Houve troca de farpas entre Olivio Dutra e Tarso Genro









Houve troca de farpas entre Olivio Dutra e Tarso Genro
O primeiro encontro entre os dois pré-candidatos do PT ao governo do Estado, o governador Olívio Dutra e o prefeito Tarso Genro, após a inscrição para as prévias, foi marcado pela tentativa de cordialidade. A reunião à noite, na sede do partido em Porto Alegre, serviu para definir as regras da prévia interna, marcada para 17 de março.

A cordialidade aparente não impediu a troca de farpas em função do manifesto com críticas a Tarso, divulgado no final de semana por setores que apóiam o governador. "Cada um expõe os argumentos que tem. O companheiro Olívio Dutra, por sua dignidade e história, merecia argumentos mais sérios em sua defesa", disse o prefeito.

Tarso antecipou que o manifesto será respondido por seus apoiadores. "Responderemos em outro nível, elevando a discussão e apresentando argumentos racionais", adiantou. Disse que seu grupo não aceitará o rebaixamento do debate e evitará desqualificar a pré-candidatura de Olívio. "Tão legítima como a minha", alfinetou.

Sobre a administração estadual, acrescentou que os erros são do partido e não do governador. "Nossas grandezas e acertos são de todos nós. Faremos um exercício de afirmação do que construímos e das formas de melhorar", esclareceu.

O prefeito, que descartou qualquer possibilidade de consenso, afirmou que sua candidatura está fundamentada na movimentação "inédita" das bases do partido. "A base quer manter o projeto e, sem desrespeitar o governador, aprofundá-lo e requalificá-lo", explicou.

Comentou, ainda, que os defensores de sua candidatura acreditam em seu maior apelo eleitoral. "Acreditam que meu nome unifica mais o partido e que posso garantir ampla pluralidade interna para assegurar a pluralidade de representação externa", destacou.

Olívio, por sua vez, disse que o PT enfrentará "o bom debate". Sobre o manifesto, declarou que tanto ele quanto seus apoiadores respeitam o prefeito. "Toda e qualquer coisa que possa ter esta ou aquela interpretação, este ou aquele arrepio, será resolvida dentro do partido, pela comissão eleitoral", concluiu.


PDT insiste com Fortunati e complica Frente Trabalhista
A insistência do PDT em manter a candidatura do vereador José Fortunati ao governo do Estado poderá frustrar a formação da Frente Trabalhista no Estado. Apesar de as negociações entre o PPS, o PDT e o PTB estarem bastante adiantadas nacionalmente, no Rio Grande do Sul elas poderão esbarrar no nome que vai encabeçar a chapa majoritária.

Segundo o presidente do PDT, deputado Aírton Dipp, a candidatura própria do partido é premissa básica para a negociação. "A candidatura de Fortunati é fundamental para os trabalhistas. Foi aprovada em pré-convenção e tem condições de crescer muito no Estado", avaliou. Argumentou, ainda, que o PDT é o maior partido da coligação.

Apesar disso, Dipp acredita na formação da aliança. "Nós, pedetistas, estamos convencidos que este é o caminho", afirmou. Já o presidente estadual do PPS, deputado federal Nélson Proença, criticou a discussão, segundo ele precipitada, da cabeça de chapa. "Temos que construir um projeto de governo para o Rio Grande. Depois, será fácil colocar os nomes", ponderou.

Proença considerou legítima, no entanto, a insistência do PDT na candidatura própria. "Fortunati é um bom candidato mesmo", comentou o presidente do partido que abriga o ex-governador Antônio Britto, um dos mais bem colocados nas pesquisas de intenção de voto.

O presidente regional do PTB, deputado estadual Iradir Pietroski, também aposta na aliança estadual entre seu partido, o PPS e o PDT. Após a reunião das três siglas em Brasília, Pietroski disse que "há um forte indicativo para a formação da aliança nos estados, incluindo o Rio Grande do Sul".

Hoje, às 17 horas, iniciam os encontros semanais entre os 23 deputados estaduais dos partidos na Assembléia Legislativa. Em almoço na semana passada, os parlamentares decidiram manter as reuniões para discutir princípios básicos de um programa comum de governo.

