Ibope registra novo avanço de Ciro









Ibope registra novo avanço de Ciro
O candidato do PPS subiu quatro pontos percentuais em relação ao levantamento anterior no primeiro turno

Divulgada na noite de ontem pelo Jornal Nacional, a terceira pesquisa de intenção de voto para a Presidência da República feita pelo Ibope no mês de julho aponta um novo crescimento do candidato Ciro Gomes (PPS-PTB-PDT).

Depois de superar José Serra (PSDB) em sete pontos percentuais no levantamento anterior, divulgado no dia 16 de julho, Ciro avançou mais quatro pontos percentuais.

Catingiu 26% na pesquisa divulgada ontem. Ele mantém trajetória ascendente no Ibope nas últimas cinco pesquisas, desde o levantamento feito entre os dias 6 a 9 de junho, quando aparecia em último lugar entre os quatro principais candidatos, com 9%.

O período de crescimento coincide com a participação do candidato em programas de TV dos partidos da Frente Trabalhista, que o apóia, e com o anúncio da adesão a sua candidatura de pelo menos 13 diretórios estaduais do PFL.

Entre os demais candidatos, a tendência é de queda ou estagnação. O candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, mantém a liderança, com 33%, mesmo percentual da pesquisa divulgada no dia 16.

José Serra (PSDB) e Anthony Garotinho (PSB) estão tecnicamente empatados em último lugar, com respectivamente 13% – uma queda de dois pontos em relação ao levantamento anterior – e 11% – mesmo percentual apurado anteriormente.

De acordo com o Ibope, Ciro venceria Lula no segundo turno por sete pontos de vantagem – 47% para o candidato do PPS e 40% para o do PT. Lula mantém a primeira colocação nas demais simulações de segundo turno: 48% contra 36% de Serra e 49% contra 34% de Garotinho. O Ibope não divulgou simulações de segundo turno entre Ciro e Serra ou Garotinho.

Encomendado pela Rede Globo para divulgação no Jornal Nacional de ontem, o levantamento ouviu 2 mil eleitores entre 21 e 23 de julho em 145 municípios.

Assim como ocorreu na pesquisa Vox Populi anunciada na segunda-feira, o novo Ibope mostra o crescimento da distância entre Ciro Gomes (PPS), segundo colocado na disputa pela Presidência da República, e José Serra (PSDB), terceiro. Subiu de sete para 13 pontos a vantagem de Ciro sobre Serra. O candidato do PPS, que tinha 22% das intenções de voto no levantamento anterior do instituto, agora aparece com 26%. E o tucano passou de 15% para 13%.

Ao mesmo tempo, caiu de 11 para 7 pontos a diferença entre Ciro e o candidato do PT, que se manteve na liderança com os mesmos 33% da sondagem apresentada há uma semana. Ciro foi o único a se movimentar fora da margem de erro, de 2,2 pontos percentuais para mais ou para menos.

A perda de terreno para Ciro provocou esta semana uma reunião dos governadores que sustentam a candidatura tucana em Brasília. O objetivo é recuperar pontos antes do início da propaganda em rádio e TV, no dia 20 de agosto.

O momento da pesquisa é bastante semelhante ao registrado pelo Vox, que realizou seu campo nos dias 20 e 21. Márcia Cavallari, diretora do Ibope Opinião, observa que há empate técnico entre Lula e Ciro no primeiro turno entre mulheres e eleitores de instrução superior e média.


Candidato do PPS apóia tucanos no Ceará
Nota divulgada ontem pelo comitê da campanha de Lúcio Alcântara (PSDB) ao governo do Ceará anuncia a presença de Ciro Gomes (PPS) em 55 municípios do Estado até o final do primeiro turno.

Ciro é anunciado como um “reforço de peso’’ à candidatura de Lúcio, já que o presidenciável declarou que irá votar no tucano.

O comitê da campanha de Lúcio informou que a nota foi apenas para mostrar que Ciro irá apoiar Lúcio e os candidatos ao Senado Tasso Jereissati (PSDB) e Patrícia Gomes (PPS), não o inverso. Não há previsão de Ciro subir no palanque do PSDB no Estado.

Dois partidos da Frente Trabalhista, que, ao lado do PPS, dão sustentação à candidatura de Ciro, têm, no Ceará, candidatos ao governo: o PDT, com Pedro Albuquerque, e o PTB, com Cláudia Brilhante.

O candidato tucano à Presidência, José Serra, continua sem ser citado nos comícios feitos pelo partido no Estado. No interior, além de não citarem Serra, Tasso e Lúcio chegam a elogiar Ciro em comícios, como mostra uma fita gravada durante um comício no município de Antonina do Norte, no sul do Estado.

O nome de Serra também não aparece nem mesmo no material da campanha de seu maior apoiador no Estado, o senador Sergio Machado, candidato ao governo pelo PMDB.

Tanto o PSDB como o PMDB locais informaram que esperam a definição da coordenação da equipe de Serra para iniciar a campanha dele no Estado. Os dois partidos descartam o mau desempenho do tucano nas pesquisas de opinião, onde ele aparece bem atrás de Ciro, primeiro colocado, e de Lula, o segundo, como motivo para a ausência da campanha do candidato no Ceará.


