Jader lamenta renúncia de Arruda e pede equilíbrio, não passionalidade



O presidente do Senado, Jader Barbalho, lamentou na manhã desta quinta-feira (dia 24) a renúncia do ex-senador José Roberto Arruda (sem partido-DF), apontado pelo Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Casa como envolvido na violação do painel de votação eletrônica e sujeito a um processo de cassação de mandato, ao lado do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA). A renúncia exclui Arruda do processo de cassação e evita o risco da perda de seus direitos políticos por oito anos.

Jader lamentou, ainda, a "passionalidade que envolve o fato político" e destacou que "o contraditório é próprio da democracia", ao comentar a cobertura da mídia para muitas denúncias de irregularidades. Ele manifestou a esperança de que a imprensa atue com responsabilidade na cobertura desses assuntos. "A passionalidade não é boa companheira; eu deixei de ser líder político para ser presidente do Senado", observou.

- O fato político, de modo geral, dispensa regras e é eivado de passionalidade, de muita emoção, e aí se corre o risco de se cometerem injustiças - explicou o senador.

Jader lembrou, a esse respeito, que pediu um parecer à Advocacia e à Consultoria do Senado a respeito do procedimento da Comissão Diretora diante do parecer aprovado pelo Conselho de Ética.

- Não mudei uma vírgula na interpretação que recebi e assim mesmo fui acusado de estar participando de uma operação para protelar ou ajudar os senadores envolvidos neste episódio do painel - desabafou. Isso mostra o quanto a passionalidade pode levar a injustiças - acrescentou.

O presidente do Senado evitou fazer comentários sobre a renúncia do ex-senador José Roberto Arruda.

- É uma decisão pessoal e unilateral que não admite juízos de terceiros e que lamentei profundamente - afirmou.

Jader disse ainda que Arruda "foi um companheiro que sempre teve uma relação das melhores no Senado e só podemos lamentar o momento em que um companheiro toma um gesto dessa natureza".

Em relação ao processo enviado à Mesa pelo Conselho de Ética, Jader explicou que Arruda está automaticamente excluído, "até porque deixou de ser senador", e que o senador Carlos Wilson (PPS-PE), na condição de relator, fará a análise e apresentará seu parecer no que diz respeito à participação do senador Antonio Carlos Magalhães no caso do painel.

Jader disse que não falaria sobre "hipóteses", quando perguntado sobre a eventual renúncia do senador baiano na próxima semana. E destacou que não estava à vontade, como presidente do Senado, "para fazer juízo de valor a respeito das decisões do Conselho de Ética da Casa". Mas afirmou "não encampar" o juízo de valor feito em plenário pelo senador Arruda, em seu discurso de renúncia, queixando-se de "linchamento político".

O presidente do Senado revelou que recebeu Arruda em sua casa, na manhã desta quinta-feira, para um café em que o parlamentar brasiliense comunicou sua "decisão pessoal e irrevogável de renunciar". Jader disse ter ficado triste com a renúncia e concluiu: "Não creio que algum companheiro do Senado fique satisfeito com um desfecho dessa natureza".

24/05/2001

Agência Senado


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