Heráclito reitera críticas à deportação de atletas cubanos



O senador Heráclito Fortes (DEM-PI) voltou a criticar o governo federal, nesta sexta-feira (24), devido à deportação de dois atletas cubanos - os boxeadores Guillermo Rigoundeaux e Erislandy Lara - que haviam abandonado a delegação de seu país durante os Jogos Pan-Americanos, realizados em julho no Rio de Janeiro. Heráclito, que é presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), refutou a versão do governo brasileiro de que os atletas voltaram a Cuba espontaneamente. Para o senador, "as contradições nesse episódio são gritantes".

Na quinta-feira (23), em audiência na CRE, o ministro da Justiça, Tarso Genro, negou que o retorno desses atletas tenha sido resultado de uma articulação entre os governos de Brasil e de Cuba. O ministro declarou que a polícia agiu estritamente dentro da lei no episódio, durante os Jogos Pan-Americanos, pois os boxeadores estavam em situação irregular no país e teriam recusado oferta de refúgio. Essa argumentação, no entanto, foi contestada por Heráclito nesta sexta-feira.

- Se fosse realmente espontânea essa saída, por que os atletas não procuraram diretamente o consulado cubano? Por que houve a interferência da polícia? - questionou ele.

O senador também lembrou que o governo cubano promoveu a retirada de toda a sua delegação, antes do fim dos Jogos Pan-Americanos, para evitar a fuga de outros atletas.

Porém, ao defender o ministro Tarso Genro por meio de aparte, o senador João Pedro (PT-AM) lembrou que o governo brasileiro permitiu que outros dois atletas cubanos permanecessem no Brasil.

- Por que o governo não trataria da mesma forma os pugilistas? - perguntou ele, acrescentando que os próprios Guillermo Rigoundeaux e Erislandy Lara teriam solicitado a presença da polícia, e que tal fato foi registrado pela imprensa brasileira.

Heráclito respondeu que isso ocorreu porque os dois atletas cubanos que permaneceram no Brasil disputavam modalidades de esporte coletivo e, assim, puderam ser substituídos por reservas durante a competição; por isso, avaliou, o fato não teria provocado grande repercussão em Cuba. Em contraste, prosseguiu ele, os dois boxeadores atuam em modalidades individuais e em um esporte no qual Cuba se destaca.

- Um era campeão mundial e outro era campeão olímpico. Eles saíram da competição antes de ocorrerem as lutas de que deveriam participar e isso criou um grande desgaste para Cuba - ressaltou Heráclito.

Médicos

Em outro aparte, o senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) disse que há, em Roraima, vários médicos cubanos que lecionam no ensino superior. Segundo o parlamentar, a atuação desse profissionais é muito importante, porque é difícil encontrar médicos brasileiros que queiram trabalhar na região. Mas, segundo Mozarildo, há médicos cubanos que, ao vir para o Brasil, decidem se casar com brasileiras para não ter de voltar ao seu país.

- Então, estão aí médicos e esportistas cubanos que querem ter o direito de ir e vir - afirmou o parlamentar.



24/08/2007

Agência Senado


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