Eleições levam PDT de Alvorada a romper com Executivo
Com a decisão dos trabalhistas, a prefeita Stela Farias ficará sem maioria na Câmara

Com o rompimento da coligação com o PDT, a prefeita de Alvorada, Stela Farias (PT), perdeu ontem a maioria no Legislativo do município da Região Metropolitana.

Stela, que contava com 12 dos 21 vereadores da Câmara Municipal, ficará sem o apoio de cinco parlamentares do PDT.

A prefeita acusa o PDT de não apoiar os projetos do Executivo na Câmara Municipal, mas a crise entre as duas siglas tem outra origem: a disputa pelo Palácio Piratini. Ontem, Stela responsabilizou o PDT pela derrota sofrida no dia 23, quando a Câmara rejeitou uma alteração no Plano Plurianual. “Projetos de importância social não podem ser prejudicados, independentemente de atritos motivados pelo momento eleitoral”, afirmou em nota distribuída à imprensa. Entre os cinco vereadores do PDT está o presidente da Câmara, Vânio Presa. O PT tem seis representantes e conta com o respaldo de um nome do PSB. A partir de ontem, 14 vereadores estão alinhados com a oposição em Alvorada.

– Nenhum projeto de interesse da comunidade foi rejeitado. Tínhamos o entendimento de que o Plano Plurianual não poderia ser emendado. Tivemos de buscar assessoria para isso. Por isso derrubamos a urgência – disse Presa.

Dentro do PDT, a cisão deverá causar baixas. Pelo menos 21 dos 42 integrantes do diretório municipal têm cargos de confiança na administração. O vice-prefeito, Edson de Almeida Borba, é do PDT. Os trabalhistas controlam duas secretarias de Alvorada, a de Planejamento e Habitação e a de Governo Municipal. Enquanto a prefeita exige a devolução das vagas, o comando do partido tenta contornar a situação. O primeiro vice-presidente, Dilson Rui Pila, garante que a coligação não foi desfeita:
– O diretório determinou que a bancada vote favoravelmente os projetos. Vamos manter a sustentabilidade do governo. O PDT não está no governo por cargos.

– É a maior palhaçada do mundo. Tem um grupo que está na administração e quer que o PDT se submeta ao PT de qualquer jeito. Estão dando apoio branco ao Tarso Genro (candidato do PT ao Piratini) – disse o deputado federal Pompeo de Mattos, integrante do diretório regional.

O parlamentar promete intervir na briga:
– Vou levar esse comportamento ao diretório regional.

Pompeo e Presa compararam a crise com o atrito que resultou na saída do PDT da Frente Popular, que elegeu o governador Olívio Dutra.
– Isso acontece com todas as coligações que fizemos com o PT – disse Pompeo.

– É o mesmo filme que vimos no Estado. Sem o PDT, o PT não teria sido eleito em Alvorada. Agora, não precisam mais e querem nos botar no papel de bandidos – afirmou Presa.


Itamar evita engajamento na campanha do PT
O presidente nacional do PT, deputado federal José Dirceu (SP), saiu ontem do Palácio da Liberdade sem decisão a respeito da participação do governador de Minas Gerais, Itamar Franco (sem partido), na campanha do candidato petista à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva.

Depois do encontro, que teve a participação do candidato a vice na chapa de Lula, José Alencar, e do prefeito da capital, Fernando Pimentel (PT), Dirceu admitiu que nada foi acertado.

– Nada foi resolvido, não foi definida como será a participação do governador Itamar Franco na campanha de Lula. Apresentei uma série de propostas, mas ele ficou de estudar – explicou José Dirceu.

A indefinição reforçou as informações de que o governador de Minas hesita entre Lula e Ciro Gomes (PPS). Ontem, Ciro e Itamar se falaram por 15 minutos no hangar do governo, no Aeroporto da Pampulha. Segundo aliados de Itamar e de Ciro, o governador teria posto seus assessores, chamados de “soldados”, à disposição do candidato, e liberado os aliados que integraram o secretariado estadual para apoiar o representante do PPS.

Mas, segundo Dirceu, Itamar reiterou a disposição de votar em Lula e teria explicado que não tem como acertar uma agenda no momento em razão da crise financeira no Estado. O presidente do PT disse que o governo federal não atendeu aos pleitos de Minas, que reivindica compensações por investimentos feitos em áreas de responsabilidade da União.

Dirceu disse ontem que iria para São Paulo e transmitiria a Lula a posição do governador. Explicou que Itamar poderá escolher uma das propostas de participação preparadas pelo PT para ele.

Às voltas com uma dívida com a União estimada em R$ 28,7 bilhões e com uma mensalidade a título do chamado serviço da dívida mensal de R$ 130 milhões, Minas vive o drama de ter de administrar um déficit fiscal de R$ 170 milhões por mês. A folha de pagamento dos servidores, que a custo está sendo paga, consome mensalmente R$ 545,8 milhões. Por isso mesmo, Itamar preferiu fazer um acordo com o candidato tucano ao governo de Minas, Aécio Neves, que intercedera a seu favor para liberar recursos para o Estado.

