Ibope confirma subida de Ciro
Ibope confirma subida de Ciro
Candidato da Frente Trabalhista sobe de 11% para 18%. Lula cai 4 pontos percentuais
Além de comprovar a ascensão de Ciro Gomes (PPS), já detectada em pesquisas de intenção de voto para a sucessão presidencial pelos institutos Vox Populi e DataFolha, levantamento divulgado ontem pelo Ibope mostra que o candidato da Frente Trabalhista está empatado tecnicamente com Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em uma simulação para a disputa do segundo turno. Segundo a projeção, o petista teria 43% contra 41% do candidato do PPS. Comparada à consulta realizada entre 12 e 16 de junho, a nova enquete - realizada entre os dias 4 e 7 de julho - traz Ciro passando de 11% para 18%. Lula ainda lidera, mas desceu de 38% para 34%, enquanto José Serra (PSDB) caiu de 19% para 17%. Anthony Garot inho (PSB), passou de 13% para 12%. Foram ouvidas 2.000 pessoas e a margem de erro é de 2,2 pontos percentuais.
Foram ouvidas 2 mil pessoas e a margem de erro é de 2,2%. De acordo com os eleitores ouvidos, Ciro é quem apresenta menor índice de rejeição, com 15%, enquanto Lula está com a maior taxa, 32%. A de Garotinho é de 27%, enquanto Serra é rejeitado por 25% dos eleitores
Se Lula empata tecnicamente com Ciro no segundo turno, ganha de José Serra (46% a 37%) e de Garotinho (48% a 33%).
Os números divulgados ontem refletem uma acentuada ascensão de Ciro Gomes, considerados os índices a partir de abril. Ele pula para o segundo lugar, deixando Serra em terceiro.
Ciro Gomes começou em abril com 10% e ficou oscilando em torno deste percentual até a pesquisa realizada em meados de junho, quando estava com 11% . Veio então o salto para 18%.
Na pesquisa realizada pelo Ibope, entre os dias 10 e 14 de abril, Lula estava com 35%. Nos levantamentos posteriores, subiu até atingir 39% e agora sofre uma queda, ficando um pouco abaixo do patamar inicial.
José Serra está com um ponto a menos em relação ao percentual de abril, 18%. Em maio caiu para 16% e subiu em junho para 19% , ficando agora com 17%.
A julgar pelos números do Ibope, Anthony Garotinho (PSB) está com uma tendência de queda. Começou com 17% no início de abril, baixou para 16%, depois 13%, e está com 12%.
A pesquisa do Ibope foi realizada após as inserções e o programa da Frente Trabalhista na TV, e do noticiário sobre os supostos casos de propina na Prefeitura de Santo André.
O levantamento revela também que praticamente a metade do eleitorado - 49% - ainda não pensou, de fato, em quem votará para Presidente. Esse é o contingente dos que não apontam o seu candidato, quando nenhum nome é previamente sugerido. O índice aumentou 5 pontos percentuais desde junho, sugerindo que aumentou a indefinição do eleitor.
A ascensão de Ciro Gomes já havia sido detectada pelo Datafolha, na pesquisa realizada em 4 e 5 de julho, na qual o candidato da Frente Trabalhista também aparece com 18%, embora atrás de Serra, que está com 20%.
Na pesquisa Vox Populi, de 2 e 3 de julho, os números de Ciro, Serra e Garotinho são idênticos aos divulgados ontem. A única discrepância dos números do Ibope em relação aos dos outros dois institutos se refere aos índices de Lula. Enquanto o Vox Populi dá 39% e o Datafolha confere 38% para o candidato petista, de acordo com o Ibope ele está com 34%.
Estudando os diversos segmentos , o Ibope constatou que Ciro Gomes tem maior crescimento entre os homens (de 11% para 19%), eleitores na faixa entre 25 e 34 anos (de 11% para 20%) e com escolaridade média (de 14% para 24%).