Os três presidentes das siglas asseguram que as divergências programáticas serão superadas se a coligação se concretizar. Sobre a queda de Ciro Gomes (PPS) nas pesquisas para a presidência da República, avaliam que seu reaparecimento na mídia mudará o quadro até a eleição.


Camelôs regulares recebem convite para camelódromo
A Secretaria Municipal da Produção, Indústria e Comércio (Smic) finalizará hoje a distribuição do termo de opção do shopping popular para 420 camelôs regularizados de Porto Alegre. O documento faz um convite para que os ambulantes se cadastrem no primeiro camelódromo da Capital, que será localizado na rua Voluntários da Pátria, número 82, no Centro.

Os camelôs que receberam o termo estão atualmente trabalhando na Praça XV de Novembro e nas ruas José Montaury e Vigário José Inácio. Os interessados devem procurar a Smic até quinta-feira para efetuar o cadastramento. A expectativa da prefeitura é que, pelo menos, 180 pessoas aceitem o convite. Os 240 camelôs regularizados restantes serão reagrupados na Praça XV, para que as ruas José Montaury e Vigário José Inácio sejam totalmente liberadas para o tráfego de pedestres e veículos.

Junto com a construção do camelódromo, a secretaria planeja aumentar o número de fiscais no Centro de 55 para 135. Além disso, mais 50 membros da Guarda Municipal ajudarão na fiscalização da área central. O concurso para os novos funcionários deve ser realizado em abril e a contratação efetivada entre maio e junho, junto com a inauguração do shopping popular.

"O aumento de fiscais visa coibir a proliferação dos camelôs irregulares, principalmente na área que agora será liberada", afirma Héber Moacir dos Santos, gerente do projeto shopping popular da Smic. O próximo passo será discutir o projeto arquitetônico do prédio com os interessados. "Precisamos definir detalhes, como os espaços para cada banca e também as reformas que precisam ser realizadas no imóvel", comenta Santos.
Camelôs avaliam o shopping popular

Segundo o Sindicato dos Camelôs Ambulantes de Porto Alegre (Scapa), os vendedores ainda estão avaliando os pontos positivos e negativos do camelódromo. "Nós estamos acostumados a trabalhar na rua", diz o secretário do Scapa, Evaristo Matos. Em compensação, ele comenta que os que optarem em ir podem se tornar microempresários e ficar em uma situação mais estável. "Esta é uma decisão pessoal que cada um deverá tomar", afirma.

Para Matos, os ambulantes estão temerosos com o futuro shopping. "Eles têm medo de deixar os locais que se encontram hoje e acontecer uma invasão dos irregulares", afirma. "É como uma proposta de casamento, não sabemos se vamos nos dar bem ou mal", compara.


Estado perde segundo lugar no ranking dos exportadores
As exportações do Rio Grande do Sul para a Argentina caíram 76,29% em janeiro. O prolongamento na crise, somado à suspensão dos pagamentos por parte dos importadores argentinos fizeram as vendas do Rio Grande do Sul para o segundo maior parceiro comercial totalizar US$ 11,60 milhões, o que representa um recuo de US$ 37,31 milhões na comparação com janeiro de 2001.

A recessão no mercado vizinho foi responsável pela perda da vice-liderança no ranking de estados exportadores que o Rio Grande do Sul estava mantendo desde junho de 2001. Os dados divulgados ontem pela Secretaria do Desenvolvimento e de Assuntos Internacionais (Sedai) mostram a perda do segundo lugar para Minas Gerais. "Cerca de 10% das nossas exportações são destinadas à Argentina, o que explica por que os problemas no país vizinho nos atingem em maior proporção do que aos outros estados", explica a diretora de f omento aos investimentos da Sedai, Clarisse Castilhos.

Não foi só a Argentina que prejudicou as vendas gaúchas em janeiro. A América Latina como um todo tampouco se mostrou um bom mercado. Os negócios com o Uruguai caíram 38%, enquanto Chile e México compraram 20% e 61% a menos do que em janeiro do ano passado, respectivamente. "O ambiente externo não está favorável, os países estão importando menos, inclusive os Estados Unidos, nosso principal parceiro, para onde as vendas caíram 5,7% em janeiro", observa.