Depois da reconciliação com o presidente Fernando Henrique Cardoso, tudo parecia caminhar para um desenlace feliz. Hoje, contudo, segundo Dirceu, Itamar alegou que Minas enfrenta situação difícil.


Desistências enfraquecem Garotinho
Candidato apela à criação de comitês evangélicos, desagrada à cúpula do PSB e não evita rebelião nos Estados

Atormentada pela falta de dinheiro e pela defecção de concorrentes a governador, a coordenação de campanha do presidenciável Anthony Garotinho (PSB) decidiu ontem em reunião em Brasília manter a candidatura e fazer um apelo ao segmento que parece mais disposto a apoiá-lo: os evangélicos.

Garotinho pretende montar 5 milhões de comitês familiares evangélicos. Depois do encontro, o candidato disse que a possibilidade de desistir da candidatura é “zero” e que se orgulha da crise financeira da campanha, por “estar livre de apoios comprometedores”.

Segundo o coordenador da campanha, Márcio França, pesquisa encomendada pelo partido constatou que Garotinho tem 37,5% da intenção de votos dos evangélicos e 9,1% dos não-evangélicos consultados. França afirmou que a meta é atingir 70% dos votos dos evangélicos para garantir, segundo ele, a passagem para o segundo turno.

O presidente do partido, Miguel Arraes, e o candidato a vice-presidente, José Antônio Almeida, condenaram a tática.

– Não tem o menor sentido falar só para evangélicos. Devemos falar para todos os brasileiros, católicos, adeptos do candomblé, espíritas, sobre assuntos que tocam a todos – disse Arraes.

Garotinho negou a “evangelização” da campanha. A estratégia, explicou, é fortalecer o trabalho junto a um segmento que simpatiza com ele.

O apelo aos evangélicos, que vem sendo ensaiado há algum tempo, é uma das causas da rebelião de um setor do partido que jamais aderiu de forma completa à campanha, mas não a única. A fim de obter a confirmação de sua candidatura, em junho, o ex-governador do Rio forçou o lançamento de candidatos próprios em Estados nos quais a tendência do PSB era se aliar ao PT. Com a escassez de recursos, a disposição desses candidatos em concorrer minguou. Ontem, o ex-prefeito de Campinas Jacó Bittar desistiu de disputar o governo de São Paulo, alegando oficialmente a dificuldade de arcar com os gastos. A candidata a governadora da Bahia, Lídice da Mata, ameaça oficializar a desistência no sábado. Já o candidato a governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, anunciou que não fará mais campanha para Garotinho.

– A campanha se tornou exclusiva dos evangélicos e excludente – acusou Lídice.

Apesar das dificuldades, a cúpula socialista respalda a continuidade da campanha de Garotinho e anunciou que substituirá os candidatos a governador que se retirarem da disputa.

– Não é porque uma, cinco ou 10 pessoas acham isso ou aquilo que iremos modificar decisões do partido – resumiu Arraes.


Agricultura domina discurso de Lula
Candidato disse estar satisfeito com a acolhida que teve dos eleitores gaúchos em Ijuí e em Porto Alegre

Propostas para o setor agrícola dominaram o discurso do candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, ontem em Chapecó, no oeste de Santa Catarina.

Lula participou de encontro promovido pela Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar da Região Sul (Fetraf-Sul) e de comemoraçãoes pelo Dia do Colono, ocorridas ontem.

O candidato garantiu apoio à agricultura familiar, como já havia feito no comício em Ijuí na quarta-feira, com políticas de crédito e incentivo às cooperativas, e assumiu compromisso de garantir a industrialização dos produtos primários brasileiros.

Acompanhado do candidato a governador da Frente Popular em Santa Catarina, José Fritsch (PT), do governador Olívio Dutra (PT) e do candidato a governador pela Frente Popular, Tarso Genro (PT), o petista frisou não ser contra a agricultura empresarial, mas prometeu que os principais incentivos públicos, em um eventual governo seu, estarão voltados ao produtor familiar. Lula recebeu da Fetraf documento com pedidos e propostas para o setor elaborados pelos agricultores.
– Nós vamos, a partir de 1º de janeiro, fortalecer a formação de cooperativas de produção e de crédito. Não podemos continuar vendendo café e coco, precisamos industrializar os produtos primários para crescer e garantir o desenvolvimento – afirmou o petista.

Acompanhado por Tarso e Olívio, Lula deixou o Estado às 9h20min de ontem Vestindo terno e gravata azul-marinho, o candidato disse que estava com uma forte alergia em função da mudança de temperatura.

– Mas estou bem medicado. Onde vou, alguém dá uma receita. Nessa hora todo mundo é um pouco médico – brincou.

No hotel, Lula gravou um programa de TV com Tarso. A gravação estava prevista para acontecer no Anfiteatro Pôr-do-Sol, mas, em razão da forte chuva, as imagens foram feitas no anexo ao restaurante do hotel. Antes de partir, Lula disse estar satisfeito com o apoio dos eleitores petistas no Rio Grande do Sul, demonstrado na quarta-feira em Ijuí e em Porto Alegre.


