Jayme Campos diz que governo trata produtores rurais "na mira do fuzil"



Lamentando mais uma vez a política de manejo florestal estabelecida no Decreto nº 6321/07 e que gerou severas punições a 36 municípios da Amazônia, o senador Jayme Campos (DEM-MT) disse nesta quinta-feira (27) que o governo Lula começa a tratar os empresários rurais "na ponta do coturno e na mira do fuzil". Ele salientou que, aos poucos, madeireiros, lavradores e pecuaristas estão se tornando vilões e algozes da natureza na ótica dos "ecólogos profissionais".

- É mais do que simples hostilidade. É a degradação de um antigo pressuposto de que o trabalho dignifica o homem. Há poucos dias denunciei que a Operação Arco de Fogo, desencadeada pela Polícia Federal e pela Força Nacional de Segurança, tem dispensado aos empresários da indústria de base florestal e aos agricultores da região o tratamento que se dá a marginais. A mesma advertência fez a revista Veja, na edição 2053, do último final de semana, na reportagem "Amazônia, a verdade sobre a saúde da floresta" - disse o senador.

Jayme Campos manifestou concordância com a revista ao defender o combate ao desmatamento selvagem feito por grileiros de terras públicas e não aos fazendeiros que derrubam parte da floresta para tocar seus negócios. Ele assinalou que esses fazendeiros contribuem para o desenvolvimento da Amazônia, criam empregos e somam ao Produto Interno Bruto (PIB) do país.

O parlamentar também questionou os dados constantes do relatório do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que serviram de base para a adoção de medidas pelo Ministério do Meio Ambiente para zerar a atividade extrativista em 19 municípios de Mato Grosso e em outros 17 municípios do Pará e de Rondônia. Ele revelou que um estudo feito pela Secretaria de Meio Ambiente da Mato Grosso apontou erro em 89,4% das informações reveladas pelo Inpe.

Segundo informou o senador, a Secretaria de Meio Ambiente de Mato Grosso constatou que, dos 612 pontos pesquisados pelo Inpe, 59% são de desmatamentos antigos; 17% não têm indícios de desmatamento; em 12% deles ocorreram incêndios; e em apenas 10% existe a comprovação de derrubadas recentes.

O senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) lembrou, em aparte, que o presidente Lula, em sua primeira campanha à Presidência da República, prometeu que trataria o assunto de maneira diferente, descobrindo o que é possível fazer na Amazônia e não apenas proibindo. Ele disse que os 25 milhões de habitantes da região não são criminosos. O senador Mão Santa (PMDB-PI) também apoiou o pronunciamento de Jayme Campos.



27/03/2008

Agência Senado


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