Entre as faixas de renda, a de eleitores que ganham mais de 10 salários mínimos foi a que o candidato da Frente Trabalhista mais subiu: de 14% para 25%
Garotinho promete mínimo de US$ 100
O candidato do PSB à Presidência, Anthony Garotinho, afirmou que vai pagar um salário-mínimo equivalente a cem dólares - ''promessa do presidente Fernando Henrique, que não foi cumprida''. Segundo ele, sua experiência como governador do Rio mostrou que isso pode ser feito sem trazer problemas para a economia. E negou que tal aumento trouxesse dificuldades para a Previdência. ''Estudos da própria Previdência mostram que uma em cada quatro aposentadorias é fraudada''.
As afirmações foram feitas ontem, no Jornal Nacional, da TV Globo, em entrevista de dez minutos aos apresentadores William Bonner e Fátima Bernardes. Ao contrário da véspera, quando na entrevista a Ciro Gomes os apresentadores falaram quase a metade do tempo, ontem eles estiveram mais contidos e ocuparam pouco mais de 3 minutos.
Garotinho disse que é candidato à Presidência porque quer fazer mais pelo Brasil. ''Deixei para a governadora que me sucedeu condições para concluir minhas obras. Se ela não fizer isso, a governadora que vai sucedê-la fará'', disse, dando a entender que a próxima governadora do Rio será sua mulher, Rosinha.
Perguntado sobre sua dose de responsabilidade nos problemas de segurança do Rio, afirmou que a situação se deteriorou nos últimos cem dias - após sair do governo - por quebra de autoridade e porque Benedita da Silva nomeou um secretário de Segurança que não conhece o Estado.
Disse, ainda, que a ''banda podre'' da polícia, que ele teria afastado, está sendo reconduzida, ''inclusive a postos de comando''. E não economizou números: ''Aumentei em 50% o efetivo da PM; dei aumento salarial de 70%, em média, aos policiais; comprei três mil viaturas; e expulsei mais de mil policiais corruptos''.
Garantiu que não teme governar sem maioria no Congresso - ''os deputados não serão insensíveis'' - e prometeu um projeto para construir casas populares, ''com recursos da poupança e do FGTS''.
O Ibope registrou 38 pontos, a mesma audiência da entrevista de Ciro, anteontem. O entrevistado de hoje será o tucano José Serra.
Uma paz para mineiro ver
Reunião pouco antes do discurso foi fria e tensa
Cada participante do encontro, ontem, entre o presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, e o governador de Minas Gerais, Itamar Franco, cumpriu à risca o plano. E tudo correu dentro do estritamente combinado entre FH e seu antecessor. Até o abraço que, na fotografia, parece caloroso, foi traduzido como ''um ato meramente formal'' pelo secretário de Assuntos Internacionais de Minas, embaixador José Aparecido de Oliveira. O embaixador esteve presente à reunião fechada às autoridades, momentos antes da solenidade de encerramento do seminário que pretendia comemorar os oito anos do Plano Real.
FH citou duas vezes Itamar Franco em seu discurso. A primeira, na abertura, o classificou de ''meu amigo''. Na segunda, o presidente foi categórico ao afirmar que, na gestão do plano econômico, recebeu todo o apoio do então presidente. ''Nunca me faltou apoio político do presidente Itamar'', afirmou FH.
A simples citação do nome de Itamar Franco foi motivo de aplausos da platéia. Mas nenhuma destas manifestações levou um sorriso sequer ao rosto do governador mineiro.
''O ex-presidente é sempre muito reservado, mas não consegue disfarçar nas suas feições os sentimentos que o atingem. E naquele momento, como durante o encontro no local reservado às autoridades, havia um certo constrangimento, pois as divergências entre o governador de Minas e o presidente da República continuam as mesmas. Nada mudou. Como se diz lá em Minas, mineiro não briga, também não faz as pazes'', relatou Aparecido.