Candidato visita a RBS
O candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, foi recebido, na quarta-feira à noite, na RBS pelo diretor-presidente Nelson Sirotsky, pelo vice-presidente Afonso Antunes da Motta, por diretores, editores e colunistas. Durante quase duas horas, Lula falou sobre seu plano de governo e respondeu a perguntas de jornalistas da RBS. O presidente de honra do PT estava acompanhado do candidato do partido ao governo do Estado, Tarso Genro, da senadora Emília Fernandes, de dirigentes e de assessores petis tas.

O candidato elogiou a cobertura que a imprensa, especialmente a Rede Globo, está fazendo da campanha eleitoral. Disse que se atendesse a todos os convites para debates e entrevistas não teria tempo para fazer campanha de rua, atividade que considera essencial para “injetar adrenalina na militância”.

Em defesa da escolha de José Alencar (PL) como vice, Lula explicou que o objetivo é mostrar que o PT está disposto a negociar “um novo contrato social”, com a participação dos empresários.
– Quero o Alencar de centro. De esquerdista chega eu – brincou.

A visita de Lula encerra um ciclo de contatos dos candidatos com a direção e jornalistas da RBS. Ciro Gomes foi o primeiro, em agosto de 2001. José Serra (PSDB) e Anthony Garotinho (PSB) visitaram a empresa em abril deste ano.


Serra descarta apoio de FH a petista
A possibilidade de o presidente Fernando Henrique Cardoso apoiar o candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, em virtual segundo turno entre o petista e Ciro Gomes (PPS) foi totalmente afastada ontem por José Serra, candidato do PSDB à Presidência.

– Fernando Henrique me apóia. Eu vou para o segundo turno e é isso que ele acha, também – disse Serra durante caminhada pelas ruas do Bom Retiro, bairro da região central de São Paulo.
A manifestação de FH em apoio a Lula, caso Serra não passe para o segundo turno, foi divulgada na quarta-feira pela imprensa. Ao comentar a suposta declaração, o presidente nacional do PSDB, José Aníbal, disse que ela não é verdadeira:
– Conversei hoje (ontem) com o presidente Fernando Henrique e ele me garantiu que essa conversa que a imprensa noticia entre ele e dois emissários petistas nunca existiu.

O candidato a vice-presidente na chapa encabeçada por Lula, senador José Alencar (PL-MG), afirmou ontem que ele e o candidato ficariam “honrados” com o voto de FH em um eventual segundo turno.


Presidentes discutem integração
Presidentes e representantes de 12 países participam hoje da 2ª Reunião de Cúpula Sul-Americana, destinada a buscar maior integração regional.

Antes do encontro, que se encerra amanhã, os chanceleres da América do Sul analisam um documento de consenso sobre integração, segurança e infra-estrutura para o desenvolvimento, que será levado aos presidentes ou delegados participantes.

A reunião de cúpula de Guayaquil dará continuidade ao primeiro encontro, ocorrido há dois anos em Brasília. Participarão os presidentes de países como Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia e Chile.

Sob estímulo do presidente Fernando Henrique Cardoso, que busca criar um bloco sul-americano para fazer contrapeso nas negociações com os Estados Unidos sobre a Área de Livre Comércio das Américas (Alca), o encontro visa a estudar formas de melhorar a infra-estrutura.


Bomba explode em prédio da OAB
A PF não informou se havia relação com as investigações contra o crime organizado

Uma bomba explodiu na tarde de ontem no prédio da seccional do Espírito Santo da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em Vitória (ES).

Não houve feridos.
Os peritos da Polícia Federal (PF) encontraram um bilhete perto do local da explosão. O conteúdo não foi divulgado. Segundo a PF, o bilhete estava dobrado e não foi aberto para preservar impressões.

A PF não soube informar se havia alguma relação entre a explosão e as investigações para combater o crime organizado no Espírito Santo. A leitura do texto só seria possível após a análise da perícia.

A explosão ocorreu por volta das 17h15min, no banheiro masculino do quarto andar – o mesmo da presidência da entidade. No auditório da seccional capixaba da OAB, também no quarto andar, ocorria uma solenidade de entrega de carteira a novos bacharéis. Cerca de 130 pessoas estavam presentes à cerimônia.

A bomba – caseira e de pequena proporção, segundo a PF – destruiu um vaso sanitário. Dois policiais federais que atuam na proteção do presidente da OAB-ES, Agesandro da Costa Pereira, que já recebeu ameaças de morte, isolaram o local e solicitaram a perícia.

Um conselheiro da OAB-ES havia recebido, por celular, ameaça de que os membros da entidade seriam “metralhados” ontem.

O Fórum Reage Espírito Santo, organização não-governamental (ONG) que discute medidas de combate ao crime organizado no Estado, havia entregue ao Ministério da Justiça lista com 15 nomes de testemunhas e ameaçados de morte. Na relação, há nomes de ativistas de direitos humanos, jornalistas, advogados, promotores, policiais civis, deputados e juízes estaduais que receberam ameaças para interromper ações contra o crime organizado no Estado.

Após o arquivamento do pedido de intervenção federal pelo procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, foi criada uma missão especial – formada pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal – para atuar no Espírito Santo durante 90 dias.


Preço do gás gera confusão
Lucro atual é considerado abusivo

Um dia depois de o governo anunciar a intenção de fixar limite para o preço do gás de cozinha, o teto ideal já provoca confusão. Ontem, o ministro de Minas e Energia, Francisco Gomide, disse que o valor do botijão deveria ser em média de R$ 23.

