Incerteza eleitoral eleva tensão, e dólar vai a R$ 3








- Incerteza eleitoral eleva tensão, e dólar vai a R$ 3

- Após a queda que se seguiu ao anúncio do socorro de US$ 30 bilhões do FMI ao Brasil, as incertezas políticas e financeiras do País afetaram o mercado e pressionaram o dólar, que voltou a subir ontem, fechando a R$ 3,02 (alta de 3,78%). O risco-país se elevou 15%, alcançando 2.005 pontos.

No mercado, predomina a tese de que o governista José Serra (PSDB) não tem mais chances na disputa presidencial, corroborada pela queda de Serra em pesquisa do Ibope.

O dólar também foi pressionado pela falta de crédito externo às empresas brasileiras, após as megafraudes nos EUA. Empresas tiveram de comprar dólares para quitar dívidas que não foram roladas, o que elevou a cotação da moeda.

A suspensão da oferta diária de US$ 50 milhões do Banco Central também influenciou na subida do dólar. O mercado estaria forçando a elevação da cotação para testar qual será agora a nova forma de intervenção do BC. (pág. 1 e B1)

- O Brasil obteve empréstimo de US$ 1 bilhão do Banco Interamericano de Desenvolvimento para novas linhas de crédito a exportação. O novo pacote inclui ainda US$ 2 bilhões do Banco Mundial.
Somando esses recursos a desembolsos acertados anteriormente, as duas instituições vão destinar ao País US$ 7 bilhões, cuja liberação deverá ocorrer nos próximos 18 meses. O dinheiro será usado também para reforçar a ajuda anunciada pelo FMI. (pág. 1 e B4)

- O IPCA alcançou em julho 1,19%, contra 0,42% em junho. Foi a maior taxa desde julho de 2001. Segundo o IBGE, o índice oficial de inflação subiu devido à concentração em julho de reajustes de tarifas públicas e preços administrados, que contribuíram com 0,73 ponto percentual, e à pressão da alta do dólar sobre os alimentos.

Neste ano, o IPCA acumula 4,17%. Para analistas, o novo limite estipulado para 2002 com o FMI - 6,5%, podendo ir a 9% - não corre risco. (pág. 1 e B6)

- A Petrobras anunciou a sua maior descoberta de petróleo desde 1996, na Bacia de Campos. O campo gigante, com reservas de óleo estimadas em 600 milhões de barris, está a 1.246 metros de profundidade, na altura do sul do Espírito Santo, a 80 km da costa. A empresa espera explorar comercialmente o novo campo a partir do fim do ano. (pág. 1 e B10)

- Em crise em razão da queda de José Serra (PSDB) em pesquisa do Ibope - de 14% para 11%, em empate com Anthony Garotinho (PSB) - a campanha tucana busca acordo com o PT contra Ciro Gomes (PPS).

Nizan Guanaes, marqueteiro de Serra, enviou mensagens a Duda Mendonça, de Lula (PT), "alertando sobre o risco Ciro". Para Nizan, se não combater o candidato do PPS, o PT perderá o segundo turno.

A queda na pesquisa abateu ânimos dos tucanos e gerou rumores de renúncia de Serra, negada pelo candidato. Para Nelson Biondi, seu outro marqueteiro, o boato "nasceu no comitê de Ciro". (pág. 1, A4 e A5)

- A Justiça Federal no Tocantins arquivou denúncia contra Roseana Sarney (PFL-MA), mas abriu processo contra o marido dela, Jorge Murad, e Jader Barbalho (PMDB-PA).

O processo apura desvio de R$ 44 milhões liberados pela Sudam (Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia). O juiz diz inexistir provas do envolvimento de Roseana.
Para o juiz, não há indícios de ligação dos desvios com o R$ 1,34 milhão achado em empresa dela - a divulgação de fotos do dinheiro fez Roseana sair da disputa presidencial. (pág. 1 e A12)


Colunistas

PAINEL

Atônito com o desempenho de Serra nas pesquisas, o comando da campanha do tucano acredita que a única saída é "satanizar" Ciro. Além de tentar carimbá-lo como "mentiroso" e "líder de uma tropa collorida', a orientação na aliança é mostrá-lo como desequilibrado".

  • No PSDB, compara-se o momento da campanha a uma luta de boxe na qual Serra já teria perdido por pontos para Ciro. O nocaute do candidato do PPS seria a única chance de o tucano passar para o segundo turno.

  • Para o PSDB, a única notícia boa dos últimos dias foi o fato de Ciro ter dado sinais de nervosismo. Se bem provocado, acreditam os tucanos, poderá "estourar" diante das câmeras de TV. (pág. A2)


    Editorial

    O ACORDO E A POLÍTICA

    Um desastre financeiro no Brasil não ajudaria o debate sereno das idéias no processo sucessório. Tampouco garantiria uma troca de governantes relativamente tranqüila. Portanto, para o País, foi melhor ter fechado o acordo com o Fundo Monetário Internacional.

    Isso posto, pode-se começar a especular acerca dos efeitos desse "fato novo" sobre as principais candidaturas que postulam o Planalto. (...)

    A manter-se o atual cenário de tensão nos mercados - mas sem uma ruptura caracterizada, por exemplo, por calotes em cadeia na dívida externa privada do País ou por uma medida defensiva extrema como a centralização do câmbio -, será de esperar que, em vez da chapa de Serra, a oposição ao governo FHC seja a mais beneficiada pelo socorro do Fundo ao Brasil, por mais paradoxal que essa tese possa parecer. (pág. A2)


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    08/10/2002


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