O crédito desta tentativa de passar ao público a idéia de uma reconciliação entre os políticos antagônicos foi do presidente da Câmara e candidato à sucessão do governo de Minas, Aécio Neves, como admitiu publicamente, anteontem, o ex-presidente Itamar Franco. ''O que se viu no BNDES, para todos os efeitos, foi uma reunião entre o s criadores do Plano Real. Uma ocasião destas seria difícil de se imaginar sem a presença de Itamar Franco. Este fato foi o motivo que permitiu a reunião, que se pode traduzir como uma tarde republicana, no melhor estilo da política brasileira. Um ato civilizado e cordial'', classifica o secretário do governo mineiro.
Observador privilegiado dos acontecimentos, José Aparecido reparou que, em nenhum momento, ''o presidente e o governador não trocaram uma palavra sequer'', durante os mais de dez minutos em que se reuniram no mesmo ambiente reservado com três ministros, o empresário Arthur Sendas e o presidente da Associação Comercial do Rio, embaixador Marcílio Marques Moreira.
''Havia um manifesto constrangimento na sala das autoridades. Mas não era de se esperar outra coisa de uma ocasião como esta, afinal, para qualquer mineiro, reunião com mais de três é igual a um comício. Naquela sala, havia mais de 15 pessoas'', reparou o embaixador.
A um assessor muito próximo, ainda em Minas Gerais, pouco antes de embarcar para o Rio, o governador chegou a cogitar a possibilidade de pedir a palavra. Sua decisão, no entanto, não foi adiante. ''Caso o presidente fale alguma coisa que me desagrade, não tenho a menor dúvida em me pronunciar'', afirmou Itamar.
Serra e Rita criticam decisão de FH
Em Corumbá, os candidatos do governo à Presidência se dizem favoráveis à intervenção no ES
BRASÍLIA - O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, e a sua vice na chapa, deputada Rita Camata, do PMDB capixaba, reagiram mal à decisão do procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, de arquivar o processo de intervenção no Espírito Santo, cujo governador é o tucano José Ignácio. Ambos se disseram favoráveis à intervenção.
Em comício ontem, em Corumbá (MS), Rita Camata criticou o presidente Fernando Henrique Cardoso por apoiar o arquivamento. ''Havia elementos suficientes. Não entendi a decisão''. Ela respondia ao deputado Max Mauro (PTB-ES), que a acusou de ter sido favorecida. Serra afirmou que o governo precisa ser mais eficaz no combate ao crime organizado e ao tráfico de armas e drogas. ''Nesta área, estamos na era paleolítica'', atacou, referindo-se à política de segurança pública do governo.
Segundo Mauro, FH recuou para proteger os aliados de Serra no Espírito Santo. Teria provocado a súbita mudança de opinião de Brindeiro. O procurador-geral votou a favor da intervenção no Conselho dos Direitos da Pessoa Humana. Depois, engavetou o pedido. ''O presidente está acobertando o crime organizado e aumentando a impunidade'', diz. Alegando estar sendo ameaçado de morte, envia hoje, pedido de proteção policial à mesa da Câmara. ''No caso de intervenção, muita sujeira iria aparecer. Existem ligações entre os Camata e José Carlos Gratz'', afirma, referindo-se ao presidente da Assembléia.
Deputado pelo PFL, Gratz é acusado de comandar o crime organizado no Estado. Para o deputado, as declarações de José Serra e Rita Camata são ''pura demagogia''. ''Nunca fizeram nada em favor da intervenção'', diz.
No governo e no comitê de Serra a avaliação é a de que o episódio não prejudicará a campanha. As declarações do ex-ministro Reale é que estariam levantando as suspeitas de que os governistas estariam protegendo Rita Camata. Os partidos de oposição também criticaram o recuo. O líder do PT, deputado João Paulo (SP), suspeitou de interferência do presidente na mudança de Brindeiro. Para ele, a renúncia do diretor-geral da Polícia Federal, Itanor Neves Carneiro, é uma demonstração de que as acusações de espionagem política no PT devem ser investigadas rigorosamente.
''O engavetamento é frustrante e é um encorajamento à impunidade, ao crime organizado e aos maus políticos'', afirmou o prefeito de Vitória e coordenador da campanha de Serra, Luiz Paulo Velloso Lucas. ''O governo do Estado, que é o pior governo da história do ES, estava tendo que defender o indefensável e obteve uma vitória com o arquivamento.''