No início da noite, porém, a assessoria de imprensa do ministério divulgou uma nota afirmando que o valor foi citado apenas “como exemplo”.

Gomide também chegou a afirmar que considera “abusivo” o preço médio de R$ 27 apurado pela Agência Nacional de Petróleo (ANP). A regra que permitirá à ANP intervir no preço do gás de cozinha poderá ser utilizada para outros combustíveis. O ministro admitiu que a regulamentação a ser submetida ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) no início de agosto tratará de maneira genérica o setor de combustíveis, mas será aplicada inicialmente ao mercado de GLP.

Gomide explicou que as distribuidoras não compreenderam a mudança no mecanismo de formação de preço do gás. Segundo ele, a Petrobras entregava o GLP às distribuidoras a R$ 8,91 o botijão, preço subsidiado pela Parcela de Preço Específico (PPE), e as distribuidoras aplicavam sobre esse valor mais R$ 9. Com o fim do subsídio, a Petrobras passou a entregar o gás a R$ 14, e as empresas continuaram aplicando margens de lucro próximas de 100%.

Gomide rejeitou a possibilidade de aumento no valor do auxílio-gás concedido a cerca de 6 mil famílias de baixa renda. O vale é de R$ 15 a cada dois meses.

Ele explicou que a decisão do governo de alertar as distribuidoras sobre a possibilidade de intervir no mercado foi tomada porque o gás tem grande impacto na economia popular.

Nos próximos dias, o ministério e a ANP deverão “prevenir os empresários sobre a possibilidade de intervenção”. Para o ministro, a margem de lucro abusiva das distribuidoras é “um vício”, não falta de concorrência.


Artigos

Não somos Sharon!
Mauro J. Nadvorny

Há muito tempo Sharon não conseguia ser uma unanimidade. Agora ele conseguiu: o mundo inteiro condenou o ataque a Gaza. Uniu até mesmo os EUA com a União Européia, um fato inédito em relação às propostas de ambos com relação ao Oriente Médio. Colocar-se a favor de Israel significa apoiar estas condenações. Ninguém pode ficar indiferente ao assassinato de 15 civis, entre eles 10 crianças.

As desculpas para tamanho crime beiram o non sense. Vejamos:
1. Eles serviam de escudo humano.

Aceitar este argumento seria como admitir que a polícia utilizasse tanques para invadir as favelas atrás de traficantes. As vítimas dos tiros de canhão seriam justificáveis porque estavam lá como escudos humanos para os traficantes.
Os habi tantes das residências atingidas viviam nesses lares havia vários anos. Não foram para lá a fim de proteger com suas vidas a vida de um terrorista. Da mesma forma que os favelados não estão lá para protegerem traficantes.

2. Foi um erro.
Durante uma guerra ocorrem acidentes. Na maior parte das vezes acabam vitimando civis. Em outras, atingem soldados que são vitimados pelo que se denominou fogo amigo, ou seja, atingidos pelos próprios companheiros.

Seria como autorizar a polícia a matar o bandido, sua família e seus vizinhos

Não foi o caso em Gaza. Ao se autorizar o lançamento de um míssil de uma tonelada sobre um edifício de apartamentos, sabia-se que civis seriam atingidos.

3. Essas mortes são o preço a pagar para impedir novos homens-bomba.
Grupos terroristas palestinos escolheram os homens-bomba como uma tática de guerra. Um Estado de direito não pode fazer o mesmo. Não podemos condenar os filhos pelos atos do pai. Não podemos permitir a morte de um único inocente para atingir o culpado.

Seria como autorizar a polícia a matar o bandido, sua família e seus vizinhos.

4. A operação foi um sucesso.
Como pode um chefe de Estado, um primeiro-ministro de uma nação, dizer ao mundo que uma operação destinada a eliminar um terrorista foi um sucesso quando ocasionou a morte de tantos inocentes, deixou mais de uma centena de feridos e dezenas de desabrigados?

Quando olhamos para o resultado, à parte de nossa revolta e de nossa consciência, que nos impele a não esmorecer na busca por uma paz justa, nos damos conta de que o desmando de um homem não pode condenar um povo e nem um país.

Israel está passando por um de seus piores momentos. As atitudes de seu primeiro-ministro estão levando perigosamente o país ao isolamento. Em pouco tempo, nem mesmo nossas indignações pelos atos terroristas vão encontrar eco. Nossos maiores amigos vão nos abandonar. Ninguém que ser amigo de assassinos. E se isto acontecer com os palestinos também, então estaremos sendo jogados à nossa própria sorte. Dois povos destruindo seu futuro, matando suas crianças e sendo alijados do mundo civilizado.

Comparados à mais atrasada das nações africanas.

Não se trata mais de disputas entre a esquerda e a direita, trata-se, isso sim, de não perdermos o que nos é mais caro: nossa ética e nossa moral.

Nossos valores que reconstruíram uma linda nação depois de se dispersar pelo mundo por cerca de 2 mil anos.

