Jefferson Péres aponta quadro de "desmantelo" no serviço público



Dois fatos diametralmente opostos relativos à fiscalização do Ministério do Trabalho, relatados em Plenário nesta quarta-feira (4) pelo senador Jefferson Péres (PDT-AM), levaram-no a apontar o quadro de "desmantelo" vivido pelo serviço público. Enquanto três fiscais e um motorista do ministério foram assassinados há poucos dias durante operação em propriedades suspeitas de trabalho escravo em Minas Gerais, a Polícia Federal no Amazonas acabou de prender mais de 20 pessoas, incluindo fiscais do trabalho, acusadas de participar de um esquema de extorsão a empresários.

- Se, de um lado, a prisão dos fiscais corruptos mostra a impunidade que acoberta a ação dos maus funcionários, do outro, a morte daqueles fiscais mostra que funcionários honestos operam em uma zona de risco, sem proteção - comentou. Na sua opinião, a situação chegou a esse ponto não por culpa do funcionalismo, mas dos sucessivos governos. Ao lado de uma ouvidoria apta a apurar denúncias e punir servidores envolvidos em corrupção, Jefferson defendeu um sistema de incentivo e premiação aos bons servidores.

O senador pelo Amazonas criticou ainda a edição de medida provisória criando mais de 3 mil cargos comissionados no Executivo federal. Como se tratam de cargos de livre nomeação, Jefferson Péres questionou o critério a ser adotado para o preenchimento das vagas. "Será partidário, por amizade?", indagou, observando que, se alguns órgãos estavam precisando de pessoal, deveriam ter promovido concurso público para ingresso por mérito, e não optado pelo "afilhadismo".

No seu ponto de vista, o serviço público federal demanda uma reforma administrativa que crie um sistema de monitoramento e ascensão funcional. "É preciso que esse governo comece realmente a fazer mudanças", afirmou. Ao final, Jefferson se mostrou solidário aos parlamentares nordestinos que se queixam do "descaso" do governo frente às enchentes que atingem a região. Mesmo que não levassem recursos para os desabrigados, a ida do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de ministros às áreas alagadas serviria, ao menos, de consolo moral.



04/02/2004

Agência Senado


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