Suplicy destaca avanço do processo de paz no Oriente Médio
O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) manifestou a sua crença de que as negociações em torno do processo de paz no Oriente Médio estão avançando. Prova disso, segundo ele, é que há duas semanas não ocorrem incidentes graves entre palestinos e judeus.
- Isso para eles é um passo significativo - disse.
Suplicy está participando do Seminário Internacional de Parlamentares da América Latina, organizado pelo governo israelense. O evento reúne cerca de 30 parlamentares do continente, inclui encontros com lideranças políticas dos dois lados em conflito e visita ao Knesset, o Parlamento judeu.
Presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, Suplicy viajou em companhia do senador Ney Suassuna (PMDB-PB) e os dois aproveitaram o encontro para entregar aos governos da Autoridade Palestina e Israel uma carta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva propondo a manutenção das negociações de paz. Leia abaixo a entrevista que Suplicy concedeu, de Tel Aviv, ao repórter Ivan Godoy, da Rádio Senado.
Rádio Senado - Gostaria que o sr. nos falasse um pouco do seminário.
Suplicy - São cerca de 30 parlamentares de todos os países da América Latina. Trata-se de um encontro intenso, onde visitamos o Parlamento de Israel e estivemos com inúmeras autoridades. Pude entregar uma carta de Lula dirigida ao primeiro-ministro Ariel Sharon [de Israel]. Também entreguei pessoalmente uma carta ao presidente Yasser Arafat [da Autoridade Palestina], com a mensagem de Lula dizendo quanto o povo brasileiro deseja que eles sejam bem-sucedidos nos esforços de paz, baseado num entendimento respeitoso e duradouro e levando em conta a experiência do Brasil, onde descendentes de origem judaica e de origem árabe têm se dado muito bem. Aliás, nós visitamos aqui uma empresa de um empresário israelense onde trabalham, lado a lado, 50% de pessoas de origem árabe e 50% de origem judaica. Uma experiência formidável em que se verifica que pode dar certo a convivência de ambos.
RS - Como está o ambiente neste momento, em que está acontecendo o esforço de paz?Suplicy - Aqui há um esforço que se reveste pelo menos de duas semanas sem haver incidentes graves. Isso para eles é um passo significativo. Então há uma esperança importante. Os israelenses estão depositando confiança no primeiro-ministro palestino, Abu Mazen. Eles têm um pouco de preocupação com o presidente Yasser Arafat, e nos transmitiram que estão confiando mais nas ações e palavras do primeiro-ministro. O que pude notar na última segunda-feira, quando me encontrei com o presidente Arafat, com quem dialoguei por 50 minutos, é que embora possam haver diferença entre ele e Mazen, ambos estão entrosados e o fato concreto é que Arafat constitui uma autoridade legitimamente eleita pelo povo palestino e não pode ser inteiramente descartado.
RS - O sr. se encontrou com Arafat há três anos. Como foi o encontro agora?Suplicy - Achei que ele está bem de saúde e me recebeu com muito bom humor. Ele me disse que os esforços de paz serão bem-sucedidos na medida em que houver pressões do quarteto formado pelos governos dos Estados Unidos, União Européia, Rússia e a própria ONU. Na medida em que houver uma pressão contínua, junto a ambos os lados, na opinião de Arafat isso vai acabar dando um bom resultado. Também conversei com o presidente do Partido Trabalhista, Shimon Peres, que também falou da esperança e da confiança que tem no Abul Mazen.
16/07/2003
Agência Senado
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