Trata-se de respeitar nossa história, nossos profetas e todos que contribuíram para que mesmo dispersos continuássemos unidos como um povo. Povo que jamais desistiu de voltar a constituir uma nação. Nação que hoje tem o dever de encontrar uma forma de devolver ao povo palestino o mesmo direito: de constituírem sua própria pátria.

O mundo precisa escutar nossa voz. Não somos Sharon! O povo judeu quer uma paz justa e verdadeira com os palestinos e todos os seus vizinhos. Cabe a nós nos fazermos ouvir.

Basta de intolerância, de ódios e de vinganças.
Queremos a paz agora.


Colunistas

ANA AMÉLIA LEMOS

Agricultura familiar
O ministro do Desenvolvimento Agrário, José Abrão, estará hoje participando de reunião do Conselho Curador do Banco da Terra que se realiza no município de Selbach. O encontro, na Câmara de Vereadores, servirá para a discussão do programa de apoio à agricultura familiar e à reforma agrária, bem como sobre os recursos repassados por esses programas para o Rio Grande do Sul. Ontem, o Diário Oficial publicou as mudanças aprovadas pelo Ministério da Fazenda relativas à renegociação das dívidas do Pronaf e reivindicadas pela Contag. Na véspera, cerca de 3 mil trabalhadores filiados à Fetag no Rio Grande do Sul bloquearam a BR-386 para pressionar o governo pela liberação dos recursos e pelos acertos oficiais para a renegociação da dívida.

O vice-líder do governo, Darcisio Perondi (PMDB-RS), na quarta-feira, pediu aos ministros Pedro Parente, da Casa Civil, e José Abrão, do Desenvolvimento Agrário, uma solução para o impasse em relação ao abono de R$ 500 no Pronaf. A resolução publicada ontem prevê que o agricultor que pagou sua dívida com o Pronaf até 3 de julho terá direito a receber o abono e os que optaram pelo Proagro não terão impedimento para também receberem o mesmo abono. Para esse programa, o governo está disponibilizando, segundo Perondi, R$ 60 milhões, que serão repassados aos agricultores através dos conselhos municipais. A estimativa é que 120 mil agricultores familiares serão beneficiados no Estado.

Também na quarta-feira, dia da mobilização dos produtores gaúchos, o deputado Osmar Terra (PMDB) falou por telefone com o presidente Fernando Henrique Cardoso e com o ministro da Fazenda, Pedro Malan, insistindo na rapidez da liberação dos recursos para os produtores atingidos pela estiagem. Terra solicitou que os agricultores atingidos pela seca fossem beneficiados pela resolução do BC no sentido de ampliar o desconto de R$ 200 para R$ 700 para o pagamento das parcelas do Pronaf. Todas as decisões saíram ontem.


JOSÉ BARRIONUEVO

Porto Alegre reconhecida na ONU
O ex-prefeito Tarso Genro está justificadamente eufórico com uma menção a Porto Alegre no relatório das Nações Unidas sobre desenvolvimento humano, o IDH 2002. Um parágrafo do relatório de cerca de 400 páginas é dedicado a apresentar o Orçamento Participativo da Capital como um exemplo.

– Em Porto Alegre, Brasil, a participação dos cidadãos na preparação dos orçamentos municipais ajudou a reformular a despesa, fazendo-a incidir em prioridades críticas de desenvolvimento humano. Durante os primeiros sete anos desta experiência, a percentagem de famílias com acesso a serviço de água aumentou (de 80% para 98%) e a percentagem da população com acesso a saneamento básico quase duplicou (de 46% para 85%) – diz o relatório.

Porto Alegre é incluída no capítulo sobre a democracia, apresentada, junto com eleições limpas e imprensa livre de pressões, como um dos esteios do desenvolvimento.

Posição difícil
A Folha de S.Paulo e Jornal do Brasil colocaram em destaque na edição de ontem a dificuldade enfrentada pelo PT gaúcho. Os dois jornais avaliam a visita de Lula ao Estado como um a tentativa de reação ao desgaste de Olívio e um esforço para ajudar a candidatura de Tarso.

Capitão Medina denuncia pressão econômica
Candidato do PL ao governo do Estado, o capitão Aroldo Medina surpreendeu a platéia ao fazer uma revelação bombástica ontem – não confirmada – em palestra na reunião-almoço da Associação de Dirigentes Cristãos de Empresa (ADCE), reunida na Igreja da Pompéia, em Porto Alegre. Capitão da Brigada, Medina denunciou a oferta de R$ 1 milhão para que o PL gaúcho apóie Lula no primeiro turno e Tarso no segundo. Sem apresentar evidências, disse que a proposta teria sido apresentada pelo senador José Alencar, do seu partido, candidato a vice-presidente de Lula.

Oferta de R$ 1 milhão ao PL
O candidato do PL a governador falou em tom de confidência para um plenário atento, revelando informações sobre “embaraços” provocados pelo senador José Alencar, que, “com um poder econômico incalculável, está colocando dinheiro de jamanta”. Destaca a posição firme do presidente do partido, deputado federal Paulo Gouvêa, definido por Medina como “um homem corajoso”.

