Heráclito manifesta novamente estranheza por repatriação de cubanos



O senador Heráclito Fortes (DEM-PI) manifestou novamente estranheza sobre a forma como dois pugilistas cubanos foram presos no Brasil, por estarem sem documentos, e repatriados. O parlamentar afirmou que muitos brasileiros andam por aí "sem lenço e sem documento, como diria o Caetano [Veloso], e não são molestados".

Ele questionou também a informação de que os desportistas queriam voltar para seu país.

- Se fosse, estariam procurando o consulado cubano - afirmou.

Heráclito disse estranhar "a anestesia que toma conta de algumas mentes, pessoas que têm o passado todo voltado para a defesa dos direitos humanos e que, agora, por patrulhamento, se engajam em um processo inconcebível de tentar justificar um dos atos mais nojentos praticados neste país depois da redemocratização". Foi, então, aparteado pelo senador Eduardo Suplicy (PT-SP) - a quem chamou de "Sobral Pinto ao contrário".

Suplicy disse que iria ainda nesta quinta-feira (9) conversar com o ministro da Justiça, Tarso Genro, e agendar uma visita dele ao Senado para que possa explicar o episódio da prisão dos pugilistas. O representante do PT também sugeriu que a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional - presidida por Heráclito - designe senadores para dialogar com os atletas, que já estão em Cuba.

- Incompreensível a avidez com que o senador Suplicy procura defender um ato ditatorial, um homem que a vida inteira pregou a liberdade - comentou Heráclito, após o aparte.

Heráclito disse não ter nenhum reparo a fazer quanto à atitude do líder cubano Fidel Castro, "que agiu como age há 50 anos". Para ele, "o crime foi a pusilanimidade das autoridades de governo".

Em aparte, o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) disse querer crer que o governo brasileiro tenha atendido a um pedido dos boxeadores para voltar a Cuba. Mas, para ele, o pedido deve ter sido imposto a eles por ameaças, como a prisão de algum parente.

Heráclito também mostrou indignação com relação à declaração de Fidel Castro publicada nos jornais, referindo-se às mulheres que estavam com os atletas, quando eles foram presos, como prostitutas. Para ele, foi uma declaração precipitada e preconceituosa.

O senador citou o colega José Sarney (PMDB-AP) que, quando presidente da República, "repôs uma injustiça histórica", ao reatar relações diplomáticas com Cuba. Em aparte, Sarney disse que o episódio ainda não foi perfeitamente explicado e que espera explicações do governo brasileiro.

O senador pelo Piauí voltou a comparar a repatriação com o caso de Olga Benário - de origem judaica, a mulher do comunista Luís Carlos Prestes foi entregue, grávida, pelo governo de Getúlio Vargas à Alemanha nazista, tendo morrido em um campo de concentração. O governo de Vargas, segundo Heráclito, alegou que Olga, alemã de nascimento, queria voltar a seu país.

- O governo brasileiro carregará pra sempre esta responsabilidade, se alguma coisa acontecer a esses atletas - finalizou Heráclito, lamentando que o episódio esteja repercutindo de maneira bem mais intensa fora do Brasil do que aqui dentro.



09/08/2007

Agência Senado


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