Jarbas Vasconcelos alerta oposição para estratégia de cooptação de Lula



A recente negociação entre oposicionistas e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o fim do instituto da reeleição levou o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) a fazer um alerta nesta quinta-feira (19) para a "estratégia clara e determinada do presidente da República de se tornar unanimidade, de cooptar a todos". Afirmando ser contrário à reeleição, Jarbas disse que o Senado deve ser a principal trincheira de resistência à submissão total aos interesses do governo.

- Não foi por outra razão que o presidente da República reclamou que os senadores do PT não estavam defendendo o governo. Ele sabe que nesta Casa jamais terá a unanimidade que tanto ambiciona - afirmou.

Jarbas comparou o papel dos senadores de oposição com o desempenhado pelos 21 senadores que aceitaram se filiar, há 41 anos, ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB), viabilizando a organização de um partido de resistência à ditadura militar.

- Hoje persiste uma situação desconfortável, uma situação desfavorável, mas não devemos tergiversar, temos a obrigação moral e cívica de não capitular - disse.

O senador salientou que a oposição errou quando subestimou a capacidade do PT e do presidente da República de se recuperarem do maior escândalo político da história recente do Brasil. Ele disse que não é possível errar novamente, ficando atônitos diante da popularidade de Lula, e que o papel da oposição é essencial para a democracia brasileira.

- Temos o dever de resistir. Não vamos repetir o equívoco cometido pela oposição na Venezuela, que abriu mão do enfrentamento parlamentar, permitindo que o governo do presidente Hugo Chávez estabelecesse uma vitória por W.O. [quando o adversário não comparece], para usar uma metáfora futebolística, que o presidente Lula aprecia tanto. O estilo do presidente Lula é diferente do presidente Chávez, mas o objetivo de ambos é o mesmo, se manterem no poder a todo custo - observou.

O senador Mão Santa (PMDB-PI) disse, em aparte, que Jarbas Vasconcelos teve um papel fundamental na luta pelo renascimento da democracia no Brasil. Ele ressaltou que tramitam no Congresso Nacional mais de 350 medidas provisórias. "O governo está fazendo as leis, está sendo absoluto", afirmou. O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) disse que gostaria de ver no Brasil um presidente que dissesse a cada parlamentar para votar de acordo com o interesse público e não em troca de cargos e liberação de emendas. Ele disse também que concorda com Lula, quando afirmou que mais uma reeleição seria um atentado à democracia.

19/04/2007

Agência Senado


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