– Vou falar, mesmo que meu pessoal não goste que eu diga isso publicamente, mas eu tenho um comprometimento comigo e com os senhores e as senhoras de dizer apenas a verdade, mesmo que isto não seja politicamente adequado. Basta o nosso presidente, o deputado Paulo Gouvêa, roer a corda com Garotinho e R$ 1 milhão estarão na conta bancária do PL gaúcho. É claro que tem gente que se assanha para o vil met al, tem candidatos nossos que já estão fazendo pressão sobre o Aroldo Medina.

Ajuda de R$ 500 mil a deputados
Questionado pelo plenário, o candidado do PL a governador revelou que a pressão ocorre também em outros Estados:
– O Alencar está financiando campanhas de deputados federais dando R$ 500 mil pros caras em dinheiro. Tu diz, é louco este capitão dizer isso, mas é a verdade. Ele chamou um por um. Mas eu quero tirar o PT do governo e não transgrido com minha primogenitude.

Medina teme que Alencar melhore a oferta, aumentando a pressão. Diz que “já se fala em R$ 3 milhões”, o que pode sensibilizar os candidatos a deputado estadual e federal, que estão sem dinheiro. Observa que o comando nacional fechou a torneira diante da decisão do PL gaúcho de apresentar candidato próprio e apoiar Garotinho.

Medina participou da reunião-almoço acompanhado do candidato a vice-governador, Luis Henrique Dalé, natural de Bagé.

Comando do PL não confirma denúncia
Procurado ontem à noite pela reportagem, o capitão foi mais vago. Disse ter sido informado da proposta de José Alencar em uma conversa com o vice-presidente do partido no Estado, Sérgio Teixeira. O dirigente teria recebido um telefonema do senador na segunda-feira. Segundo Medina, Teixeira relatou o diálogo diante do candidato ao Senado, vereador Valdir Caetano.

Paulo Gouveia, presidente estadual do partido, negou ontem que o diálogo entre Alencar e Teixeira tenha ocorrido, alertando para o risco de um processo. Pediu para que, se o assunto fosse tratado pelo jornal, não fossem publicos os valores, para não provocar processo judicial.

Nota do colunista: espera-se que o candidato apresente as provas para não baixar o nível da campanha e sob o risco de perder a credibilidade perante a opinião pública.

PT é notificado em Novo H
O PT de Novo Hamburgo foi intimado ontem pela Secretaria Municipal de Serviços Urbanos a retirar cartazes de campanha de postes localizados no centro e em bairros da cidade. Uma lei proíbe a fixação de faixas, cartazes e placas para divulgação de eventos, promoções, serviços e produtos de qualquer espécie, idéias ou pessoas em postes, árvores e abrigos de paradas de ônibus dentro dos limites do município, o que foi desrespeitado pelo PT. O partido tem, a partir da data da notificação, 48 horas para retirar o material.

Partido justifica poluição
Segundo o secretário de Serviços Urbanos, Édson Machado, o objetivo é evitar a poluição visual e manter a limpeza. A secretaria teria recebido mais de 40 ligações durante o dia com reclamações de moradores contrários à colocação de propaganda. O presidente do PT no município, Florizeu Campos, justifica que o partido tem autorização do TRE, com base em lei federal. Segundo ele, a prerrogativa pode ser usada também pelos outros partidos.

Igreja manda PT retirar propaganda
Cartazes da campanha da candidata a deputado federal Luciana Genro (PT) provocaram polêmica em Santa Cruz do Sul nesta semana. A propaganda foi colada nos tapumes da obra de restauração da Igreja Evangélica, no centro, sem a autorização da paróquia. A diretoria da comunidade exigiu que o PT retirasse os cartazes. Alguns começaram a ser retirados ontem.

Mirante
• Deputado federal Enio Bacci (PDT) condenou ontem a tentativa de aliciamento de prefeitos do PDT promovida por Tarso com o apoio de Sereno Chaise.
– Além de oportunista, é uma atitude antiética, algo ultrajante, sabendo que o PDT tem candidato próprio – disse Bacci, que visitou os prefeitos procurados por Tarso que teriam se sentido ofendidos.

• Enio Bacci é o deputado federal com maior número de projetos apresentados na Câmara. Ao todo, 310, com aprovação de 22.

• Rogério Mendelski é o palestrante hoje à noite no Sindicato Rural de Rosário do Sul. Fala sobre “As relações da imprensa com o poder”.

• Comentário de Lula, em tom bem-humorado, na visita a Porto Alegre:
– Os militares endividaram o Brasil, mas pelo menos deixaram obras para mostrar. No governo de FH, a dívida interna aumentou de R$ 67 bilhões para R$ 709 bilhões e não há nada que mostre para onde foi o dinheiro.

• Olívio Dutra acompanhou Lula na visita a Chapecó, ontem, onde o candidato a presidente da República destacou a importância da agricultura familiar

• Lula tem recusado convites para debates e entrevistas em programas de rádio e televisão para reservar tempo aos contatos diretos com os militantes, como fez no RS e em SC. O candidato acha que Lionel Jospin perdeu a eleição na França porque achou que bastava uma boa presença na mídia e esqueceu a campanha de rua.


