expressou apoio à proposta de criação da CPI e acusou o atual governo de liberar recursos por via aparentemente legal para ações que não seriam de interesse público.



21/09/2006

Agência Senado


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