Ideli diz que segunda nota do Exército encerra episódio Vladimir Herzog



A líder do PT, senadora Ideli Salvatti (SC) considerou encerrado o episódio das fotos publicadas em jornais, em que o jornalista Vladimir Herzog aparece nu e humilhado como prisioneiro do regime militar, em 1975, e a nota do Centro de Comunicação Social do Exército que se seguiu, em termos semelhantes às antigas "Ordens do Dia". Para Ideli, a nota seguinte, assinada pelo comandante do Exército, general Francisco Roberto de Albuquerque, desautorizou completamente a primeira nota:

- A segunda nota, assinada pelo general Francisco de Albuquerque, representa verdadeiramente a posição do Exército Brasileiro e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. É uma nota que desautoriza os temos absurdos da primeira nota, o assunto está encerrado, e ninguém quer reavivar um passado trágico, que traumatizou todo o país - disse Ideli Salvatti.

Em aparte, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) elogiou o presidente Lula, o comandante do Exército e a líder do PT, dizendo que houve o erro da primeira nota, mas houve a grandeza de se repor as coisas em seus devidos termos.

- Estamos nos saindo bem desse episódio; que bom que a segunda nota apareceu e a democracia está sendo respeitada -  disse Simon.

O senador Cristovam Buarque (PT-DF), por sua vez, disse que o episódio teve a vantagem de separar as instituições, que são permanentes, das pessoas que as dirigem e que, às vezes, não estão à altura da tarefa.

- O Exército sofreu isso, esteve nas mãos de quem não o respeitava e nem à democracia. Mas o general Francisco Albuquerque provou que isso é passado, e que a instituição permanece forte e à altura das exigências de um país democrático - disse.

A senadora Ideli Salvatti leu a íntegra da nota assinada pelo general Francisco Albuquerque, em que ele lamenta a morte do jornalista Vladimir Herzog e admite excessos, e em seguida fez um depoimento pessoal. Disse que era estudante e adolescente em 1975, mas militava no movimento estudantil e lembra-se bem da missa rezada pelo então cardeal arcebispo de São Paulo, dom Paulo Evaristo Arns, na Catedral da Sé.

- A morte de Vladimir Herzog mudou os rumos do regime militar, foi um marco, impediu muitas outras mortes - disse.

O presidente do Senado, José Sarney, elogiou o general Francisco de Albuquerque, a quem classificou como "uma das melhores figuras das Forças Armadas", e lembrou dos livros do jornalista Elio Gaspari sobre a ditadura, citando o trecho em que Gaspari diz que quando o general Ernesto Geisel demitiu o comandante do II Exército, general Ednardo d'Ávila Melo, "assegurou a predominância da força civil sobre a força militar".



20/10/2004

Agência Senado


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