Heráclito: oposição vai exibir imagens de CPIs na TV durante campanha eleitoral



O senador Heráclito Fortes (PFL-PI) disse, em discurso no Plenário, na última sexta-feira (2), que a oposição vai exibir na TV imagens das comissões parlamentares de inquérito (CPIs) na campanha eleitoral deste ano para que a população brasileira possa refletir sobre o atual governo e tomar uma posição antes de votar em seu candidato a presidente da República.

- A população brasileira terá muito prazer em conhecer os descaminhos da corrupção que acontecem no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Vamos exibir os piores desmandos. O direito de uso da TV será igual - afirmou Heráclito.

Para o senador, houve, no atual governo, "um esquema de corrupção endêmico" que pode ser demonstrado pelas CPIs, sem que o PT tenha apurado devidamente as responsabilidades legais por infrações e crimes cometidos.

Heráclito fez uma série de críticas ao posicionamento do presidente Lula diante de várias questões. Destacou, entre essas, o recente episódio da crise do gás na Bolívia, afirmando que o governo brasileiro deixou de se posicionar de maneira firme quando o presidente daquele país, Evo Morales, colocou tropas do Exército cercando instalações da Petrobras.

Citou ainda o caso da quebra de sigilo bancário, feita de forma ilegal, do caseiro Francenildo Santos Costa, que acabou resultando na demissão do então ministro da Fazenda, Antonio Palocci. E disse que Lula também foi omisso no caso do assassinato, no metrô em Londres, do trabalhador brasileiro Jean Charles de Menezes, confundido com um terrorista pela polícia inglesa.

- Lá em Londres, ele (o presidente Lula) fez pior. Foi para lá e ao voltar cantou em prosa e verso as belezas da convivência com a família real inglesa. Enquanto a família do trabalhador brasileiro pede até hoje a reparação moral pela perda do filho - disse o senador.

O parlamentar disse ainda que a família do engenheiro brasileiro João José de Vasconcellos Júnior, seqüestrado no Iraque, também não teve apoio firme do governo nas investigações sobre seu desaparecimento.

Outra crítica direcionada ao governo foi relativa à crise da Varig. Segundo Heráclito, se a Varig for fechada, desempregará 11 mil servidores diretos e 40 mil servidores indiretos.

- Não vimos, até agora, uma decisão firme do governo para tranqüilizar o país nesse sentido - disse.

O senador abordou ainda conflitos na política internacional do governo, que ocorrem entre o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, e o chefe da Assessoria Especial do presidente da República, Marco Aurélio Garcia. Ambos, segundo Heráclito, divergem constantemente sobre os rumos da política externa do país.

Em aparte, o senador Roberto Saturnino (PT-RJ) disse que Lula não se está importando com intenções da oposição de mostrar imagens das CPIs na TV durante a campanha. Segundo Saturnino, Lula acha que a oposição deve mostrar tais imagens, pois as CPIs foram vistas por todo o país e isso faz parte da campanha política.

-- A oposição achou que estava ganhando com isso, mas acabou perdendo. Houve corrupção, sim; pode não ter sido apurado tudo, mas ficou demonstrado que houve gesto de tolerância para apurar os fatos - disse Saturnino.

Já Heráclito disse achar que o eleitorado está calado e esperando o momento certo para tomar sua decisão.



02/06/2006

Agência Senado


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