O presidente do PSDB, deputado José Aníbal (SP), defendeu FH. ''Quem acusa sem provas não vai se dar bem'', avisa. ''A favor da intervenção todos somos. Agora, é o melhor caminho?'', perguntou.
Rosinha e Solange caçam votos na rua
As candidatas ao governo do Rio Rosinha Garotinho (PSB) e Solange Amaral (PFL) passaram o dia de ontem em busca de votos nas ruas. Rosinha esteve na Zona Oeste, reduto eleitoral do marido e concorrente à Presidência, Anthony Garotinho. O corpo-a-corpo começou às 11h, em Bangu, e seguiu em Padre Miguel. À noite, a candidata participou de showmícios em Campo Grande, Realengo e São João de Meriti.
Rosinha desmentiu a acusação de que Garotinho teria deixado para a sucessora, Benedita da Silva, uma dívida de R$ 2 milhões referente aos restaurantes populares, onde a comida é servida a R$ 1. O coordenador do programa no governo do PT, Aldemar Matias, informou que algumas unidades tinham quatro meses de faturas não liquidadas. ''Pagamos tudo dentro do prazo e a nova administração não está pagando desde que saímos'', rebateu Rosinha. ''Não sei de onde eles tiraram esses números.''
Solange também fez panfletagem ontem. Pela manhã, esteve no calçadão de Duque de Caxias acompanhada de Sérgio Cabral, candidato ao Senado pelo PMDB. Os dois esclareceram o episódio de sábado, quando Cabral subiu no palanque de Rosinha. Ele informou que foi apenas prestigiar a deputada e amiga Graça Matos, do PSB. ''Tivemos uma boa conversa e se desfez o mal-entendido'', disse Solange. A candidata propôs a ocupação dos morros do Rio por 20 anos. ''O governo e a polícia saem da favela quando acabam as notícias na mídia'', justificou.
Os candidatos Jorge Roberto Silveira (PDT) e Benedita da Silva (PT) não fizeram campanha ontem.
Supletivo vai ter Provão
BRASÍLIA - O Ministério da Educação lançará quinta-feira o Exame Nacional de Certificação de Competências de Jovens e Adultos. O objetivo do novo Provão é observar o aprendizado dos estudantes que tentam acelerar os estudos dos ensinos fundamental e médio em cursos supletivos. ''A avaliação dos níveis de ensino tem sido uma receita e tanto para aprimorar nossa educação'', afirmou o presidente Fernando Henrique Cardoso.
Caberá aos Estados optar, ou não, pela implantação do novo exame. Cada secretaria de Educação terá liberdade para desenvolver seu critério de avaliação. Isso significa que em alguns lugares as exigências podem ser maiores. Serão quatro provas: Português, Matemática, Ciências e Estudos Sociais. Dependendo do Estado, o resultado poderá impedir que o aluno receba o certificado de conclusão. ''A adesão é voluntária, mais tenho certeza de que Estados e Municípios também querem saber como anda o ensino'', disse FH. O exame específico para os cursos supletivos é o quarto tipo de avaliação adotada pelo governo. O Provão no ensino superior, o Enem no ensino médio e o Seab na educação básica são as outras três. As primeiras provas devem ocorrer nos dias 3, 10, 17 e 24 de novembro. É preciso ter no mínimo 15 anos para fazer o exame do fundamental e 18 anos para o ensino médio. O aluno é obrigado a fazer a prova, caso o Estado adote o exame.
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Sonhos de mudança
Octávio Costa
Pertenço à geração que apostou todas as fichas no fim da ditadura. Talvez por ingenuidade, acreditávamos que, encerrado o ciclo dos generais, o Brasil mudaria rapidamente. Para muito melhor. Questões como a distribuição de renda e as desigualdades sociais seriam resolvidas num passe de mágica. No regime democrático, caberia ao povo determinar seu destino. A guinada à esquerda viria pelo voto. Sonhos de juventude.
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