A desaceleração no comércio mundial levou o Estado a encerrar janeiro com uma queda de 10,5% nas exportações, que totalizaram US$ 370,75 milhões. Nas vendas externas da indústria, a queda foi de 76,16%. Segundo a assessoria econômica da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), os setores calçadista, plástico e químico amargaram juntos uma retração de US$ 45 milhões nas exportações frente a janeiro de 2001.

O primeiro mês do ano também trouxe notícias positivas. A mais importante foi o crescimento de 44% no superávit comercial gaúcho, uma vez que a queda nas exportações foi mais do que compensada pela retração de 23% nas importações, resultando em um saldo positivo em US$ 113 milhões. "Estes números indicam que houve substituição de importações no Estado, resultando em aumento de renda e emprego dentro do País", destaca a diretora da Sedai.

O desempenho do segmento de carnes também foi uma surpresa positiva. O crescimento das exportações do produto em janeiro foi de 29%. "Os problemas sanitários da Europa estão permitindo uma maior penetração das carnes de aves e suínos produzidas no Rio Grande do Sul", comemora Clarisse.

As perspectivas para o decorrer do ano estão condicionadas ao comportamento da Argentina. Resolvido o impasse sobre o bloqueio das contas dos importadores, que impede o pagamento das exportações brasileiras, Clarisse aposta na retomada das vendas para aquele mercado. "A Argentina não tem base industrial para produzir os bens de que necessita, terá que importá-los de qualquer maneira", enfatiza.


Caem as vendas no País
As vendas dos supermercados no País caíram 2,64% em janeiro na comparação com o mesmo mês do ano passado. Em relação a dezembro, a queda chegou a 29,01%, segundo dados da Associação Brasileira de Supermercados (Abras). "Tradicionalmente janeiro é um mês de baixas vendas onde prevalecem as liquidações e as ofertas de produtos não comercializados por ocasião das festas de fim-de-ano", explica o presidente da Abras, José Humberto Pires de Araújo.

O desempenho negativo em relação a janeiro de 2001 é atribuído, em parte, ao resultado obtido no ano passado. Em janeiro de 2001, as vendas do setor cresceram 7,8% em relação a 2000. A queda em relação a dezembro é considerada normal por se tratar do mês mais forte em vendas para o auto-serviço.

Araújo argumenta ainda que os consumidores têm menos recursos para as compras, já que destinam uma parte cada vez maior do orçamento aos aumentos das tarifas de serviços administrados, como energia, telefonia e combustíveis. "Com isso, os clientes combinam preços mais acessíveis, descontos, ofertas, promoções e facilidades para pagamento", assinala o dirigente.

A tendência é que as vendas de fevereiro continuem apresentando queda nos mesmos patamares de janeiro, com números negativos entre 2% e 2,5% em relação ao mesmo mês de 2001. Além de contar com menos dias, fevereiro tem o feriado prolongado de Carnaval, época em que aumenta o número de pessoas que fazem refeições fora de casa. "Para março, o fim do racionamento de energia e as vendas de Páscoa são fatores positivos que devem ajudar a aquecer as vendas do setor", acredita Araújo.

O custo da cesta básica pesquisada pela Abras também aumentou em janeiro. De acordo com o Abrasmercado, indicador que acompanha as oscilações de preços e gastos familiares em lojas de supermercados, a alta foi de 0,34% na comparação com o mês anterior. Para comprar os 35 produtos que compõem a cesta, o consumidor precisou desembolsar R$ 146,81. Os produtos que tiveram os maiores reajustes foram a batata (7,11%), o tomate (7,08%) e a farinha de mandioca (3,74%). As maiores quedas foram verificadas na carne de dianteiro (-3,91%), no leite em pó integral (-3,60%) e no arroz (-3,37%).


Pequeno agricultor terá crédito a juro zero
Mais de 20 mil famílias de agricultores do Rio Grande do Sul serão beneficiadas pelo programa Mais Alimento - Crédito para a Agricultura Familiar, que oferece financiamentos a juro zero equalizados pelo governo estadual via Fundo Estadual de Apoio a Pequenos Empreendimentos Rurais (Feaper). Desenvolvido com recursos do Pronaf, o programa foi lançado ontem, pelo governador do Estado, Olívio Dutra.

