JEFFERSON LAMENTA FISIOLOGISMO NA VOTAÇÃO DA PREVIDÊNCIA



Comentando a derrota sofrida pelo governo esta semana na Câmara dos Deputados, durante votação da reforma da Previdência, o senador Jefferson Péres (PSDB-AM) lamentou hoje (dia 8) que tenha prevalecido o fisiologismo na hora do voto de grande parte dos parlamentares. O plenário rejeitou a fixação de idade mínima para aposentaria.

- Grande parte da base governista votou contra, se absteve ou fugiu da votação, não comparecendo por interesses menores, até mesmo inconfessáveis. Alguns por causa de verbinhas a serem liberadas para seus estados, outros porque não obtiveram, quem sabe, coisas piores - protestou Jefferson.

Na opinião do senador, Fernando Henrique Cardoso deveria fazer uma autocrítica. "Quando ele cedeu à chantagem, porque é de chantagem que se trata, no início do seu governo, ele se tornou refém dos chantagistas", comentou. Para Jefferson Péres, o presidente deveria, logo no primeiro momento, ter denunciado à Nação todos os que barganham e exigem favores do governo na hora de votar.

Lamentando que o fisiologismo esteja impregnado na vida pública brasileira, o senador disse que quem se utiliza desta prática é chantagista, e o governo que cede a essas pressões é fraco, perde a sua autoridade moral. Ele acrescentou que a falta de ética se generaliza não só na classe política, mas na sociedade.

- Costumo dizer que estou entre os parlamentares mais baratos para o governo, porque não peço nada. Voto com o governo de graça, quando estou convencido que ele está certo. Não abdico do meu senso crítico e da minha independência. Não há como me afastar dessa postura - garantiu o senador.

PERPLEXIDADE

Em aparte, a senadora Júnia Marise (PDT-MG) afirmou que a opinião pública brasileira tem acompanhado com perplexidade o processo de negociação para a aprovação da reforma da Previdência na Câmara. Ela citou como graves as declarações de deputados publicadas pela imprensa dizendo que só votariam a favor da proposta do governo se algumas verbas fossem liberadas. "As questões hoje que dizem respeito aos interesses nacionais não podem ser discutidas em cima de barganhas ou de chantagens mútuas", avaliou.

Também intervindo, o senador Ramez Tebet (PMDB-MS) avaliou que, mais importante que a derrota que o governo sofreu na Previdência, foi a questão ética em torno do assunto. Ele constatou que está se generalizando no Brasil uma teoria de que mais vale o resultado, o imediatismo, o pragmatismo, do que as idéias.

- Estamos vendo agora que se transaciona para a aprovação de leis, inclusive na votação de uma lei de reforma constitucional que é das mais importantes na vida de um país porque diz respeito à vida da população, diz respeito a 150 milhões de brasileiros. Se transaciona, se barganha, se trocam favores para votar essa lei - denunciou Tebet.

Na avaliação do senador Bello Parga (PFL-MA), o resultado da votação da reforma da Previdência na Câmara dos Deputados foi lamentável. "A aposentadoria precoce é uma coisa eticamente vergonhosa e economicamente inviável", explicou. Ele considerou que o cidadão que se aposenta com 40 anos de idade em pleno vigor físico e mental está cometendo um crime contra a sociedade.



08/05/1998

Agência Senado


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