ROSANE DE OLIVEIRA

Espólio cobiçado
Quanto mais o ex-governador Anthony Garotinho (PSB) nega a possibilidade de desistir da candidatura à Presidência, mais cresce a pressão dos interessados no seu espólio. Garotinho vive a solidão dos abandonados pelo partido antes mesmo de chegar à parte mais difícil da travessia. Forçou o PSB a abraçar sua candidatura, colocando em risco o projeto de eleger deputados estaduais e federais, e agora se vê praticamente sozinho, sem dinheiro para financiar a campanha e joga as últimas esperanças no poder dos evangélicos.

A cada pesquisa em que aparece no quarto lugar sem esboçar sinais de reação, Garotinho reduz as chances de conseguir financiadores de campanha. Em tom de bravata, diz que quer distância dos banqueiros – como dizia Ciro Gomes até as pesquisas indicarem que ele pode ser a opção de setores dispostos a fazer qualquer negócio para impedir a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva. Nas últimas horas, Garotinho perdeu dois candidatos a governador – Lídice da Mata, na Bahia, e Jacó Bittar, em São Paulo. Os dois vão apoiar Lula. Mesmo que sejam substituídos, os rombos são tão grandes que a candidatura pode naufragar.

Embora tenha reiterado que não desistirá, os demais concorrentes estão de olho no espólio de Garotinho. O PT imagina que Lula será o herdeiro natural da maioria dos votos, ainda que o ex-governador se declare inimigo do PT. Até o presidente do PDT, Leonel Brizola, que considera o ex-pupilo um homem sem caráter, avisa que se ele quiser apoiar Ciro Gomes as portas estão abertas.
De acordo com a última pesquisa do Ibope, Garotinho tem 11% das intenções de voto, um capital que aguça a cobiça dos adversários. Isso significa empate técnico com José Serra no terceiro lugar. Como a mesma pesquisa indica a vitória de Ciro no segundo turno, em caso de disputa com Lula, as dificuldades de caixa tendem a se agravar para o PSB. O que ninguém sabe é para onde irão os votos de Garotinho, caso ele se retire da disputa.


Editorial

O FATOR HUMANO

O primeiro semestre deste ano há de ficar caracterizado, no Brasil, por perdas no mercado acionário, altas recordes do dólar – que ontem chegou a R$ 3 – e da dívida interna, taxas de juros elevadas, reajustes abusivos dos preços administrados, aumento do risco-país e crescimento medíocre da economia. Para o cidadão comum, os reflexos desse cenário sombrio não são menos negativos. Segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) recém publicada, expandiu-se o percentual de desemprego, a renda dos trabalhadores caiu e aumentou a informalidade, ou seja, há mais pessoas sem proteção alguma da legislação social.

Somente agora o governo parece ter descoberto que são os preços que administra aqueles que mais sobem

Um dos aspectos mais inquietantes desse quadro é certamente a queda, pelo 17º mês consecutivo, do rendimento da massa anônima composta pelos que constroem a riqueza da nação. É verdade que, desde o início do Plano Real, ou, mais precisamente, entre julho de 1994 e maio deste ano, os trabalhadores acumulam ganhos de 14%. Mas, segundo núme ros igualmente difundidos pelo IBGE, tais ganhos concentraram-se nos primeiros anos do governo Fernando Henrique Cardoso, quando o incremento bateu em 20%, para, posteriormente, entre 1998 e 2001, contabilizarem um declínio de 11%. Desde janeiro do último ano, as perdas se vêm acentuando, com o recuo alcançando 4,6% na média dos cinco primeiros meses de 2002. Embora a diminuição venha perdendo fôlego, a tendência aparentemente persistirá, mesmo porque o comércio e os serviços, setores que estão sustentando o mercado formal, são justamente os que pagam os menores salários.

É esse um dado que dificilmente é levado em grande conta nos cálculos e projeções oficiais. Em toda conjuntura adversa há que se considerar o fator humano – pois é precisamente este o que mais sofre, ora pela renúncia compulsória ao consumo de bens, ora pela contração forçada do orçamento doméstico, ora ainda pela opção inevitável por uma economia de sobrevivência, cortado todo e qualquer gasto supérfluo. Se essa realidade mostra-se dramática para a classe média, apresenta contornos bem mais graves para os vastos contingentes de poder aquisitivo ainda menos expressivo e assume proporções de tragédia humana para os desempregados, cujo número ampliou-se em junho um ponto percentual em relação a idêntico período de 2001.

Ora, se a sociedade não consome, encolhem-se as vendas do comércio, diminuem as encomendas para a indústria, minam-se gradual e inapelavelmente as energias produtivas do país. Não há fórmulas mágicas para enfrentar esse panorama desolador, a não ser mediante uma aposta decidida no crescimento. Esta no entanto só poderá ter conseqüências práticas se começar por uma queda pronunciada dos juros e por estímulos financeiros aos setores que mais rapidamente sabem responder a incentivos oficiais, como a construção civil, a agricultura e as áreas voltadas à exportação.

Mas, a exemplo de tudo o que depende da ação do poder público, ações dessa natureza pertencem ainda ao território da incerteza. Pois somente agora o Planalto parece ter aberto os olhos para um fato de todos conhecido: o de que são os preços administrados pelo governo os que experimentam altas irracionais, corroendo também por essa via a renda dos trabalhadores.


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07/26/2002


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