"O objetivo é estimular o plantio da própria subsistência nas propriedades rurais", justifica o secretário da Agricultura, José Hermeto Hoffmann. Segundo ele, a oferta de recursos inicia com R$ 25 milhões provenientes do Banrisul. "Certamente também vamos precisar do apoio do Banco do Brasil", afirma o secretário.

O coordenador da Federação dos Trabalhadores na Agricultura familiar na Região Sul (Fetraf-Sul), Eloir Griseli, lembra que há muito tempo os produtores discutem a aplicação de altos juros em financiamentos agrícolas. "Esse programa é uma conquista dos agricultores gaúchos", afirma.

O financiamento atende a produções de subsistência, de leite e agroecologia. Os limites por família são de R$ 1,5 mil a R$ 4 mil, sendo permitido um sobreteto de R$ 2 mil. A carência é de três anos, podendo chegar a cinco anos para a fruticultura. O prazo total para pagamento é de até oito anos e o rebate por família para os pagamentos em dia é de R$ 700,00. Não serão financiados projetos para produção de animais em confinamento e aquisição de equipamentos para aplicação de agroquímicos.

Terão acesso ao programa agricultores familiares e trabalhadores rurais que explorem parcela de terra na condição de proprietário, posseiro, arrendatário, parceiro ou assentado da reforma agrária; residam na propriedade ou em aglomerado urbano ou rural próximo; não disponham, a qualquer título, de área superior a quatro módulos fiscais; obtenham, no mínimo, 80% da renda da exploração agropecuária e não-agropecuária do estabelecimento; tenham o trabalho familiar como predominante na exploração do estabelecimento, utilizando apenas eventualmente o trabalho assalariado, de acordo com as exigências sazonais da atividade agropecuária; obtenham renda bruta anual familiar acima de R$ 1,5 mil e até R$ 10 mil, excluídos os proventos vinculados a benefícios previdenciários decorrentes de atividades rurais; sejam egressos do grupo A do Pronaf ou do Procera e detenham renda dentro dos limites estabelecidos para este grupo.

Os produtores interessados em aderir ao sistema devem estar organizados em grupos com o mínimo de três componentes e procurar um dos escritórios regionais da Emater no Estado.


Artigos

Que médicos queremos?
Oito candidatos ao Vestibular 2002 de Medicina da Universidade de Caxias do Sul foram presos por estarem "colando", com a utilização de telefones celulares e chips com viva-voz. Esse fato provocou reações de espanto e comentários curiosos mas, acredito, poucos foram os que tentaram ir mais adiante no significado do fato. Como assistir passivamente a formação de profissionais fraudulentos, que colam durante as provas na escola, no vestibular, na faculdade e, mais tarde, serão indivíduos em quem temos que confiar ou a quem entregaremos nossas vidas? É possível uma relação de confiança quando uma das partes se habituou a ser desonesta? Creio que não é bastante razoável supormos que os "coladores" na faculdade de Medicina continuarão a agir de forma desonesta e fraudule nta com pacientes, colegas, seguradoras e instituições governamentais.

R. Smith - num artigo publicado no conceituado British Medical Journal, sob o titulo "Cheating at medical school" ou "Colando na faculdade de medicina" (BMJ 321:328, 2000) - critica fortemente, o que considerou uma reação tolerante e inapropriada por parte de uma escola médica, o fato de um estudante ter colado durante um exame na faculdade. Não me recordo de ter lido algo que, ao menos, representasse uma reação por parte da Universidade de Caxias do Sul, mas mesmo assim procuro aqui ampliar minha crítica.

