Incidente de coletivização é avanço no processo civil, diz especialista



O instituto do "incidente de coletivização", que possibilitará ações de caráter coletivo, diminuindo a sobrecarga do Judiciário, deve ser um dos destaques no novo Código de Processo Civil, em estudo por Comissão de Juristas criada pelo Senado Federal. A opinião foi manifestada por Paulo Cezar Carneiro, membro da comissão, que participou nesta quinta-feira (10), no Rio de Janeiro, da terceira audiência pública nos estados para ouvir sugestões do Judiciário e operadores do direito.

- Isso fará com que exista maior uniformização nas decisões e que se garanta maior celeridade a essas ações - disse o jurista. Mudanças como essa, continuou ele, são possíveis por que a comissão trabalha com aspectos práticos da legislação processual civil, que se relacionam com o cotidiano da Justiça.

Os trabalhos também foram elogiados pelo presidente do Tribunal de Justiça do Estado, Desembargador Luiz Zveiter, para quem nem mesmo a Constituição de 1988, foi submetida a uma discussão prévia tão profunda.

Por outro lado, os representantes dos oficiais de justiça e leiloeiros presentes à audiência pública manifestaram preocupação com a crescente digitalização da Justiça e a ampliação dos poderes de magistrados que, segundo eles, diminuem funções de categorias específicas e afetam o princípio da segurança jurídica.

O ministro do Superior Tribunal de Justiça, Luiz Fux, que preside a Comissão de Juristas no Senado, reconheceu a importância das diversas categorias envolvidas no processo legal, mas disse que a "virtualização" da Justiça é uma realidade inegável. Nesse sentido, sustentou, o processo eletrônico, assunto de lei específica, deve ser entendido como um importante instrumento para a celeridade dos procedimentos judiciais.

Balanço positivo

Ao final do evento, o ministro fez um balanço positivo das audiências públicas já realizadas. Ele ressaltou que a maioria das sugestões ouvidas converge para discussões que estão sendo realizadas na Comissão. No entanto, algumas reivindicações específicas não poderão ser atendidas porque estão em descompasso com a modernização do Judiciário e da própria sociedade brasileira.

Estiveram também presentes na audiência Teresa Wambier, relatora da Comissão, e o professor Benedito Cerezzo Pereira Filho, membro da Comissão de Juristas. A próxima audiência pública para colher sugestões para a elaboração do anteprojeto do novo Código de Processo Civil ocorrerá no dia 18 de março, em Brasília, no auditório Petrônio Portela do Senado Federal.



11/03/2010

Agência Senado


Artigos Relacionados


Comissão de juristas discute sugestões sobre 'incidente de coletivização'

Especialista considera projeto de Lei de Falências tímido, mas um avanço em relação ao quadro atual

Novo Código de Processo Civil não permitirá decisões diferentes em um mesmo processo com muitos demandantes

Suplicy destaca avanço do processo de paz no Oriente Médio

Casagrande destaca avanço na reforma do Código de Processo Penal

Especialista reclama que governo só cuida do “tapete vermelho” na aviação civil