JEFFERSON DIZ QUE PROLIFERAÇÃO DE MONTADORAS É PREOCUPANTE
O senador Jefferson Péres (PSDB-AM) lamentou hoje (dia 24) queo governo federal não disponha de uma política industrial e que o Ministério da Indústria, Comércio e Turismo, em relação ao setor automotivo, só tenha se definido quanto às importações.
Para o senador, a proliferação de montadoras no país é preocupante, pois essas empresas não estão se instalando aqui por força do mercado, mas atraídas por estímulos artificiais dados por governos estaduais. Esses incentivos, a seu ver, "podem se constituir numa bomba de efeito retardado, a estourar dentro de dois ou três anos".
Jefferson Péres destacou estudo publicado pela revista inglesa The Economist, alertando para o excesso de oferta de automóveis em relação à demanda existente hoje no mundo e advertindo que esse crescimento tende a se agravar nos países de economia emergente.
- O Brasil será, no ano 2000, o quinto maior produtor de automóveis, com uma produção de 3 milhões de unidades. Não é preciso ser economista para saber que teremos um excesso de oferta extremamente danoso para o país a curto prazo porque o mercado interno não absorverá essa produção excessiva e não teremos condições de colocá-la no mercado externo - salientou.
O senador disse ser difícil entender a vantagem da criação de dezenas de indústrias automobilísticas no país. A seu ver, as montadoras, em virtude da tecnologia avançada, não geram emprego. Como não suscitam a instalação defábricas de autopeças, não geram impostos, além de provocarem o congestionamentos nas cidades, causando poluição atmosférica, salientou.
- É lamentável que isso aconteça. Estamos com um perigo iminente, temos uma alerta de uma publicação econômica idônea e, no entanto, não vi nenhuma ação do governo federal no sentido de tomar iniciativas que procurem evitar esse desastre - afirmou Jefferson Peres.
Em aparte, os senadores Roberto Requião (PMDB-PR) e Leomar Quintanilha (PPB-TO) apoiaram o pronunciamento.
24/10/1997
Agência Senado
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