A Medicina está passando por um momento difícil, não só no Brasil, como em outros países. As empresas de seguro-saúde dominam o mercado e o preço de uma consulta é quase sempre aviltante; a relação médico-paciente se deteriora a olhos vistos; exames de alta tecnologia substituem uma anamnese ou entrevista detalhada. Atendo pacientes que, após uma cirurgia cardíaca, não lembram o nome de quem os operou, só sabem que o médico é filiado a certo convênio ou trabalha em determinado hospital. Outras vezes, vejo pacientes que consultam para fazer exames ou para ouvir outra opinião, uma vez que não estão seguros do diagnóstico ou do tratamento que receberam. Advogados, cada vez mais, são chamados para defender ou acusar médicos por falta de perícia ou por imprudência. Avolumam-se, no Conselho Regional de Medicina, os processos de médicos contra médicos, os hospitais descredenciam maus profissionais e evitam novos credenciamentos. Cobranças "por fora", honorários com e sem recibo, indicação de exames ou procedimentos desnecessários não mais são vistos como desonestos por uma grande parte da população e muitos médicos até os justificam com orgulho: enganam o governo, pois esse não dá nada em troca e é corrupto; enganam o convênio, pois esse o remunera muito mal; enganam o paciente, que esperava alguém competente para atendê-lo, e enganam a si próprios, muitas vezes com uma onipotência imensurada e falta de reflexão sobre seus atos e palavras.

Vivemos num país onde a propina e o comportamento desonesto são praticamente uma norma. Valores culturais e religiosos, educação na família e na escola são adquiridos muito antes do ingresso do aluno na faculdade e a Ética é uma disciplina praticamente ausente. A entrevista de seleção para a admissão na Universidade Bem Gurion atribui pontos favoráveis aos estudantes que atinjam escores altos em maturidade ética, ao invés de simplesmente serem escolhidos aqueles que possuem as notas escolares mais altas. É importante que os pais, principalmente com seu exemplo, ensinem ou repassem fundamentos de ética aos seus filhos e que os professores não se restrinjam à matéria e ensinem comportamento e ética aos alunos. Os ensinamentos da Ética Médica durante todo o currículo são importantes, mas o foco deve ser não apenas nas questões bioéticas clássicas, como morte cerebral e vida vegetativa, mas também nos dilemas éticos diários, a serem enfrentados pelos próprios estudantes, para lidar repetidamente com pontos de integridade e profissionalismo.

A moral muda com o tempo, mas a ética não. Se, antigamente, era imoral - e hoje não mais - seios à mostra ou relações homossexuais, ontem, hoje e sempre será antiético "colar" numa prova. As escolas médicas deveriam ser o principal foco de atenção, no intuito de incutir nos futuros médicos integridade, ética e sensibilidade. A honestidade deve estar presente em todas as relações da nossa vida, independente de cultura, religião, profissão ou situação financeira e o futuro da profissão médica está ligado à preservação e restauração da confiança pública nos médicos. Entretanto devemos nós, médicos - para conquistarmos e merecermos essa confiança - observarmos normas éticas e considerarmos comportamentos desonestos, como "colar" numa prova, simplesmente inaceitáveis, ao invés de - quer acomodados quer alienados - considerarmos esse fato apenas mais uma notícia na época do vestibular.

Neurologista, membro das Associações Americana e Brasileira de Distúrbios do Sono, representante da América do Sul no Conselho da National Sleep Foundation e presidente da Sociedade Sul-Riograndense de Medicina do Sono.


Editorial

ESTRANGEIROS E OS INVESTIMENTOS NO BRASIL

O Brasil ainda precisa melhorar sua infra-estrutura, burocracia e legislação para continuar a atrair investimentos diretos externos, sobretudo na forma de novas empresas. Levantamento realizado com especialistas e empresários dos Estados Unidos, Itália, Espanha, Grã-Bretanha, França, Japão e Alemanha revela que, num cenário onde é crescente a disputa por investimentos entre as nações emergentes, o Brasil perde pontos por causa de deficientes condições portuárias e aeroportuárias, impostos em cascata, dificuldades para desembaraço de mercadorias na alfândega e uma burocracia extremamente lenta. Mas não é tudo.

Em recente visita ao país, na comitiva do chanceler Gerhard Schröder, 25 empresários alemães criticaram, além dos altos tributos, a legislação brasileira de propriedade intelectual, a política de direitos de transferência e de proteção a investimentos alemães no Brasil.

Para os especialistas em comércio e investimentos de países industrializados, a imagem do país, cuja classificação de risco ainda é alta, continua ligada a um passado de moratória, como a que foi decretada pelo presidente José Sarney. Notam ainda os especialistas que poucos esforços têm sido feitos pelas autoridades brasileiras para mudar essa percepção. Pior ainda: a crise energética, obviamente, teve papel decisivo para mostrar ao mundo que o país realmente não está preparado para manter um crescimento sustentado.

Na lista dos entraves também apareceram temores em relação à segurança de executivos e ao contágio da crise argentina, além de dificuldades para obtenção de vistos de trabalho para técnicos graduados, baixo nível de exportações e leis, de forma geral, complicadas. Como praticamente todas as grandes multinacionais dos países industrializados já estão instalados no Brasil, o grande desafio do país para os próximos anos é atrair pequenas e médias empresas.

Brian Brisson, diretor do centro comercial dos Estados Unidos em São Paulo, avalia que as grandes multinacionais têm plenas condições de superar esses entraves, mas para as companhias de médio e pequeno portes, que não têm a mesma estrutura das múltis, esses obstáculos ajudam a desestimular investimentos diretos. Na avaliação de Brisson, a Área de Livre Comércio das Américas (Alca), prevista para vigorar a partir de 2006, deve tornar o Brasil mais atraente para os investimentos externos. De acordo com ele, a Alca vai ampliar o grau de confiança dos investidores dos países industrializados no Brasil, sobretudo entre médias e pequenas empresas, a exemplo do que aconteceu com o México quando entrou no Nafta.

Considerando apenas as espanholas, alemãs, japonesas, italianas e britânicas, são mais de 2,3 mil empresas estrangeiras no Brasil. Além disso, das 500 principais companhias dos Estados Unidos, 80% também operam no país. Ainda assim, os investimentos diretos estrangeiros vem caindo ano a ano, principalmente por causa do fim do processo de privatização. Em 2000, eles atingiram 32,8 bilhões de dólares. Em 2001, foram 22,6 bilhões. Para este ano, segundo estimativa do Banco Central serão 16,8 bilhões. Observa-se que o país precisa atrair mais investimentos diretos estrangeiros e aumentar as exportações.

Os especialistas observam que o País não oferece apenas dificuldades para o fluxo de investimentos. Na realidade, o Brasil conserva pontos extremamente atraentes a novas empresas, como um dos maiores mercados consumidores do mundo, mão-de-obra barata, agroindústria forte, disponibilidade de commodities agrícolas e minerai s, baixos custos de produção, inflação sob controle, regras pouco discriminatórias e um parque industrial consolidado, além de ser receptivo a parcerias. O fato é que a desaceleração econômica, às vezes a estagnação, atinge praticamente todos os países industrializados, limitando os investimentos no exterior e acirrando a competição entre os emergentes.

Frases
Considero precipitado estar escolhendo o candidato a vice-presidente antes da escolha do candidato a presidente. Nas circunstâncias como está sendo realizada (a aproximação) não sou favorável. É preciso saber antes se o PL está de acordo com as principais diretrizes programáticas do nosso plano de governo. (Senador paulista Eduardo Suplicy (foto), reafirmando o desejo de disputar prévias do PT com Lula e criticando a aliança com o PL).

No sistema eleitoral, certo é vencer; errado é perder. (Deputado Paulo Delgado do PT de Minas Gerais justificando a aliança que ameaça rachar o partido).

Provei não estar a serviço de terceiros e que minha candidatura não era laranja nem factóide. (Ministro do Desenvolvimento Agrário, Raul Jungmann, reafirmando a intenção de concorrer às prévias do PMDB que vão definir o candidato do partido à presidência da República).

Essa é uma questão em aberto, porque pode ser que haja mais de um candidato que queira sair no mesmo caminho. Serei o último a dizer: não, não siga. Se o caminho é o mesmo, que sigam. Mas se o caminho é o mesmo, e aí é o meu esforço, por que não coincidir? Por que não manter a aliança? Essa é a minha posição. (Presidente Fernando Henrique Cardoso defendendo a continuação da unidade da base de sustentação do governo na eleição para a presidência da República).

Personagem
Liberdade para Arafat
O embaixador da União Européia. Javier Solana, em viagem de cinco dias pelo Oriente Médio cumprimenta o líder palestino Yasser Arafat, virtualmente preso em sua casa em Ramallah pelas forças armadas de Israel, e reafirma a defesa de devolução da liberdade de movimentos ao presidente da Autoridade Palestina.


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02/26/2002


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